A professora

1417 Words
Sim me casei com um homem rico e que além da beleza física que encantou na minha mocidade acabei sendo cega para não ver a sua arrogância. Antony se transformou após o casamento. Não era o mesmo homem doce e gentil que me enviava flores na escola, que me pegava para um passeio para ver o por do sol. Eu havia me transformado em uma espécie de troféu que ele amava exibir e mostrar o quanto sua esposa era dócil e submissa. Eu amava a submissão e vivia pensando em como agradar meu marido, achava lindo mulheres que dedicavam sua vida a dar prazer aos seus homens, não digo só na cama mas em todos os aspectos da vida a dois! Porém o meu comportamento de submissa não era recompensado da forma que eu merecia. Passei a ser tratada como um mero objeto e aos poucos as agressões verbais e mais tarde as físicas se tornaram rotineiras, parte de nosso casamento. Eu não podia me confirmar com aquilo, pedia que ele mudasse para o bem do nosso relacionamento mas a cada discussão, casa demonstração de ciúmes da parte dele eu sentia que estava perdendo essa "guerra". Nem minha família me dava apoio para o pedido de divórcio, diziam que nem em uma outra vida eu conseguiria um "bom partido" como Antony. O bom partido que eles defendiam era um homem muito rico e não se importavam de que esse mesmo homem machucasse sua filha com palavras e com suas mãos. Eu me sentia órfã de pais vivos que só viviam embriagados com o poder do dinheiro. Nunca pude me conformar com a atitude fria de meu pai se posicionar diante de meu sofrimento, me chamando de dramática e má agradecida por dizer que tenho uma vida que muitas outras mulheres desejavam. Minha mãe era uma marionete de meu pai e o defendia em tudo, também cometendo a loucura de priorizar o dinheiro no lugar de coisas que não tem preço como a felicidade de seus filhos. Me vi sozinha e perdida diante de meu problema com a crise do meu casamento. Mas o pior ainda estava por vir. Para minha grande tristeza o aclamado dinheiro de meu marido rico não foi capaz de comprar a fertilidade para que eu pudesse engravidar e lhe dar um herdeiro. Saber disso deixou Antony ainda mais furioso e expressava sua frustração da forma mais baixa possível para me ver humilhada, para me fazer pagar por um "crime" do qual eu não tinha culpa se a natureza não havia me abençoado com a dádiva de ser mãe. Estava eu na casa dos meus 32 anos, infeliz, desiludida e a beira de um divórcio litigioso já que meu marido não queria se divorciar por bem. Eu estava no meu limite, olhava para o passado e via minha vida jogada no lixo com as escolhas que havia feito. Me apaixonei perdidamente por Antony ainda na adolescência e me guardei para meu único amor. Me casei virgem para ser somente do homem que idolatrava e já na lua de mel provei o sabor da violência sexu@l que me custou muito caro. A cada ano que se passava minhas esperanças de que seria feliz ao lado dele ia por água abaixo. Era frustrante acordar e se sentir usada, sem valor. Então ainda que tarde resolvi trabalhar para custear o advogado que entraria com o pedido de divórcio. Mesmo com toda minha família contra mim, mesmo sozinha e deprimida eu estava determinada a não desistir de lutar por minha felicidade. Antony não podia continuar tendo poder sobre mim e me tratando como uma mercadoria. Dinheiro nenhum nesse mundo vale a liberdade para viver em paz. E paz era tudo que eu queria depois de sofrer por longos doze anos de casada. Passei a dar aulas particulares para conseguir juntar dinheiro já que meu rico marido se negava a me dar uma pensão. As mulheres da alta sociedade que frequentavam nossa casa acabavam me contando que ganhavam altos salário para ficarem em casa sem fazer nada. Para quem suportava apanhar do marido e ser feita de escrava sexu@l merecia um bom pagamento para aliviar os desejos suicidas que passavam por minha mente atormentada. Mesmo machucada e sofrendo não me entregaria a depressão que batia a minha porta! Assim que me decidi lutar para ficar livre daquele relacionamento tóxico resolvi cuidar de mim. Eu não me colocaria em segundo lugar nunca mais, eu seria minha prioridade em tudo. Passei a ir a academia cuidar do meu corpo, me cuidava em procedimentos estéticos e tudo isso de certa forma Antony gostava e financiava com seu próprio dinheiro. Cuidava da minha alimentação, pois ter um corpo de vinte aos trinta e dois anos não era nada fácil manter. Eu era vaidosa e gostava da minha aparência, uma pena era que desperdicei minha juventude, minha beleza e energia com um homem pervertido em sem coração. Tinha esperança de que um dia alguém me amasse não pela minha aparência física que se deteriorava a cada ano que se passava, mas por encontrar através de um olhar cansado uma beleza que não julgava. Eu tinha certeza que haveria um homem bom para mim, sensível para enxergar além de um "rostinho bonito" que pudesse recolher meus cacos e me ajudasse e reconstruir meu coração. ... Havia muitos pedidos de aulas particulares depois que divulguei nas redes sociais minha formação acadêmica. Trabalhei por cinco anos em uma renomada escola particular que me deu os créditos como uma profissional competente para lecionar a língua portuguesa. Estava preparada para aquela nova experiência e guardava cada centavo com a esperança de conseguir pagar os honorários do advogado que em breve iria contratar. Aquela tarde fui conhecer meu primeiro aluno, pela ficha que sua mãe me passou por email era uma jovem de vinte anos que precisava urgentemente passar nas últimas provas do ano letivo. Pelas informações logo percebi que o rapaz havia reprovado os primeiros anos dos ensino fundamental e isso atrasava sua formação no ensino médio. Seu nome era Heitor, filho único de pais tradicionais que prezam a decência, a organização e o dinheiro claro. Uma família rica como a minha, um universo do qual eu já saberia como funcionava. Senti pena do aluno mesmo sem conhecê-lo, mas foi exatamente assim quando tinha sua idade há doze anos atrás. Era apenas uma ingênua estudante de Letras que sofria com a rejeição dos meus pais por não fazer medicina que era o sonho deles. A mansão de Heitor não me surpreendeu, eu estava acostumada a viver em uma bem parecida. A única diferença era que eu era uma prisioneira e meu marido o carcereiro. Ele só me deixou trabalhar com as aulas particulares depois que meu psiquiatra revelou a ele que para minha saúde emocional deveria fazer alguma atividade que me desse prazer. Como ele sabia que s*x@ não mais me interessava dar aulas era tudo que eu tinha agora continuar a viver. Cheguei a biblioteca conduzida por uma gentil empregada por nome Betânia: ___ A senhorita é muito bonita para ser professora?! (Ela disse sorrindo) ___ Está insinuando que só existem professoras feias? (Falei me divertindo) ___ Não, me desculpe a indelicadeza, mas é que você é muito bonita mesmo! Só tive professoras de cara amarrada, com verrugas no nariz, elas eram bruxas! Nós duas começamos a rir, havia gostado de Betânia de cara. Ela possuía um olhar sereno, transmitia alegria e seu bom humor era contagiante. Me apresentou a enorme e magestosa biblioteca daquela mansão. Preparei uma mesa para colocar meus materiais e fiquei ali por vinte minutos olhando o vazio daquele lugar esperando o aluno atrasado: ___ Heitor! (Falei ao vê-lo chegar) Ele era bem mais jovem do que eu supunha. Era um belo garoto, alto, forte e demonstrava um atrevimento no olhar. Aquilo não me intimidou, estava acostumada as cantadas de alunos, muitos me olhavam com malícia e foi por esses motivos que o ciúme de Antony foi desperto, ele não queria sua esposa sendo desejada por adolescentes. Ele não disse uma só palavra, aprecia aéreo em seus pensamentos que eu não tinha a mínima pretensão de saber o que era. Sabia da perversão que tomava os rapazes com hormônios na flor da pele e detestava me fantasias com garotos mais jovens. Tentei não me concentrar no olhar penetrante de Heitor sobre mim, ao mesmo tempo que me deixava irritava acabou anestesiando todos os sentimentos negativos por ter sido maltratada pelo meu marido aquele dia.
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD