Capítulo Oito: Cuidado Pessoal

2318 Words
Um pouco depois, finalmente estou no meu quarto. Acabo de finalizar minha lição de casa para o fim de semana. Mas meus pensamentos estavam completamente consumidos pelos eventos de hoje. É apenas a segunda semana de aula. Até agora, consegui sofrer muito menos bullying do que no ano passado, isso foi algo bom. Depois tive que passar por aquela conversa estranha com Milinda. James 'pediu desculpas', o que ainda me deixa brava. Que i****a arrogante. Falando em idiotas arrogantes... Atlas e Oliver. Eles são arrogantes? Bem, parecem ser. Mas são idiotas? Isso, sinceramente, não tenho certeza. Oliver foi gentil o suficiente para me ajudar com minha lição de casa, mesmo que eu tenha recusado. Ele também comprou um moletom para mim só porque eu estava com frio, mas também recusei. E Atlas. Ele riu quando o chamei de "macarrão" e depois me defendeu de James. Não apenas isso, ele deu apoio para Caleb jogar. Talvez eles sejam caras legais. Balanço a cabeça. De qualquer forma, não importa. Assim que chegarem à escola na segunda-feira, ouvirão todos os rumores sobre mim e não vão querer ser meus amigos. É por isso que os tratei com indiferença. Eu realmente não quero criar expectativas apenas para ser decepcionada novamente. O último amigo que tive dormiu com meu namorado pelas minhas costas e depois destruiu minha vida. Acho normal que eu não esteja pronta para confiar em ninguém novamente. Mas, se eles ouvirem os rumores e ainda quiserem ser meus amigos, darei uma chance a eles, mas apenas como amigos, nada mais. No dia seguinte, durmo até mais tarde. Ter uma família com dinheiro era algo pelo qual eu era muito grata. Só preciso trabalhar durante o verão. Durante o ano letivo, papai nos dava uma mesada, ele dizia que deveríamos nos concentrar nos estudos, mas também queria que aprendêssemos o valor do dinheiro. Então, além de papai não ceder e nos dar mais dinheiro, ele também nos faz trabalhar por esse dinheiro. Com tarefas domésticas. Sábados são destinados às tarefas domésticas. Se tivermos planos com amigos, podemos fazer nossas tarefas antes de sair, mas todas devem estar concluídas antes da próxima segunda-feira chegar. Então, saio da cama e desço as escadas arrastando os pés. Mamãe e papai estão sentados à mesa conversando enquanto tomam café. A conversa deles ficou abafada quando entro na cozinha. "Bom dia." Resmungo enquanto sirvo uma xícara de café. "Bom dia, querida." Diz mamãe. Levo meu café para a mesa e me sento. Ao dar o primeiro gole, suspiro e um sorriso surge em meus lábios. Quando olho para meus pais, ambos estão me olhando com divertimento. "O quê?" pergunto. "São 8 da manhã, por que você já está acordada?" pergunta meu pai, provocando. Dou de ombros. "Sou uma pessoa matinal", me defendo. Minha mãe ri e da um tapinha no meu braço. "Você deveria ter saído como seu irmão fez. Ele só chegou em casa à meia-noite", diz minha mãe. "Ótimo para ele", eu digo e dou mais um gole no meu café. "Então, o que está na lista de tarefas hoje?" pergunto a eles. Como minha mãe é dona de casa, ela geralmente faz a limpeza durante a semana. Todo fim de semana, ela nos atribui tarefas para fazer. A maioria delas envolve lavar nossa própria roupa, arrumar nossos quartos, possivelmente outras tarefas como limpar a piscina, tirar o pó, coisas assim. "Oh, hoje não tem tarefas", diz minha mãe, evitando meus olhos. Franzo a sobrancelha para ela e para meu pai. "Nenhuma tarefa?" pergunto, como se não acreditasse neles, porque não acredito. "Não mesmo", diz meu pai, olhando fixamente para sua xícara de café como se fosse a coisa mais interessante da sala. "Ok", digo colocando minha xícara na mesa. "O que está acontecendo? Alguém morreu? É a vovó?" pergunto, entrando em pânico. "Não, não, não", diz minha mãe, apoiando a mão em meu braço. "Nada disso, querida. Nós apenas... temos um lugar para ir esta noite", diz minha mãe. Levanto uma sobrancelha para ela. "Um lugar para ir... esta noite... que impede de fazermos as tarefas..." balanço a cabeça. "Eu não vou receber mesada? Porque está tudo bem, eu ainda posso fazer as tarefas", ofereço. "Não, querida", diz meu pai com uma risada. "Nós apenas sabemos que você não vai gostar, então estamos te dando um descanso. E se damos um descanso para você, temos que dar um para o Caleb também", ele me diz. Justo. "Ok, então para onde estamos indo que eu não vou gostar?" pergunto. "Vamos jantar na casa de um antigo amigo da faculdade. Ele tem uma filha e um filho. Vai ser algo informal", ele diz e meus olhos se arregalam antes de eu gemer e apoiar minha cabeça na mesa. Eu odeio conhecer pessoas novas. Nunca fui uma pessoa sociável, por isso Vanessa era minha única amiga. Acho que devo ter ansiedade social ou algo assim. Geralmente, quando nossos pais saíam com pessoas que eu não conhecia, eu podia ficar em casa. Meus pais são pessoas muito compreensivas e nunca ultrapassam meus limites. "Por que eu tenho que ir de novo?" pergunto depois de levantar a cabeça da mesa. "São amigos antigos meus. Pessoas importantes para mim, querida. Quero que eles conheçam minha única filha, meu orgulho e alegria, a luz da minha vida", continua meu pai. Olho entediada para ele. "Ok, papai", digo. Meu pai sorri radiante para mim. "Você vai adorá-los, querida, e eles vão adorar você", me assegurou minha mãe. "Os filhos deles têm a sua idade, são gêmeos, talvez você possa fazer amizade. Eles vão começar a escola com você na segunda-feira", ela me diz. Ótimo. Mais pessoas para me provocarem ou evitarem. Suspiro resignada. Parece que tenho que fazer isso, goste ou não. Vou aproveitar ao máximo o fato de não ter tarefas hoje e cuidar um pouco de mim mesma. Depois de um longo dia cuidando das minhas unhas, pés, máscaras faciais, esfoliação e um longo banho, eu estava quase pronta para sair. Na verdade, estou me sentindo tão relaxada que grande parte da minha ansiedade desapareceu. Estou olhando meu reflexo no espelho do banheiro. Sim, tenho meu próprio banheiro ao lado do meu quarto. Estou usando um vestidinho fofo de verão. É amarelo com margaridas brancas por toda parte. Tem botões na frente e é feito de um tecido fino. Eu adoro, fica realmente bonito com meu cabelo loiro escuro, que está solto em cachos ao redor de mim. A parte de cima do meu cabelo está presa em um meio r**o de cavalo, com cachos pendurados sobre os cachos mais longos. Coloco meias-calças brancas transparentes e depois um par de sapatilhas brancas. Volto do banheiro e aplico rímel e gloss labial transparente. Então, dou uma última olhada em mim mesma. Estou ótima! Nesse momento, escuto uma batida na porta. "Entre", chamo. Caleb abre minha porta. "Mamãe e papai queriam que eu perguntasse se você está..." Ele para assim que vê minha roupa e franze a testa. "Você não vai sair assim", diz ele. Franzo a testa em resposta. "Por quê?", pergunto. "Porque", ele afirma. "Uau", suspiro. Pego minha bolsa de couro marrom da cama e a coloco no ombro. Em seguida, passo por meu irmãozinho e desço as escadas. Caleb está reclamando atrás de mim sobre meu vestido ser muito curto e como eu precisava colocar uma calça. "Mãe", digo assim que chegamos aos nossos pais, que estão nos esperando na porta. "Não pergunte a ela!" Caleb grita. "Ela vai concordar com você", acusa ele. Coloco a mão na cintura e nossos pais trocaram olhares. "Mãe, diga ao seu filho que estou ótima assim", digo um pouco exigente. "Pai, diga à sua filha que ela precisa colocar uma calça", diz Caleb com o mesmo tom. Caleb e eu estávamos nos encarando com raiva. Nenhum de nós estava disposto a recuar. Eu estou ótima. Meu vestido é tão comprido que nem dá para ver que estou usando meias-calças. Caleb está agindo como se minha b***a estivesse aparecendo. Eu sei que ele está apenas sendo um irmão protetor, mas vamos lá. "Primeiro, vocês dois querem tentar novamente? Não gostei do tom de vocês", diz mamãe. Caleb e eu engolimos em seco e viramos com expressões culpadas para nossa mãe. "Desculpe, mamãe", digo baixinho. "Desculpe, papai", diz Caleb, envergonhado. "Aceitamos suas desculpas", diz mamãe com um sorriso satisfeito. "Agora, qual é exatamente o problema? Eu acho que sua irmã está ótima, Caleb", diz ela. Caleb revira os olhos. "O vestido dela está muito curto", reclama. "Então não olhe para mim", respondo como uma criança mimada. Caleb abre a boca para fazer algum comentário, mas papai intervém: "Está bem, já chega vocês dois. Caleb, sua irmã está bem. Vamos." Ele diz e então abre a porta para nós. Dou ao meu irmãozinho um sorriso convencido que diz 'ha ha, ganhei' e jogo o cabelo para trás enquanto saio. Caleb resmunga algumas coisas que escolho ignorar. Todos nós entramos no carro e papai começa a dirigir. "Então, se divertiu ontem à noite?" Pergunto ao meu irmão. Caleb dá de ombros. "Foi mais ou menos, eu acho", ele diz. Franzo a testa com suas palavras. "O que aconteceu?" Pergunto. "Nada", ele responde. "Mentiroso", acuso. Caleb revira os olhos e solta um suspiro. Decido deixar pra lá por enquanto. Tenho certeza de que é difícil para Caleb ser amigo das pessoas que me atormentaram durante um ano inteiro. Me sinto um pouco culpada. Se eu não tivesse sido tão infantil no ano passado, meu irmãozinho não estaria se sentindo assim. Ele é parte da razão pela qual decidi ser diferente este ano. Caleb não deveria se preocupar em me proteger, ele deveria ir a festas e ter namoradas. Embora, não tenha tanta certeza se isso é do estilo do Caleb. Acho que ele gostaria de festejar como um adolescente normal, mas não acho que ele goste de multidão. Mesmo sem o meu envolvimento. E eu não o culpo. A turma popular é toda má e falsa, até entre eles. Seria diferente se ele pudesse ser genuinamente amigo de alguns deles, mas acho que esse é exatamente o problema. O resto da viagem foi relativamente tranquilo. Apenas o som do rádio tocando sucessos do rock dos anos 80. Reviro os olhos. Papai e seu estilo de rock antigo. Embora, deva admitir, eu realmente gosto de Guns N' Roses. Não que eu fosse admitir isso para o meu irmão. Mas o papai sabe. Uma vez, quando eu tinha 13 anos, o papai nos comprou ingressos para um dos shows deles. Eu nem podia acreditar que eles ainda estavam em turnê, sinceramente. Papai e eu dissemos para a mamãe e o Caleb que estávamos tendo um encontro pai-filha, apenas um filme e jantar. Foi uma mentira, papai me levou ao show e nos divertimos muito. É claro que fomos pegos quando chegamos em casa perto da 1h da manhã com camisetas novas e coisas assim. Mamãe tentou ficar brava conosco, mas durou apenas meia hora. Eu estava perdida nas lembranças quando chegamos a uma comunidade fechada chique. Papai parou em uma pequena sala que parecia um escritório. Havia um homem esperando lá, vestido com uniforme de segurança. Sua pele era escura e ele tinha uma expressão estóica no rosto enquanto olhava para o meu pai. Papai sorriu animadamente para ele. "Boa noite", cumprimentou o segurança. "Qual é o seu negócio aqui?" Pergunta o homem. Direto ao ponto, ele. "Estamos aqui para ver Adam Whitlock. Sou um velho amigo dele", diz papai. "Um momento, por favor", diz o segurança antes de voltar para o pequeno prédio a um metro de distância. Mamãe e papai trocam olhares, o que fez Caleb e eu nos olharmos. Caleb deu de ombros para mim e eu reviro os olhos para ele. Este lugar deve levar a segurança a sério. Deve ser bom. Talvez devêssemos nos mudar para cá também. "Talvez devêssemos nos mudar para uma comunidade fechada como esta", diz mamãe, expressando meus pensamentos. Eu sorrio do olhar horrorizado que papai da a ela. "Querida, eu ganho muito dinheiro, mas não esse tipo de dinheiro", ele diz rindo. Mamãe dá de ombros e Caleb e eu lutamos para conter o riso. Então, o segurança sai do pequeno prédio e volta para o carro. Ele ainda tinha a mesma expressão séria. "O Sr. Whitlock está esperando por vocês. Podem ir", ele diz e então os portões se abrem. Caleb e eu nos olhamos novamente enquanto papai passa pelo portão. Todas as casas aqui são enormes, realmente enormes. Algumas crianças estão jogando basquete do lado de fora enquanto o sol se põe. Algumas mulheres e homens também estão do lado de fora cuidando de seus jardins. Todos acenam para nós enquanto passamos de carro. "Vizinhança amigável", murmura Caleb. "Com certeza", concordo. Papai dirige até o final do condomínio e entra na garagem da última casa. Não há ninguém do lado de fora aqui, mas as luzes estão acesas em todas as casas. Papai estacionou o carro e todos olhamos para a casa. É moderna e tem metade de tijolos. Esta é provavelmente a maior casa que já vi, e a maior daqui. É linda, admito. "Ok, vamos entrar", diz papai e posso ouvir a empolgação em sua voz. Papai sai do carro e dá a volta para abrir a porta de mamãe. Olho para meu irmãozinho, que ainda está olhando fixamente para a casa. Quando ele olha pra mim, franze as sobrancelhas. "Não pense que vou abrir portas para você", ele diz. Eu bufo e abro minha porta. "Quem precisa de você mesmo", eu digo e então saio. Olho ao meu redor, observando todas as casas. Este lugar é bonito, mesmo com todas as casas parecidas. Meus olhos avistam movimento na casa ao lado. Uma das cortinas balançou como se tivesse acabado de ser fechada. Fico olhando por um momento. "Vamos, Millie", chama mamãe. "Estou indo."
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