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1156 Words
Os olhos verdes de Isabela são determinados, não existe outro foco a não ser eu. — Vai me contar o que você quer que eu saiba? Prefiro a verdade sempre, não importa se ela vai doer ou não — aviso, mantendo nossos olhos fixos. — Você tem um gênio forte, é a junção perfeita minha e do seu pai — ela comenta, abrindo um sorriso de satisfação. Ela gosta da mistura? — Onde está ele? É da máfia também ou é da polícia? — questiono levantando uma sobrancelha. — Era da máfia também, seu pai está enterrado no cemitério particular da família dele. O peso do nosso curto e intenso envolvimento foi seu nascimento, balançou o submundo por completo e gerou inúmeras consequências. — Seu olhar fica distante por um momento. — Ele era seu rival? Já assisti filmes sobre a máfia, não sou uma menina ingênua que cai em um lugar e não sabe nem da existência do bem e do m*l. Não sou uma pessoa manipulável, sempre desconfiei da proteção exagerada da mulher que cuidava de mim. Não estava errada quando sentia que faltava algo no México, mas não sabia que ser sequestrada era o meu destino. Que ironia! — Ele era da Bratva, tivemos algo intenso e muito curto. Escondi minha gravidez até quando pude, seu pai morreu sem saber da sua existência. Mas as consequências chegaram para mim, sua vida seria a próxima se não pensasse em alguma coisa, consegui me afastar um pouco da máfia para dar à luz a você — explica séria. — Encontrei essa mulher na saída do hospital, a irmã dela tinha acabado de morrer e ela não tinha nada e mais ninguém. Foi ali que nasceu a ideia de salvar sua vida, Katherine, a máfia é igual ao que você vê em filmes, é violenta e comandada por homens cruéis, sem um espaço para sentimentos amorosos — reitera olhando no fundo dos meus olhos. Engulo em seco.  Ela planejou um plano para salvar minha vida? Não é fácil acreditar em palavras vazias de uma estranha, f**a-se os sentimentos. São muitas informações, difícil de acreditar, até porque nunca vi essa mulher na vida. — Essa é minha história dramática ou você quer me contar apenas isso? — provoco sem me conter. — Se você quer encarar isso como uma grande brincadeira, a escolha é sua. Saiba que pude ir atrás de você apenas agora, depois de longos vinte e três anos. — Sua voz é fria. — Revelei para a Outfit que tinha uma filha. — A Outfit é a sua máfia? É quem controla todos aqui? — pergunto, e ela assente. — A Outfit foi criada pela família do nosso atual capo, há algumas gerações os descendentes são responsáveis pelo gerenciamento da máfia. Eu, Lorenzo e outros membros estávamos ao lado do antigo capo na nossa época, mas agora os lugares principais são ocupados pelos filhos desses membros, onde você se encaixa — revela se divertindo com minha situação. — m****o? Só por ser sua filha, sou obrigada a estar com pessoas desconhecidas? Foi atrás de mim por causa do poder, não é? — deduzo facilmente. Por qual outro motivo ela iria? Isabela tem tudo aqui, não iria perder tempo indo atrás de uma filha abandonada por carência. Ela se aproxima de mim em passos lentos. — Se a máfia soubesse de sua existência sem ser pela minha boca, você estaria morta, poderia ser considerado um ato de traição absoluta contra a Outfit e todos os membros. — Claro, tinha que ter regras. — Reviro os olhos. — Tudo tem regras e você ser apresentada hoje é uma delas. Tudo o que tem nesse quarto te pertence, roupas, tudo. — Eu não quero nada disso. Não quero participar da Outfit, ficar perto de vocês, não tem nada aqui em Chicago que consiga ser útil ou atraente para mim. — Minha voz soa séria sem brecha para uma brincadeira ou ironia. — A máfia sabe da sua existência, a partir desse momento você faz parte da Outfit e não há nada que possa fazer. Chore, grite, xingue também, nada mudará esse fato, filha, então sugiro que seja esperta e me acompanhe até os outros membros, além do mais, saiba o que vai falar — ameaça com seus olhos verdes fixos nos meus olhos. — Eu não sei como tudo isso funciona! Não pode me obrigar, não sei matar ninguém. — Tento persuadi-la dessa ideia estapafúrdia. Levanto-me da cama indo até à janela olhando a mansão que estou, há homens ao lado de fora, armados, prontos para qualquer coisa. — Aprendi tudo o que eu sei, ninguém nasce sabendo de nada. É melhor que fique claro na sua cabeça, Katherine, não há escapatória para alguém que tem o sangue da Outfit nas veias, você tem uma ligação com a máfia até o dia da morte!  Ouço seus passos se aproximando, mas não olho para trás. Estou com tanta raiva, confusa com tudo isso sendo jogado em cima de mim de uma única vez. — Instintos, apenas isso seu namorado e você falaram que eu tenho. Isso garante minha vida? Parece que estou perdendo a vida para vocês. — Instintos, é a primeira coisa que alguém da máfia deve ter. Você ameaçou um mafioso com um abajur e poderia fazer pior com uma arma em suas mãos. Viro-me para encarar seu rosto. — Sempre aprendi que se me sentisse ameaçada deveria agir para não morrer — acrescento. — Vou ter que provar o que para a Outfit? — Não basta ter o sangue, o treinamento é necessário para você se tornar uma mafiosa. Saber lidar com tudo isso e se proteger, você mesma disse que já é uma mulher, hora de enfrentar coisas que jamais imaginou — ela informa e coloca a arma em minhas mãos. Sinto o peso dela em minha mão, os detalhes. — Que tipo de arma é essa? — pergunto, interessada. — Pistola calibre trinta e oito, uma das minhas favoritas. Acho que é a melhor opção para o começo de seus treinamentos, agora tome um banho porque não vou levar minha única herdeira parecendo uma criança suja — Isabela sentencia, e retirou a arma de minhas mãos. Acompanho-a sair do meu quarto, fechando a porta. Quero quebrar algumas coisas, gritar para todos ouvirem. Respiro  fundo. Caminho até o closet, encontro roupas de grife, saltos, botas, joias, perfume. Muitas coisas que apenas vi em lojas. — Quero as coisas mais simples. Não sou uma patricinha. Não quero usar nada disso, essas coisas não são minhas. Encontro uma calça preta de couro, um cropped na mesma cor. Acho ótimo assim, pego uma bota coturno preta. Caminho até o grande banheiro, avisto da porta uma banheira, produtos, tudo isso agora bem à minha frente. Não me surpreendo. Isabela tem um império, seu império. E agora quer me levar para um lugar vazio, o lugar de sua herdeira.
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