Maya Soares
—Eu não acredito que você tá encobrindo a tua irmã nessas palhaçada dela Maya. — meu pai gritava com minha irmã e eu, enquanto minha mãe encarava ele brava.
Era quase sempre assim, meu pai descobria que Esther saiu, brigava com com ela e no fim ele e minha mãe discutia, hoje sobrou até pra mim que tinha mentindo para meu pai sobre onde minha irmã estava.
—Pai, me escuta por favor. — Esther falou e ele interrompeu ela.
—Escutar o quê? As safadezas que tu tava fazendo com aquele muleque de madrugada.
—Já chega Pedro, não vou admitir que você grite assim com as meninas, não vou.
—Elas estão errada Débora, as duas, e eu que estou sendo cobrado?
—Maya e Esther, já para o quarto de vocês, agora. — minha mãe gritou com a mão na cintura e eu não esperei nem mais um segundo.
Pulei do sofá e subir correndo para o meu quarto trancando a porta e me jogando na cama. Procurei meu celular e vi que minha prima tinha me mandado uma mensagem.
Meus pais ainda discutia lá embaixo e eu já estava surtando com a gritaria, odiava ver eles assim e o pior é que eu nunca aprendo, sempre passo pano para Esther.
Queria ligar o bonde do fodasse e ir parar lá na casa dos meus padrinhos, porém não quero chatear meu pai e aqui no morro também teria baile e eu pensava se compensaria ir já que amanhã eu teria uma aula especial do meu curso.
Depois de decidido que eu iria sair e que iria ficar aqui no morro, tomei um banho rapidinho e coloquei uma saia jeans preta, um cropperd branco e um salto alto.
Uma vibe meio patricinha do asfalto e tals.
Fiz uma maquiagem leve para esconder o cansaço emocional da gata e peguei minha bolsa, colocando a carteira e o meu celular.
Na parte de baixo minha casa, já estava vazia, meus pais devem ter ido pro baile junto com meu irmão já que talvez Esther esteja de castigo.
Cheguei no baile e os segurança do meu pai já foi dando passagem, para igual eles dizem: A princesa do Alemão passar.
Alimentam o ego da pretinha aqui a todo momento, e eu adoro, não vou mentir.
Fui direto para o bar comprar algo para beber, olhando para o camarote vi que estava lotado de gente, nem parecia que era reservado.
Deus me livre ter que ficar lá com meus pais e os amigos deles. E fora que o Cadu sempre passa o baile todo babando ovo do meu pai.
—Tá dormindo em pé Maya? — Thaynara chegou do nada me fazendo tomar o maior susto.
—Ai feia, não precisa me assustar assim. — dou um tapa de leve nela que sorrir. — que horas tu chegou?
—Tem umas meia hora, tentei te ligar mas só dava desligado.
—Ih, foi m*l. Estava me arrumando acabei esquecendo de tirar o celular do modo avião.
—Bom, bora dançar?
—Eu tinha que ir lá encima avisar meu pai que eu tô aqui, já que eu não vim com ele.
—Que saco em? Seu "namorado" tá lá. — ela diz entre aspas e eu ri, puxando ela até o camarote.
Comprimentei os vapores que estava na porta e entrei vendo meus pais agarradinho dançando. Muito minha meta esses dois.
Como eu havia dito, estava cheio de gente que eu não conhecia e tinha alguns que eu até conhecia de vista, era quase sempre assim já que meu pai era muito conhecido e respeitado na "carreira" dele.
—Tu vai ficar aqui encima comigo, tendeu? — Carlos chegou me abraçando por trás e eu revirei os olhos me virando para ele.
—Pode ir tirando seu cavalinho da chuva, Thaynara tá comigo e ela não gosta de ficar aqui encima, cê sabe disso.
—Vou nem falar nada contigo porque tô de bom humor.
—Bom pra você. — digo saindo de perto dele e indo até a Thay que já tinha passado direto, só pra não olhar na cara do Cadu, pensa numa n**a implicante? Então é ela.
—Não me vira as costas não Maya, tá loucona? — ele grita chamando a atenção de todos que estava próximo.
—Louco tá é tu, cê tá falando assim com a minha prima por que? — Yuri chegou por trás dele e o mesmo virou, pronto para retrucar, e se eu não parasse agora, as coisas sairiam totalmente do meu controle.
—Yuri me escuta, tá cheio de gente aqui, por favor não faz nada tá? — corro até meu primo e agarro ele na tentativa frustada de tirar ele dali.
—Que não faz nada pô, esse p*u no cu tá achando que ele é quem? Tô te palmeando tem muito tempo vacilão.
—Baixa tua bola ai mancha, e tu é quem nesse morro? Ninguém.
—Eu vou ser o que vai estourar a tua cara no tiro, só continuar brincando com a sorte.
—Yuri já chega, por favor. — peço desesperada entrando no meio dos dois que a qualquer momento sairia na porrada.
—Não acredito que os dois tão querendo abrir um ringue justo no dia que a facção tá toda aqui. Se querem brigar, vão lá pra fora. — meu pai chegou bem na hora chamando a atenção deles que se encarava como se a qualquer momento a bomba fosse explodir.
Eu sair do meio deles três totalmente perdida, sentindo que as coisas já não estava no meu controle a muito tempos.
Chamei a Thay e descemos para a pista, ela tentou me animar, mas eu já tinha perdido o gosto de ficar aqui e para minha felicidade a Ana chegou, assim a minha amiga poderia ir dançar com alguém.
Jurei até de pé junto para a Thay que eu ficaria bem, queria que ela curtisse o baile e não ao contrário e assim que ela saiu eu fiquei sozinha, bebendo whisky com energético.
Onde eu estava, dava para ver perfeitamente o camarote, e eu via meu pai, quase de minuto em minuto chegando na grade para olhar o que eu estava fazendo.
Não vi o Yuri e nem o Cadu depois do ocorrido e graças a Deus, eu não queria ter que me explicar pela não sei quantas vezes, para o meu primo e nem implorar para o Carlos, para não apanhar por qualquer coisinha que eu fizesse.
—Tu deve ter feito alguma coisa pra aqueles dois quase caírem na porrada. — sou surpreendida pelo Gustavo, uma das únicas três pessoas que literalmente eu não queria ver hoje.
—Eu tô sempre errada quando acontece alguma né? E pera ai, você viu os dois discutindo?
—A pergunta certa seria, quem não viu. Mas fica tranquila que eu não vim te aloprar com essas neura não, te achei mó pra baixo e vim trocar umas ideias contigo.
—Só tô cansada, acho que eu só vou beber esse último copo aqui e vou pra casa descansar. Mas mudando de assunto, tá fazendo o quê aqui?
—Meu pai tá no meu pé querendo que eu assumo os negócios dele, ai já tô me acostumando com essa vida, uns bailes nos morro aliados faz parte.
—E cê quer isso? — perguntei mais uma vez, sugando a bebida através do canudo.
—Tu sabe que eu sempre quis, sonho com isso desde mulequinho.
—Eu lembro, e me lembro também que eu disse que ia me formar em advocacia só para ser sua advogada pessoal. — digo sorrindo e vejo que ele também sorriu.
—Pelo visto tu já desistiu né?
—Não desistir de você não, você que desistiu de mim primeiro. — falo sentindo meu coração acelerar, e logo ele n**a voltando a olhar para frente.
—Maya, se em algum outro momento da tua vida, tu decidisse dar uma outra chance pro amor, eu queria muito que eu fosse o escolhido. Só precisaria de uma oportunidade pra te fazer a mina mais feliz do mundo.
—Para mim não é tão simples Gustavo, desculpa.
—Ih pô, tá me pedindo desculpa por que? Não quero te pressionar, só falei mermo porque tu sempre foi tudo pra mim, fiquei bolado com teu pai sempre proibindo a gente, na nossa última briga eu misturei tudo isso e coloquei na minha cabeça que não queria mais nada contigo e assim conheci a Letícia pensei que ela era perfeita para "substituir" tu, só que não aconteceu e eu só percebi quando te vi na minha casa na última semana. — ele falou tudo como se fosse um desabafo doloroso, e naquele momento eu senti necessidade de desabafar com ele também só que eu simplesmente não conseguia raciocinar direito.
—Eu não sabia que você ainda se sentia assim por mim, pois se não, não teria aparecido na sua casa aquele dia, sinto muito.
—Não precisa ficar se desculpando o tempo todo pô, relaxa tá?
—Tudo bem, eu já estou indo embora. — me levanto um pouco devagar por conta dos copos de bebidas que eu já tinha ingerido.
—Bora que eu vou te levar. — fala e eu até penso em recusar, mas bem no fundo eu queria ter mais alguns minutos com ele.
E sendo assim, fomos os dois caminhando até minha casa, a gente ficou rindo e conversando sobre coisas aleatórias com o efeito da bebida eu com certeza estava muito mais alterada que o normal.
Era tão engraçado perceber que não havia mudado nada e no mesmo instante, tinha mudado tudo.
Quando chegamos na minha casa ele apenas me deu um abraço e sem falar nada já ia saindo de fininho.
—Ei, espera! Tu não quer entrar não?
—E ficar sozinho contigo? Nem pensar, da última vez tu disse que ia apertar minhas bolas e eu até hoje tenho pesadelo com isso. — diz e eu começo a rir da cara que ele fez.
—Se você quiser entrar, prometo te dar uma carta branca por alguns minutos. — digo e vejo ele soltar um sorrisão maravilhoso.
—Deixa pra próxima pretinha. — fala piscando e saindo novamente, me deixando igual uma boba, sentindo coisas que não sinto a muito tempo.
Já dentro do meu quarto, deitadinha depois de tomar banho, mandava mensagem para Thay, avisando que já estava em casa e tava tudo bem.
Esther entrou no meu quarto com cara de choro e eu abrir espaço para ela se deitar do meu lado. Desde bem pequenas que é assim, a minha necessidade de proteger ela ultrapassava até mesmo a minha própria necessidade.
Fiquei fazendo cafuné nela, sem dizer nada, aliás eu nem sabia o porquê dela estar naquele estado. E sendo dessa forma, acabei dormindo.
Quando acordei no outro dia, tinha perdido a aula prática da faculdade e tinha ganhado de brinde uma p**a ressaca.
Que merda em?
Esther estava dormindo ainda, então com muito cuidado eu levantei e fui tomar banho, quando sair troquei de roupa e desci para tomar café com meus pais.
—Bom dia mãe, bom dia pai. — digo abraçando meu pai primeiro que estava sentado.
—Bom dia filha. — os dois dizem juntos e eu fui até minha mãe abraçando ela também. — tua irmã sumiu de novo, sabe onde ela tá?
—No meu quarto pai, ela dormiu comigo. — falo e ele me encara como se duvidasse, eu só dei os ombros e me sentei pegando um pão quentinho.
Depois do café eu ajudei minha mãe a organizar a casa, enquanto ela fazia almoço, meu pai e o Théo chegou da rua e depois da minha mãe brigar com eles, finalmente almoçamos.
Minha irmã estava andando pela casa com a cara toda inchada, de tanto chorar e daqui a pouco meu pai já ia bajular ela, conheço bem.
—Tá afim de descer para a praça? Vai ter pagode agora de tarde. — minha irmã diz se jogando encima de mim abraçando minha cintura.
—Tá bom, a gente vai. Só tenho que tomar um banho antes. — falo e ela se levanta me dando passagem.
Me arrumei toda barbizinha, coloquei um vestido preto que era bem apertado no meu corpo e uma havaianas branca.
Passei perfume, creme de pele e coloquei uma argola, um cordão e uma pulseira.
Quando a Esther ficou pronta, peguei meu celular e enfiei meu cartão na capa do meu celular. Avisamos minha mãe que estava corrigindo algumas atividades dos alunos dela e fomos.
Na praça, eu tinha comprado cervejinha para a gente, já que só estávamos começando.