Hoje é segunda-feira de manhã. Depois que saí do meu quarto, Leo não me pressionou mais sobre o meu aviso sombrio. Ótimo. Ele vai descobrir hoje. Lila me disse que os caras e ela geralmente vão para a escola separadamente, mesmo morando perto, aparentemente o resto deles mora na mesma comunidade fechada. Ela me ofereceu uma carona, mas eu recusei. A última coisa que todos eles precisam é entrar na escola no primeiro dia comigo.
Ainda assim, tento permanecer positiva. E daí se mais algumas pessoas frequentarem as aulas e me ignorarem? Não é grande coisa. Vou apenas continuar o ano como fiz nas últimas duas semanas.
Me olho no espelho do banheiro. Estou usando uma saia preta esvoaçante que vai até um pouco acima do joelho, também é de cintura alta. Coloco uma regata branca e um cardigã rosa claro por cima. Em seguida, calço minhas sandálias e pego minha mochila.
Quando chego lá embaixo, Caleb já tinha saído. Aparentemente, ele tinha um treino cedo e um dos caras o pegou mais cedo para isso. Mamãe, papai e eu conversamos amenidades enquanto tomávamos café da manhã e então vou para a escola.
Passo pelas portas e, felizmente, sou ignorada. Depois chego ao meu armário e agradeço a Deus por não ter nenhuma mensagem hoje. Pego minhas coisas e sigo para minha primeira aula.
O Sr. Douglas me cumprimenta educadamente quando entro e ocupo meu lugar. Fui a primeira a chegar, como de costume. O Sr. Douglas me disse que voltaria logo e saiu da sala.
"Não pense nem por um segundo que vou sentar perto de você hoje." A voz anasalada de Milinda ecoa quando ela entra.
Olho para ela e depois ao meu redor. "Se está falando comigo, ótimo. Não quero você perto de mim." Digo.
Milinda revira os olhos para mim e ocupa seu lugar habitual no fundo. Revirando os olhos de volta para ela, me volto para o meu caderno. Estava rabiscando no caderno, esperando o sinal tocar, quando uma voz alta ecoou pela sala de aula.
"Millie! Ei!"
Meus olhos se erguem para ver Lila entrando na sala de aula. Ela vem animadamente em minha direção e ocupa o assento vazio ao meu lado. Olho ao redor e vejo todas as pessoas olhando para ela com olhos arregalados.
"Fico tão feliz que temos pelo menos uma aula juntas, garota!" Ela me diz.
"Uh, Lila, talvez você devesse escolher um assento diferente." Digo a ela enquanto vejo os outros começarem a cochichar entre si.
Lila é muito doce para se tornar a próxima excluída como eu.
"Você não quer que eu sente com você?" Ela pergunta tristemente.
"Não, não é isso." Respondo apressadamente.
"Então o que é? Esse assento pertence a outra pessoa?" Ela pergunta.
"Não, ninguém quer sentar ao lado da v***a gorda." Milinda se manifesta.
Eu me encolho quando Lila olha para trás, depois para mim. "Quem é essa?" Ela sussurra para mim.
"Milinda, para alguém que me disse que não ia sentar perto de mim hoje, você parece muito interessada nas minhas conversas." Afirmo com irritação.
"Estou apenas tentando salvar a nova garota de uma amizade com você", Diz Milinda. "Confie em nós, garota nova. Millie é uma ladra de namorados", ela diz para Lila.
Lá vamos nós. A primeira hora nem começou e as coisas já estão acontecendo. Evito o olhar de Lila até ouvir algo que não esperava, a risada de Lila. Lila quase dobrava de tanto rir enquanto bolhas de riso escapavam de seus lábios.
"Nojento", ela diz enquanto recupera o fôlego. Ah, ótimo, ela acha que sou nojenta. "O único cara que me interessa é o seu irmão", ela diz e eu congelo.
"Eca", eu digo com uma expressão de nojo. "Pensei que você estivesse apenas sendo legal com ele", eu digo a ela.
Lila balança a cabeça enquanto continua a rir. "De jeito nenhum, seu irmão é gato. Ele é enorme para ter apenas 15 anos. E ele é muuuito legal."
Eu levanto minha mão para fazê-la parar. "Ok, chega", eu digo.
"Ah, vamos lá", ela diz enquanto me empurra com o cotovelo. "Eu sei que meu irmão está interessado em você", ela diz e meu rosto fica vermelho.
"Agora isso é nojento", diz Milinda e o resto da turma ri.
Minha expressão ruiu. Eu nem posso ter um amigo. Não pense que a ironia da minha conversa com Milinda na última sexta-feira passou despercebida por mim. Ela literalmente me contou como começou a namorar James, o namorado de sua melhor amiga. De alguma forma, tudo sempre é culpa minha.
"Acho fofo. Poucas pessoas chamam a atenção do Leo. Fico feliz que tenha sido você em vez de alguém como ela", diz Lila enquanto apontava o polegar para trás, em direção a Milinda. Não consegui evitar o resmungo que saiu de mim. "Teria que ouvir aquela voz irritante e choramingona o tempo todo", diz Lila e depois faz uma careta. "Não, obrigada."
"O que foi isso, garota nova?" pergunta Milinda com raiva.
Assim que Lila se vira para encará-la, o Sr. Douglas entra na sala e começa a aula. Felizmente, Lila não diz mais nada. O Sr. Douglas apresentou Lila à turma e Milinda fez um comentário sarcástico. No entanto, Lila parecia completamente indiferente a isso. O que é estranho. Não conheço nenhuma adolescente que lidaria com isso da maneira que Lila está lidando.
Quando a aula acaba, corro para a próxima aula. Lila me chama, mas eu a ignoro. É provavelmente melhor se eu me afastar. Eu odiaria se Milinda começasse a escrever coisas no armário de Lila. Ela não merece isso só porque foi legal comigo. Quando chego à sala, a Sra. Gibbson não está lá. Pego meu lugar habitual e tiro meu livro.
A sala começa a encher e então sinto uma presença ao meu lado. Opto por ignorar. Não tenho certeza de quem é, mas não me importo.
"Oi, mamãe atrevida. Eu estava esperando ter uma aula com você", diz a voz da pessoa ao meu lado.
Ah, não.
"O macarrão", murmuro e então olho para cima, para ele.
Sentado ao meu lado está Atlas Norris. Tudo que ouvi durante toda a manhã foi sobre ele e mais três pessoas. E é apenas minha segunda hora. As garotas da minha primeira hora cochicharam sobre eles e como são atraentes. Até vi alguns caras olhando para Lila. Contanto que ficassem longe de mim, seriam populares. Então, por que eles estão sempre lá toda vez que me viro?
"Eu tenho que provar para você que não há nada de macarrão em mim?", ele pergunta com um sorriso convencido e torto.
Abro a boca para dizer algo sarcástico quando a garota na mesa ao lado falou:
"Você pode me mostrar a qualquer momento", ela diz a ele com um tom sedutor.
Reviro os olhos e volto para o meu livro.
"Ei, fiz uma pergunta para você", diz Atlas.
Olho para cima para encará-lo. "Você perdeu a parte em que a morena bonita se voluntariou como tributo?" pergunto.
Atlas solta uma risada profunda que me choca. Jesus, ele é barulhento. E o que há de tão engraçado?
"Eu prefiro as loiras", ele diz e então se inclina. "Loiras escuras." Em seguida, pisca para mim.
"Oh, coitado de você, cara bonito", diz a morena. "Acredite em mim quando digo que você não quer Millie Holmebrooke." Ela me encara com raiva.
Reviro os olhos para ela. E pensar que eu a elogiei. No entanto, Atlas perdeu toda a brincadeira em sua expressão. Ele se vira para a garota e a olha de cima a baixo. Então ele aproxima o banco dele do meu até que ambos estivéssemos do meu lado da mesa.
"Que p***a é essa?", sussurro.
"Acredite em mim quando digo que eu quero muito, muito Millie Holmebrooke", afirma Atlas alto o suficiente para toda a sala ouvir.
"Oh meu Deus", eu suspiro enquanto meu rosto ficava vermelho.
"Não, Atlas", ele diz virando-se para mim e batendo em seu peito largo.
Reviro os olhos para ele. "Por que você diria uma besteira dessas?" sussurro gritando para ele. "Você não entende o que essa declaração vai fazer com a sua reputação?" pergunto a ele.
Atlas me olha confuso. "Eu tenho uma reputação?" ele me perguntou.
Pisco para ele. "Você é uma estrela do futebol. E bonito. Claro que você tem uma reputação", eu digo.
"Você acha que sou bonito?" ele pergunta.
"Uau", eu digo incrédula.
Atlas abre a boca para dizer algo mais, mas o sino toca ao mesmo tempo em que a Sra. Gibbson entra na sala. Felizmente, ele ficou em silêncio depois disso. Embora eu pudesse sentir seus olhos em mim durante toda a hora.
Nunca na minha vida fui tão distraída em biologia. Essa é minha matéria favorita e lutei para prestar atenção durante toda a aula. Toda vez que eu me afastava de Atlas, ele se aproximava de mim. Acho que ele acha isso engraçado, mas eu não estou achando graça. Na metade da aula, Atlas começou a rabiscar no meu caderno. Eu deixei. Eu não tinha forças para lutar. Ele venceria de qualquer maneira. Quer dizer, olhe para ele.
Quando o sino toca para nos dispensar, eu basicamente saio correndo dali.
"Millie, espere!" Atlas chama atrás de mim, mas eu o ignoro.
Infelizmente, ele tem pernas muito mais longas e não teve problemas para me alcançar. Atlas segurou meu braço e me fez parar. Virei para encará-lo com os olhos arregalados.
Ele pisca para mim por um momento antes de balançar a cabeça. "Ok, não me olhe assim", ele me diz.
Franzo a testa. "Olhar para você como o quê?" pergunto.
"Assim", ele diz e gesticula para o meu rosto. "Com esses grandes olhos verdes inocentes", ele diz e se inclina mais perto de mim. Eu recuo e encontro apenas a parede. Atlas apoia o antebraço na parede e se aproxima. "Ou olhe para mim assim. Mas..." Ele para de falar enquanto me olha de cima a baixo. "Vou encontrar uma sala vazia para te arrastar", ele diz baixinho para que só eu possa ouvir.
Meus olhos se arregalaram e meu rosto fica vermelho. "O-o quê?", gaguejo.
"Aquele olhar ali." Ele diz e então chupa o lábio inferior. "Millie, Millie, Millie." Ele se aproxima ainda mais e engulo em seco. "Almoce comigo." Ele diz.
Minha boca abriu. "Você quer almoçar comigo?" Eu pergunto a ele.
Atlas assente. "Há muitas coisas que eu quero fazer com você, Millie, mas o almoço pode ser um começo." Ele diz com um sorriso convencido.
"Eu... Eu tenho que ir." Eu digo e então me esquivo debaixo do braço dele e corro para minha próxima aula.
O que diabos está acontecendo? Por que essas pessoas estão tão insistentes em fazer parte da minha vida? É por causa dos nossos pais? Talvez eu devesse dizer a todos eles que não precisam fingir que gostam de mim. Não vou contar nada aos nossos pais. Não sou dedo-duro.
Entro na minha aula de cálculo e ocupo meu lugar normal. Em seguida, pego meu livro e o dever de casa e tento revisar meu trabalho. Felizmente, fico imersa nisso e todos os pensamentos sobre caras bonitos e novos amigos saem da minha cabeça.
"O número 18 ainda está errado, e você nunca terminou essa pergunta." Veio uma voz bem ao lado da minha orelha.
Eu dou um pulo e solto um grito, fazendo com que todos se virem para mim. Meu rosto fica quente e eu lanço um olhar furioso para Oliver. Reviro os olhos. Eu deveria ter sabido que ele estaria nessa aula. Já que 'matemática é a praia dele' e tudo mais. Oliver está sentado na cadeira atrás de mim. Ele está se inclinando para frente para olhar por cima do meu ombro. Ele empurrou os óculos para cima e depois virou a cabeça para sorrir para mim. Estamos a apenas alguns centímetros de distância. Eu balanço a cabeça e afasto o rosto dele.
"Nenhum de vocês entende o espaço pessoal." Murmuro.
"Nenhum de nós?" Oliver pergunta, mas eu o ignoro. "Não sabia que você já conheceu o Milo." Ele diz.
Quem diabos é o Milo?