Uma sala com duzentos alvos, então esse será o primeiro desafio que irei cumprir de qualquer forma possível.
Mesmo nunca tendo usado uma arma. Estou sendo levada para uma sala longe, localizada nos fundos da casa, um dos homens abre a porta, a sala é preparada e equipada para isso.
Avisto os duzentos alvos esperando por mim, cinco pistolas, calibre trinta e oito em uma mesa esperando pelas minhas mãos.
Antes que eu pudesse entrar, Isabela pega em meu braço.
— Você desafiou o capo — repreende-me. — Eu avisei para ficar quieta.
— Apenas deixei claro que não apareci para brincar de boneca. Quero aprender logo tudo, se você não percebeu sou algo sujo, uma rata como seu próprio capo disse para os outros — lembro forçando um sorriso.
Ela aperta meu braço novamente.
— Você só sairá da sala quando aprender a atirar, são ordens do Viktor — Isabela comunica. — Nem que leve a noite toda, mas não irá ter água ou sairá daqui antes de concluir.
Maldito capo!
Isso é uma prova de resistência para me assustar pela provocação na frente de todos.
Mas eu encaro o desafio.
Sorrio para Isabela.
— Então verei você apenas amanhã, vou ficar bem. Já passei noites acordadas enquanto estava em festas ou em trabalho extra, não tenho problema com isso.
Ela se afasta, e eu entro na sala que logo é trancada.
Sinto-me observada, sou o show do capo e de outros que vão acompanhar meu treinamento.
São muitos alvos, caminho até à mesa pegando uma arma. Respiro fundo sentindo-a em minha mão, olho em direção aos alvos com uma pequena dúvida de como vou aprender tudo isso em uma noite!
Ignoro esse pensamento indo até o centro da sala.
Escolho um alvo que estava bem à minha frente, todos tem um desenho de uma pessoa.
Pesco a arma colocando a mão no gatilho, aponto para o alvo e atiro, quase me desequilibro.
O tiro atinge a parede, não consigo acertar o primeiro alvo.
Posso apostar nos sorrisos de quem assiste isso.
Merda! Olho para essa arma.
Uso outro alvo, seguro mais firme, flexionando bem os pés para não ter uma surpresa como a de minutos atrás.
Olho para o alvo, observo o desenho de uma pessoa, aponto para a barriga.
Lembro-me do apelido que Viktor deu para mim.
"Ratinha"
O ódio percorre o meu corpo, os olhares me medindo como se fosse algo sujo invadindo um lugar limpo. Atiro na costela.
Mas não fico desanimada, respiro fundo olhando para a barriga, atiro várias vezes, nada de acertar o que eu quero.
O nervoso toma conta, estou ofegante, suando frio, minhas mãos tremem muito.
É um teste, ele está assistindo e com certeza mais pessoas estão.
Sou novata nesse lugar, um escorregão apenas para ser o alvo deles.
Ando de um lado para o outro.
Começo a atirar até acabar as balas dessa arma em alguns alvos. Eu não consigo me concentrar! Largo a arma já sem balas na mesa, olho para algumas escolhendo a do meio.
Respiro fundo três vezes. Eu não vou fracassar! Não vou!
Eu perdi muito tempo com a outra arma, meu corpo está cansado, minha mente pede um descanso, a cabeça está doendo bastante.
Aproximo-me dos alvos para estudá-los melhor, presto atenção nos detalhes, toco no coração e depois na cabeça. Foco bem meu olhar nesses dois lugares.
Volto ao centro da sala determinada em concluir o que o capo jogou nas minhas costas.
Alcanço a arma e escolho um alvo intacto, aponto para a cabeça, fixo bem meus olhos atirando de uma vez.
Olho e vejo que eu.. consegui acertar a cabeça!
Uma alegria toma conta do meu corpo apesar do cansaço.
Começo a atirar na cabeça de alguns alvos sem nenhuma dificuldade, adquiro mais confiança, quero mais, apesar de conseguir melhorar.
O coração é o melhor alvo.
Mantenho meu olhar no coração, concentro minhas mãos segurando o revólver e o gatilho.
Atiro uma vez errado, duas vezes não consigo.
Na terceira vez, uso todo o meu foco e a minha determinação para mostrar que não estou aqui para brincadeira.
Vou mostrar ao capo e a todos os instintos que tenho, afinal há um lugar que eu tenho que ocupar.
Quero ver a cara de muitos quando estiver em uma daquelas cadeiras.
Os minutos se passam e o meu alvo continua perfeito, coração, cabeça, os dois lugares que eu quero acertar desde o começo.
Minha mira está perfeita, os alvos estão virando um passatempo, quero terminar, esvaziar essas outras armas para concluir e entregar os alvos.
Meu corpo dói, mas não paro, é um ritmo e se parar irei me desconcentrar.
Quando consigo usar a última arma, encaro poucos alvos, um sorriso cresce em meu rosto.
Os tiros são rápidos e precisos sem acertar nada a não ser o objetivo que está à minha frente.
Meu corpo treme quando finalizo o último alvo, estou com sede, minha cabeça dói muito.
Acabo caindo ao chão, a arma cai ao meu lado.
Encaro o teto da sala, assumindo que já deve estar amanhecendo, meus olhos estão cansados.
Respiro fundo sentindo meu corpo se acalmar e relaxar aos poucos. Os alvos foram atingidos, a minha pontaria, algo que jamais pensei que iria treinar, depois de horas mirando, tentando acertar, consegui realizar isso.
Satisfação enche meu peito, um sorriso convencido surge em meus lábios.
Olhando ao redor, penso que se tivesse nascido aqui perto de tudo, iria ter esse treinamento quando mais nova.
Eles pensam que eu deveria ter medo da máfia e tudo o que ela irá trazer para a vida de uma garota que foi jogada para essa realidade.
Não tenho medo de nada, bichos, ameaças, pessoas com o nariz empinado que julgam ser melhores do que todo mundo.
O submundo é algo totalmente novo para mim, essas pessoas foram treinadas para isso.
Há um líder que detém decisões importantes em suas mãos, sou um m****o da máfia de Chicago, há uma cadeira esperando pela minha b***a redonda e maravilhosa.
Quero muito encarar os olhos de Matteo, mas principalmente do capo, Viktor Messina.
Afinal estarei ao lado dele naquela mesa para comandar tudo isso junto aos outros.
Quero conhecer tudo o que diz respeito ao submundo.