Capítulo 1
Luana narrando
Eu olho para o porta-joias, repleto de brilhos e luxos, mas nada disso pode diminuir a dor que carrego dentro de mim, uma dor constante que vem com a vida que escolhi. Mas essa vida é a única forma de me manter viva e, talvez, segura.
— Você ainda não está pronta? Eu preciso ser um dos primeiros a chegar. — Raul entra no quarto, seu tom nervoso quebrando a calma da manhã.
— Estou apenas escolhendo a joia que combina com o meu vestido. — Respondo, tentando manter a voz suave.
— Agora? — Ele se aproxima. — Coloca essa, vai ficar linda com a sua roupa.
— Obrigada. — Digo, sorrindo, mesmo sabendo que seu humor está mais azedo do que o habitual. Mas eu me faço de sonsa. Isso sempre me ajudou.
Desço as escadas com Raul, e encontro a sua mãe no hall, me encarando com aquele olhar de sempre, de cima a baixo.
— Deveria ensinar a sua mulher a se vestir melhor. — Ela solta, com uma voz venenosa.
— Sogra, o seu filho adora me ver assim, não é, amor? — Sorrio para Raul, buscando uma reação dele.
— Não implica com ela, mamãe. Deixa a Luana em paz. — Raul diz, com um tom autoritário. Eu aproveito o momento e lanço um sorriso vitorioso para sua mãe, que me responde com um olhar de desprezo.
Este jantar seria só para nós dois, depois de muito insistir, consegui que Raul deixasse a sua mãe de fora. Pelo menos em algumas coisas, ele me ouve.
Raul abre a porta do carro quando chegamos a uma casa imponente, com um jardim bem cuidado e de onde se avistava um morro iluminado ao longe.
— Que favela é aquela? — Pergunto, curiosa.
— Morro da Proeza. — Raul responde com um tom indiferente.
— Não sabia que existia.
— Não é muito conhecida. O dono de lá é alguém importante, vai estar na festa. — Ele responde, com um tom de respeito.
— A casa é dele? — Pergunto, ainda tentando entender o que estou fazendo naquele lugar.
— Não. — Raul responde curto.
Entramos na festa, que estava lotada de pessoas conhecidas e também de gente que eu nunca vi antes. Raul logo se afastou de mim, e encontrei seu irmão, Pedro, em um canto. Ele me olhou com um sorriso e eu retribuí o gesto, sabendo exatamente o que ele queria.
Meu passado me levou a aprender a me cercar de pessoas importantes, e o casamento com Raul foi uma dessas alianças cruciais. Mas a segurança que isso me dá não é eterna, e a cada dia que passa, mais percebo que preciso de algo além dele.
— Cunhada. — Pedro se aproxima, sorrindo de forma encantadora. — Você está ainda mais linda hoje.
— Achei que não estaria aqui. — Respondo, mantendo o sorriso.
— E perder a chance de te ver? Jamais. — Ele responde com uma voz suave.
— Com a sua mãe de volta de viagem, nem conseguimos nos encontrar direito. — Comento, pegando uma taça de champanhe.
— No final do corredor, tem uma sala reservada. Te espero lá em alguns minutos. — Ele diz, e eu lhe dou um sorriso cúmplice antes de me afastar.
O relacionamento com Pedro foi minha primeira traição contra Raul. Começou logo após o casamento, quando Raul me mostrou quem ele realmente era. Sempre soube que ele poderia ser preso ou até morto a qualquer momento, e com isso, perderia a segurança que ele me dava. Eu precisava de outros aliados, pessoas que me protegessem.
Quando entro na sala onde Pedro me espera, ele me olha com um sorriso de satisfação. Tranco a porta e ele me puxa para perto, beijando meu pescoço enquanto afasta meu cabelo.
— Precisamos ser rápidos, antes que Raul sinta minha falta. — Sussurro, virando-me para ele.
Ele sorri, e com um gesto rápido, sente minha i********e, enquanto seus lábios me provocam com um beijo intenso.
— Sem calcinha, do jeito que eu gosto. — Ele murmura, antes de se aproximar e entrar em mim de forma brusca.
Eu me encaixo nos seus movimentos, me entregando ao prazer enquanto ele me domina, com suas mãos explorando meu corpo. O tempo parece parar, mas a necessidade de manter tudo em segredo me mantém atenta.
Depois de um tempo, vou até o banheiro, me limpando rapidamente. Ao sair, esbarro em um homem alto, moreno e musculoso, com um cigarro na mão. Ele me olha de cima a baixo, e eu o faço o mesmo, sentindo seu olhar penetrante.
— Boa noite. — Falo, tentando manter a calma enquanto sigo meu caminho.
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