1. Capitulo - Desenhando o nosso destino

2731 Words
Asher e Sebastian eram figuras que facilmente chamavam a atenção de qualquer um naquela boate. Ambos possuíam uma beleza magnética, mas era o longo cabelo n***o de Sebastian que realmente captava os olhares, tanto de mulheres quanto de homens, ele não se importava quem fosse. - Não acho que seja uma boa ideia. Murmurou Asher, esvaziando o restante da cerveja em um único gole da garrafa. Seus olhos se voltaram para o outro vampiro, encarando-o com seriedade. - Sei que vocês dois cuidarão de vossa majestade na minha ausência. Disse Sebastian, tomando um gole de seu uísque. – Sinto que há mais de nós espalhados pela Europa. Um sorriso sardônico surgiu em seus lábios, revelando as presas afiadas. Ele sentia sede e sabia que em breve precisaria se alimentar. Enquanto discutiam, uma mulher usando uma minissaia provocante, botas até as coxas e um corpete de correntes passou pela mesa deles. Seus cílios carregados de rímel destacavam seus olhos brilhantes, e ela rebolava com uma elegância sensual, como se seus quadris tivessem uma articulação extra, atraindo imediatamente o olhar de Sebastian. Ele já havia decidido quem seria sua presa. - Você deveria então informá-lo de suas suspeitas. Sugeriu Asher. - Você sabe muito bem que Victor não quer essa posição de liderança. Replicou Sebastian, sem desviar os olhos da mulher. - Mas isso ele não pode evitar. Asher terminou sua cerveja com um gesto decidido. – Faz parte de sua linhagem. Sebastian deu um sorriso torto, ainda observando a mulher enquanto ela se afastava. - Talvez. Mas esta noite, vamos cuidar de nossos próprios desejos primeiro. Respondeu, colocando seu copo na mesinha e indo atrás do seu objetivo. Asher levantou a mão para chamar a garçonete e apontou para sua garrafa vazia. Ele estava esperando, conforme combinado, por Victor e Nathaniel. Aquele ambiente, embora barulhento, tornava fácil se misturar entre os humanos, o que era essencial para a segurança deles. Ele observava atentamente as pessoas ao redor, ciente de que, apesar da aparente tranquilidade, a presença de vampiros como eles atraía atenção indesejada, principalmente dos caçadores prismáticos. Ordem criada com um único intuito: caçar e aniquilar todos os vampiros da Terra. - Pode trazer o mesmo para mim, princesa. Pediu Nathaniel, parando ao lado de Asher. Asher não demonstrou nenhuma reação de surpresa ao ver seu parceiro. - Achei que você estivesse com Victor. Disse ele, mantendo seu olhar atento à multidão. Nathaniel deu um sorriso ligeiro. - Ele está lidando com algumas coisas. Achei melhor verificar como você está se saindo por aqui. - Sebastian já encontrou sua próxima vítima. Asher comentou, acenando com a cabeça na direção em que o vampiro tinha desaparecido. – Espero que isso não traga problemas. - Quando não traz? Nathaniel respondeu com um tom de sarcasmo, pegando a garrafa que a garçonete trouxe. Ele deu um gole antes de continuar. – Mas estamos aqui para garantir que, se houver problemas, estaremos prontos para lidar com eles. Asher assentiu, ainda focado na multidão. - Os caçadores prismáticos estão cada vez mais ousados. Precisamos ficar atentos. - E é exatamente por isso que estamos aqui. Nathaniel disse, sua voz firme. – Vamos garantir que Victor tenha todo o apoio de que precisa. Os dois vampiros ficaram em silêncio por um momento, observando a boate cheia de vida, mas cientes das sombras que os cercavam. ** Ember Sinclair estava sentada em sua mesa no escritório de arquitetura, concentrada nos esboços de um novo projeto. As linhas precisas e os detalhes minuciosos de seu trabalho refletiam sua dedicação e talento. Seus longos cabelos castanho-avermelhados estavam presos em um coque despretensioso, e seus olhos verdes brilhavam com foco e determinação. O som de passos ecoou pelo corredor, e Ember ergueu os olhos quando seu chefe, Richard Callahan, se aproximou. Ele era um homem de meia-idade, sempre bem vestido e charmoso, mas com um olhar que muitas vezes ultrapassava os limites da formalidade profissional. - Ember, ainda trabalhando? Perguntou Richard, com um sorriso que ele claramente achava encantador. – Como está indo o projeto da nova biblioteca? - Senhor Callahan, boa noite. Respondeu Ember, mantendo o tom profissional e os olhos fixos nos desenhos. – Está progredindo bem. Acho que teremos algo concreto para mostrar ao cliente até o fim da semana. - Ótimo, ótimo. Ele disse, aproximando-se um pouco mais do que o necessário. – Sabe, você realmente tem um talento excepcional, Ember. Não é só sua habilidade com os desenhos, é a sua visão, a sua paixão pelo que faz. - Obrigada, senhor Callahan. Disse Ember, tentando manter a conversa focada no trabalho. – Eu realmente aprecio o apoio. Richard inclinou-se ligeiramente, diminuindo ainda mais a distância entre eles. - Você sabe, se precisar de algo, qualquer coisa, minha porta está sempre aberta. Podemos discutir seu futuro na empresa... ou talvez algo mais pessoal. Ember respirou fundo, sentindo o desconforto aumentar. Mantendo a calma, ela ergueu os olhos para encontrar os dele. - Agradeço a oferta, senhor Callahan, mas estou bem focada no trabalho no momento. Richard sorriu, mas seus olhos demonstravam um misto de frustração e desejo. - Você é uma mulher muito determinada, Ember. Isso é algo que eu admiro. Ember se levantou, pegando alguns papéis da mesa e organizando-os com cuidado, criando uma barreira sutil entre eles. - E eu admiro sua dedicação à empresa e à sua família, senhor Callahan. Sua esposa e filhos são muito sortudos por tê-lo. O comentário de Ember atingiu seu objetivo. Richard se endireitou, seu sorriso diminuindo enquanto ele recuava ligeiramente. - Claro, claro. Você está certa. Ela manteve o olhar firme, sem deixar espaço para dúvidas. "Se me der licença, tenho bastante trabalho a fazer." Richard assentiu, claramente desconcertado. - Claro. Continuem com o bom trabalho, Ember. Ele se afastou, deixando Ember sozinha novamente. Ela soltou um suspiro aliviado, voltando ao seu trabalho, mas com uma sensação de desconforto persistente. Ela sabia que precisava estar sempre alerta, não apenas contra as investidas de seu chefe, mas também contra os perigos maiores que a espreitavam do lado de fora. Minutos depois, Ember percebeu que já estava tarde. Seu estômago começou a roncar, lembrando-a de que havia passado o almoço sem comer. Ela se recostou na cadeira, esfregando as têmporas e tentando afastar o cansaço. Lembrando-se de sua colega de trabalho Beatrice, que costumava esconder doces em uma gaveta para emergências, Ember se levantou e foi até a mesa da amiga. Ao abrir a gaveta, encontrou um pequeno saco de chocolates e uma barra de granola. Ela sorriu, pegando um chocolate e saboreando-o enquanto voltava para sua mesa. Ainda assim, Ember sabia que precisaria de algo mais substancial para o jantar. Com o pensamento no que poderia comer, decidiu que seria mais prático pegar algo no caminho para casa. Talvez uma massa ou comida japonesa, que sempre conseguia acalmar seu apetite depois de um dia estressante. Ela começou a guardar seus materiais de trabalho, organizando os desenhos e papéis na mesa. Olhou para o relógio e viu que já passava das oito da noite. O escritório estava vazio, com a maioria dos colegas já tendo ido embora. Ember pegou sua bolsa e se dirigiu à porta. No caminho, encontrou Beatrice saindo da sala de reuniões. - Oi, Beatrice. Espero que não se importe, peguei um chocolate da sua gaveta. Disse Ember, sorrindo. Beatrice riu. - Claro que não, Ember. Esses doces são para todos nós sobrevivermos a esses dias longos. - Obrigada, isso ajudou bastante. Respondeu Ember. – Vou pegar algo para jantar no caminho de casa. Alguma sugestão? - Se fosse você, iria naquele restaurante japonês na esquina. Eles têm um yakisoba incrível. Sugeriu Beatrice. - Ótima ideia. Vou fazer isso. Disse Ember. – Tenha um boa noite, Beatrice. - Boa noite, Ember. Descanse bastante. Ember saiu do escritório e respirou fundo o ar fresco da noite. A caminhada até o restaurante japonês era curta e ajudava a aliviar o estresse do dia. Enquanto caminhava pelas ruas iluminadas, seus pensamentos vagavam entre os projetos no trabalho e a estranha sensação de que algo estava para mudar em sua vida. Chegando ao restaurante, Ember pediu um yakisoba e esperou pacientemente. Com a comida em mãos, seguiu para casa, ansiosa por uma noite tranquila. Seu apartamento não ficava muito longe dali, e uma caminhada longa, além de aumentar sua fome, lhe permitiria pensar melhor sobre seu mais novo projeto. A biblioteca ficaria perfeita e com certeza seria aprovada na primeira apresentação. Enquanto caminhava, Ember se perdeu em pensamentos, imaginando os detalhes da biblioteca: a iluminação natural, as estantes altas e elegantes, os espaços de leitura aconchegantes. Estava tão absorta em suas ideias que não percebeu que dois homens a seguiam desde que saíra do restaurante japonês. A noite estava agradável, e Ember apreciava o ar fresco enquanto se aproximava de seu prédio. No entanto, ao virar a esquina que lhe daria melhor acesso ao apartamento, ela viu que a rua estava interditada por obras. Uma barreira bloqueava a passagem, forçando os pedestres a tomarem um desvio. Ember franziu a testa, irritada com o contratempo. Com uma sensação de desconforto crescente, ela decidiu que a melhor opção seria passar por um beco um tanto esquisito que cortava caminho para a rua seguinte. Atravessar o beco não era sua escolha favorita, mas parecia a única alternativa para chegar mais rápido em casa. Enquanto caminhava pelo beco, Ember sentiu um arrepio na nuca, como se estivesse sendo observada. Tentando manter a calma, ela aumentou o passo. Ao se aproximar da metade do beco, ela percebeu que estava escuro e silencioso demais. De repente, a sensação de perigo iminente se tornou impossível de ignorar. Decidindo que seria mais seguro voltar para a rua principal, Ember girou nos calcanhares. Ao fazer isso, deu de cara com os dois homens que a haviam seguido. Eles eram altos e tinham um olhar ameaçador, com sorrisos maliciosos que revelavam intenções sinistras. - Ei, querida, onde vai com tanta pressa? Um dos homens perguntou, sua voz carregada de ironia. Ember deu um passo para trás, sentindo o coração acelerar. – Só estou tentando chegar em casa. Respondeu, tentando manter a voz firme. - Por que não nos faz companhia um pouco? Prometemos que vai ser... interessante. Disse o outro homem, aproximando-se lentamente. Ela sabia que precisava pensar rápido. Olhou ao redor, procurando uma saída ou qualquer coisa que pudesse usar para se defender. O beco estreito e as paredes altas não ofereciam muitas opções. Ela segurou a sacola com o yakisoba mais firme, pronta para usá-la como distração, se necessário. - Não estou interessada. Por favor, deixem-me passar. Disse ela, tentando manter a calma e parecer confiante. Os homens riram, um som que ecoou assustadoramente pelo beco vazio. Eles começaram a se aproximar mais, encurralando ela. Seu coração começou a bater mais forte, tendo o impulso de pegar seu celular. - Vamos gatinha, sei que vai gostar. Um dos homens a segurou pela cintura, erguendo-a do chão. Seus pés ficaram pendurados no ar, e enquanto a arrastava para trás, ele cobriu-lhe a boca com a palma da mão. Ember lutou como uma possessa, chutando e lançando murros, mas os homens riam e a provocavam, divertindo-se com seu desespero. - Ei, calma, docinho. Não precisa se apressar, temos a noite toda. Um deles zombou. Ember conseguiu morder a mão do homem que a segurava, fazendo-o gritar e soltar a pressão por um instante. Aproveitando a oportunidade, ela chutou o joelho do outro agressor, fazendo-o cambalear para trás. No entanto, sua resistência apenas pareceu aumentar a agressividade deles. - Você vai pagar por isso. O homem ferido rosnou, avançando novamente, a puxando pelo cabelo, fazendo ela gritar de dor. ** Nas sombras da noite, Victor Blackwood andava pelas ruas de Arcane City. Seus passos eram silenciosos como o vento, e sua presença, quase etérea, misturava-se com a escuridão que dominava a cidade. Ele estava atento ao barulho e movimento ao seu redor, sua guarda nunca estava baixa, e o grito de dor foi diretamente aos seus ouvidos. Era uma mulher, que parecia estar em perigo. “Humanos... eles mesmo atraem o m*l para si” Murmurou consigo. Victor parou, fechando os olhos parecia analisar a situação. Ele sentia um doce aroma, se misturando com mais dois cheiros que irritavam agora seu nariz. Ember lutava desesperadamente contra os homens que a cercavam. Um deles a puxou pelo cabelo, fazendo-a gritar de dor. O pânico estava começando a tomar conta dela, mas ela se recusava a desistir. Sua mente estava a mil, procurando uma saída, qualquer coisa que pudesse usar para escapar. Victor, com seus sentidos aguçados, rapidamente localizou a origem do grito. Em um instante, ele se moveu com uma velocidade sobrenatural em direção ao beco, onde avistou a cena perturbadora. Seus olhos se estreitaram, e uma fúria fria tomou conta dele. Sem fazer barulho, ele se aproximou dos agressores. Antes que o homem pudesse continuar a machucar Ember, Victor agarrou seu pulso com uma força esmagadora, forçando-o a soltar o cabelo dela. O agressor gritou de dor e surpresa, enquanto Victor o arremessava contra a parede com um movimento fluido. O outro homem tentou reagir, mas Victor foi mais rápido, desferindo um golpe certeiro que o derrubou instantaneamente. O beco ficou em um silêncio pesado, exceto pelo som da respiração ofegante de Ember que estava caída ao chão. Erguendo um pouco a cabeça, ela apenas viu as botas de motoqueiro a sua frente antes de perder o sentido, e apagar. Ele voltou a olhar para um dos homens que parecia recobrar a consciência. E um sorriso de satisfação transpareceu em seu rosto, revelando suas presas, seus olhos cintilavam com uma luz prateada, fria e aterrorizante. O homem, ainda tonto pelo impacto na parede, tentou se levantar. Quando seus olhos finalmente se focaram em Victor, o medo tomou conta de seu rosto. - O que é você? Ele perguntou, assustado, sua voz tremendo. Victor deu um sorriso frio, seus olhos brilhando com uma intensidade sobrenatural. Ele se aproximou lentamente, cada passo causando uma onda de terror no homem que estava encurralado contra a parede. - Eu sou o que você teme nas sombras. Respondeu Victor, sua voz baixa e ameaçadora, mostrando suas presas. Antes que o homem pudesse reagir, Victor o agarrou pelo pescoço, erguendo-o do chão com uma força descomunal. O homem tentou gritar, mas o aperto de Victor era implacável. Ele inclinou a cabeça do homem para o lado, expondo a jugular pulsante. Sem hesitar, Victor cravou suas presas no pescoço do homem, sugando o sangue com uma necessidade primal. O corpo do homem se debateu por alguns momentos antes de ficar inerte, sua vida sendo drenada rapidamente. Victor finalmente soltou o corpo sem vida do homem, deixando-o cair pesadamente no chão. Ele passou a língua pelos lábios, limpando o sangue, mas seu rosto mostrava uma expressão de desgosto. - O gosto é amargo. Ele murmurou para si mesmo, franzindo a testa. – O medo E a maldade sempre deixam um sabor desagradável. Em seguida, ele se aproximou de Ember, que ainda estava desacordada no chão do beco. Com um movimento suave e habilidoso, ele a ergueu do chão sem dificuldade alguma. Por um breve momento, ela recobrou a consciência e o encarou, seus olhos mostrando admiração e surpresa. - Seus olhos são lindos! Ember disse, mas logo apagou novamente. As palavras dela pegaram Victor de surpresa por um instante, mas ele logo percebeu que era apenas uma reação ao choque do que acabara de acontecer. Com cuidado, ele se aproximou do ouvido dela e sussurrou suavemente: - Onde você mora? Ember, ainda desorientada e com os olhos fechados, murmurou que morava perto dali. Victor a segurou com firmeza enquanto começava a caminhar na direção que ela indicava. A caminhada foi curta, e quando chegaram ao prédio onde ela morava, ele parou em frente a porta de entrada. Era como uma barreira à sua frente. Com cuidado, ele a colocou no chão próximo à entrada. Victor segurou o rosto dela com as duas mãos, curando seus machucados aparente, e aliviando os internos. Ele sabia que a magia que usava era proibida pois roubava parte de sua energia vital, mas como havia se alimentado antes, os efeitos nele seriam diminutos. Sabendo também que quando ela despertasse nada do que ocorreu faria parte de suas memórias. Olhando uma última vez para Ember, ele desapareceu.
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