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1327 Words
Amelia acordou bem cedo no dia seguinte para que não se atrasasse para o primeiro dia de trabalho. Ela não daria motivos para Chase reclamar e seria diferente das outras secretárias, resistiria os três longos meses sem desistir. Ela colocou uma calça preta e uma camiseta fina, exatamente como Chase mandou. Depois de minutos se olhando no espelho e decidido se estava mesmo bonita, Amelia decidiu que não perderia mais tempo se preocupando se seu cabelo estava liso o suficiente e chamou um táxi. Ela precisava urgentemente comprar um carro e fazer a carteira de motorista, e agora com o salário bem mais alto que a média para uma secretária ela conseguiria fazer isso. — Bom dia! — Ela acenou para a recepicionista com um sorriso. — Bom dia. — A outra sorriu. — O Sr. Albretch está lhe esperando. Ela concordou e bateu na porta antes de escutar ele mandar ela entrar. — Bom dia, Sr. Albretch — ela falou, deixando sua bolsa na cadeira ao lado —, eu preparei a sua agenda ontem a noite e... — Não vou seguir a agenda hoje. — Ele tirou os olhos da janela e olhou para ela. — Que bom que atendeu ao meu pedido sobre roupas leves. Amelia odiava a forma como ele falava com ela. Como se ela fosse uma cadelinha que precisasse de ordens e supervisão. — O que pretende fazer? — Ela resistiu ao ímpeto de revirar os olhos. — Nós vamos a um clube de tiro no qual eu sou um dos patrocinadores. — Nós? — Você é a minha secretária, deve ir comigo. — Creio que ir a um clube de tiro não esteja nas funções de uma secretária. Chase soltou um suspiro e balançou a cabeça. Ele sabia que seria difícil trabalhar com ela porque não poderia enganá-la como as outras. Amelia conhecia as leis e seus direitos e só por isso era uma inconstância perigosa. — Eu pago o seu salário e você trabalha para mim, então eu digo o que faremos no horário de trabalho — ele respondeu sem paciência. Amelia não entendia como ontem a noite, mesmo que só por alguns segundos, ele foi legal com ela e agora estava sendo um completo babaca. Ela guardou a agenda em sua bolsa e colocou as mãos na cintura, esperando a boa vontade de Chase. — Vamos — ele chamou, pegando a jaqueta sobre a mesa. Amelia seguiu ele sem questionar e entraram no carro particular da empresa, que possuía o nome de Chase na placa do carro. Que tipo de narcisista egocêntrico colocava o próprio nome na placa do carro? Não havia nada mais ridículo. — Não sei porque precisa de mim — ela comentou, olhando pela janela. — Eu preparei a sua agenda e o senhor decidiu que não vai segui-la, então eu deveria preparar os horários de amanhã. — Vou ensiná-la a atirar — ele respondeu como se fosse óbvio. — O quê? — Olhou para ele perplexa. — Isso mesmo. E pare de me chamar de senhor, meu nome é Chase. — Não acho correto chamar meu chefe pelo nome. Eu prefiro Sr. Albretch. — O que mais você não acha correto? Era um desafio, ela sabia. Ele estava a testando desde que entrou naquela empresa e as provocações não parariam por ali. — Não é meu dever achar ou não coisas erradas — ela respondeu sem vacilar. — Quanto às aulas de tiro, eu prefiro apenas ficar observando de longe. — Vai me agradecer quando precisar se defender. — Ele deu de ombros, saindo da sala. — A minha família e os amigos dela colecionam inimigos e pessoas dispostas a pagarem pelas nossas cabeças. — Sr. Albretch! — Ela chamou, andando com pressa atrás dele. — O que quer dizer? Chase não respondeu, apenas continuou andando até seu carro particular, sem olhar para os lados e nem dar bola a ela. Amelia só conseguiu retomar o fôlego quando sentou ao seu lado no passageiro e o encarou com perplexidade. — O quê? — Ele perguntou com as sobrancelhas erguidas. — Ninguém me avisou sobre ser um trabalho perigoso — ela disse, agradecida por não faltar fôlego. — Eu deveria fazer o que secretárias fazem: marcar horários, atender telefonemas e lhe entregar papeladas. — E eu deveria fazer o que advogado fazem: defender os mocinhos, ganhar causas e ganhar em cima de pessoas sem conhecimento jurídico. Amelia só queria gritar e lhe dar um chute. Ele a colocou nesse trabalho sem dar explicações nem detalhes sobre o cargo, e agora com esse contrato ela era obrigada a seguir todas as determinações que Chase Albretch lhe desse. Sem contar que, para um advogado de respeito, ele continha muita ironia no tom de voz. (•••) Amelia não poderia se arrepender mais do dia em que pisou na empresa Albretch, e estava remoendo isso enquanto observava Chase colocar o colete a prova de balas por cima da regata branca. Por baixo do terno, ela nem imaginava que ele seria musculoso daquele jeito, porém respeitando o limite. Ela não sabia como ele não tinha uma namorada, talvez fosse por conta de sua vida criminosa. De qualquer jeito, rosto bonito nunca fez bom caráter. — Amelia — ele chamou, mirando no alvo a sua frente com concentração. Ela deixou sua bolsa de lado e foi até ele, pulando de susto quando Chase disparou a arma. — Ah, meu Deus! — Amelia colocou as mãos no peito para acalmar o coração. — Se assustou? — Ele soltou uma risada. — Sr. Albretch, eu... — Ela começou, ainda de olhos fechados. — Pare de ser tão chata. — Eu sou chata? — É. — Pelo menos eu respeito as leis. — Não estou fazendo nada ilegal. — Abaixou a arma. — Tiro esportivo é legalizado e dentro da lei. — O senhor sabe que não estou falando disso. — Quando me chama de senhor me faz parecer 50 anos mais velho. — É porque eu respeito os mais velhos e por esse motivo o chamo de senhor. Chase parou e deixou a arma sobre a mesa, então colocou as mãos na cintura e inclinou a cabeça levemente, franzindo o cenho. — Você tem 22 anos e eu 39 — ele lembrou. — Não sou tão velho assim. — Ainda são 17 anos de diferença. — Tem razão, enquanto você estava nas fraldas eu estava perdendo a virgindade. — Pois é. — Vai me dizer que nunca teve um homem mais velho. Você chamava ele de senhor? — Do que está falando? — Amelia franziu o cenho. — Nunca namorou com um homem mais velho antes? — Me desculpe, mas minha vida pessoal não diz respeito a você e os relacionamentos de uma secretária também não. — Se eu perguntei é porque estou curioso. — Ele estreitou os olhos, desafiando ela. — Me diga, já teve ou não? — Não. — Ela cruzou os braços. — Como assim não? Até a Caroline já apresentou para a família um homem de 45 anos. — Chase arregalou os olhos, pensando. — É claro que o Jay não permitiu o relacionamento. Você nunca esteve com um homem antes, não é? Nunca namorou ninguém. — Pare de ficar criando suposições sobre mim — ela parou ele. — E eu nunca estive com um homem mais velho porque prefiro os mais novos. Chase soltou uma risada alta e colocou a mão sobre a boca para se conter. — Então você é como a mãe deles? — Ele zombou. — Isso é totalmente desnecessário e antiético. Não vou entrar nesse assunto com você e peço que não insista. — Chata, chata e chata — ele repetiu pausadamente, irritando ela. Chase Albretch tinha o dom de estressar Amelia. Ela nunca pensou que poderia se irritar tão facilmente com alguém, mas seu chefe estava ali para provar que poderia estressá-la em segundos, até mesmo de boca fechada.
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