Capítulo 2
Preto narrando
Eu a observo à distância, observando cada movimento com a atenção que ela desperta. Seu jeito de andar, cheio de graça e confiança, é capaz de deixar qualquer um sem palavras. A pele clara, os olhos penetrantes, a boca ligeiramente entreaberta, e o corpo, bem esculpido. Apago o cigarro e decido segui-la discretamente, percebendo que ela se aproxima de Raul.
— Quem é ela? – pergunto ao Tenente Bahia, mantendo o olhar fixo.
— Luana, a esposa de Raul Ferreira – ele responde, sem muita cerimônia.
— Que desperdício uma mulher dessas casada com ele.
— Pois é, todo mundo pensa o mesmo – Bahia ri, de forma irônica. – Mas escuta, fica de olho, Raul é ciumento e possessivo. Já destruiu várias parcerias de negócios por causa dela.
— Impossível ela não se envolver com algum outro cara, esse velho nojento.
— Se envolve, mas com muita cautela. Se Raul descobrir, ele faz a vida dela um inferno – Bahia dá uma risada seca. – Mas a gente sabe que ela está com ele só pelo dinheiro.
— Ou, quem sabe, por outra necessidade. – Respondo, cético. – E quem sabe se ela não tem seus próprios motivos para estar com ele?
— Vai saber. – Bahia responde, com um olhar penetrante. – Mas deixa essa mulher quieta.
Ele se afasta para conversar com Tulio e, por algum motivo, fico ali, sozinho, admirando aquela mulher. Ela me olha de volta várias vezes, como se soubesse exatamente o que estou pensando. Aquela mulher era, de fato, uma obra de arte.
Eu me aproximo, decidido a falar com ela.
— Douglas – Raul Ferreira me interrompe – Não te vi por aqui antes.
— Cheguei há pouco, Raul. Boa noite! – respondo, olhando primeiro para ele, depois para ela. – Boa noite.
— Essa é minha esposa, Luana. Esse aqui é meu sócio, Douglas.
— Boa noite. – Luana diz, com um sorriso leve, mas intrigante.
Raul, parecendo se incomodar um pouco com a presença de sua esposa ali, tenta aliviar o clima.
— Luana, que tal dar uma volta? A noite está bem agradável lá fora.
— Já estava pensando nisso. – ela sorri novamente, mas, ao contrário do que Raul espera, ela me encara diretamente.
Ele então se vira para mim, para tratar dos negócios.
— Vamos falar sobre trabalho, longe dela. Como estão as coisas?
— Está tudo pronto. O carregamento já está organizado. Quando as garotas chegam no morro?
— Amanhã bem cedo. – Raul confirma. – Está tudo preparado, e a pista para o avião já está liberada.
— Essas meninas têm que estar em Dubai até o final da semana para o leilão. Estou correndo contra o tempo para garantir que tudo aconteça.
— Se precisar de qualquer coisa, é só chamar. – ele diz, assentindo.
Tulio se aproxima com o irmão, e ficamos todos ali, bebendo e discutindo negócios, mas a mente estava longe. Quando vejo uma a******a, decido sair para respirar um pouco de ar fresco.
Lá fora, no deck perto de um lago com patos, encontro Luana. Ela anda de um lado para o outro, segurando uma taça de champanhe. Assim que percebo sua presença, ela me encara, como se soubesse o que eu pensava antes mesmo de eu dizer uma palavra.
— Achei que estava com medo de se aproximar de mim, por causa do meu marido. – ela diz, sorrindo, desafiadora.
— Jamais – respondo, com firmeza, sem desviar o olhar. – Seu marido é apenas um obstáculo no caminho de algo muito maior entre nós.
— Futura relação? – ela ri, curiosa. – Você não tem medo de se queimar?
— Podemos nos encontrar em um lugar mais discreto. Talvez amanhã à noite, quando ele viajar?
— Sabe até quando meu marido vai viajar? – ela pergunta, com os olhos fixos nos meus.
— Agora que te conheci, vou descobrir tudo sobre os passos dele, longe de você. – respondo, com um sorriso.
— Eu gosto de homens ousados. – ela diz, ainda sorrindo. Então, entrego-lhe meu número. – Eu entro em contato. – Ela pega o papel, ainda com a taça na mão, e se vira, indo de volta para a festa, deixando-me com a sensação de que este é só o começo de algo imprevisível.