- Capítulo Dez "Por um Fio"

3383 Words
A chuva não dava trégua. O dia inteiro estava nublado, mas quando se aproximou das quatro horas da tarde, a tempestade deu início. Até mesmo os raios começaram a cair, com trovoadas absurdamente altas. As ruas de Tamandaré precisavam ser lavadas, pois o lodo, a sujeira, os lixos e até mesmo o sangue coagulado manchavam tudo, e a cada grande chuvada, a natureza tentava limpar os danos causados pelo abandono humano. As vielas apertadas começaram a receber a grande enxurrada de água vinda do céu, e o frio se instalou na cidade litorânea. Os cadáveres de infectados recém-assassinados foram lavados e encharcados pelas longas e fortes gotas de chuva, assim escorrendo o sangue doente pelos cantos das paredes e caindo nas galerias de esgoto imundas. Essa tempestade definitivamente demoraria a acabar. Talvez durasse por dias. Mesmo assim, Daniele e Carol não desistiriam de procurar pelo grande grupo que avistaram. As duas eram moças esbeltas e estavam sozinhas. O grupo em que elas faziam parte foi dizimado por uma horda de infectados e, como sobreviventes, as mulheres decidiram ficar zanzando por aí, até ter a oportunidade de se juntar com novas pessoas (ou acabar mortas tentando). Daniele era muito tímida e, para piorar, tinha perdido os pais e o irmão mais velho no ataque da imensa horda ao seu antigo grupo. Isso foi devastador para ela. Agora a pobre moça tinha se reservado ainda mais, chorando muito em momentos de solidão e começando a entrar em uma grande depressão sem volta. Ela era linda, com longos e lisos cabelos castanhos que lembravam os de uma índia, pele morena clara, corpo esbelto, olhos pretos, medindo 1,75 m de altura e com 22 anos de idade. O que mais chamava atenção era seu jeito. Daniele sempre foi muito tímida, chegando até mesmo a atrapalhá-la em certos momentos, e também atraindo a atenção de muitos homens. Outro aspecto interessante dela era a sua incrível bondade. Dani sempre via o lado bom das coisas, até mesmo em situações desfavoráveis. Já Carol sempre foi mais decidida, rude e fria. Ela era uma mulher incrivelmente estratégica e inteligente, sendo agressiva quando necessário. Até o momento as duas tinham sobrevivido mais por influência da própria Carol do que de Daniele, por ter um faro para situações de perigo e soluções rápidas e ágeis. Ela também era uma mulher muito bonita, com cabelos pretos, lisos e na altura do quadril (que viviam sempre amarrados para trás em forma de coque), pele branca queimada pelo sol, olhos verdes, corpo bem torneado, porém não tanto quanto o de Daniele, altura de 1,63 m e 25 anos de idade. O que impressionava em Carol, além disso tudo, era o fato dela ser bastante decidida no que queria. Isso tinha puxado do pai, pois ele era um ex-Delegado da Polícia Civil do Estado de Alagoas bastante respeitado. Por influência paterna, Carol aprendeu a lutar judô e boxe, sendo muito boa nas duas artes marciais, principalmente na última. Para completar ela também aprendeu a atirar, tanto com pistolas, quanto com rifles. O maior defeito de Carol era o fato de ser muito rude às vezes, e também desconfiada de tudo. A única pessoa que ela confiava era nela mesma e em Daniele, pois essa era como uma irmã para si e tudo o que passaram fez com que ambas criassem fortes laços. Enquanto Dani era enfermeira, Carol tinha acabado de passar no concurso para o cargo de Agente da Polícia Civil de Pernambuco, mas não pôde assumir por causa da pandemia que rapidamente se espalhou e destruiu tudo. As duas agora estavam por conta própria. Só não foram dizimadas também por conta de Carol, que resgatou Daniele e arquitetou a fuga. A ideia que rodava a cabeça das mulheres era de que elas precisavam imediatamente se unir a um grupo, pois sozinhas não iriam longe. Essa é uma ótima ideia, porém tem seus riscos, afinal qual grupo atualmente é possível confiar tranquilamente? — Você precisa ficar perto de mim! Não importa se a chuva nos protege sonoramente, mas se por acaso fizermos algum barulho desnecessário, vamos se foder! Entende? — afirmou Carol, andando por uma das ruas principais de Tamandaré, perto da beira do mar. — Eu já sei disso, Carol. Você falou isso mais de dez vezes, eu não vou fazer merda nenhuma! — cochichou Daniele, quase que grudada na amiga. As duas mulheres estavam caminhando pelas ruas vazias, procurando pelo paradeiro do imenso grupo que viram passar há pouco. Elas perceberam que eram homens organizados, portando escudos e armas brancas, então decidiram sair de onde estavam para segui-los e ver se seria uma boa ideia ou não juntar-se a eles. Aquilo tinha seus riscos, mas seria muito melhor do que morrer de fome sozinhas, ou de uma forma pior. Entretanto elas precisavam ter certeza que eles eram boas pessoas, senão poderiam acabar sendo estupradas e espancadas. — Eles estavam sendo seguidos por uma horda gigante, pelo que vi correram por entre as vielas e foram em direção à beira-mar. É pra lá que devemos ir! — disse Carol, segurando firme sua pistola. Daniele, que estava vestindo uma calça jeans preta, sapatos brancos bem manchados e uma camisa de manga longa roxa, começou a olhar aos arredores. — Estou com a sensação de que estamos sendo observadas… e isso é horrível. Carol respirou fundo e se conteve para não xingar a única companhia que tinha. — Por quem caralhos estaríamos sendo observadas nessa chuva da porra e no meio de toda essa merda? Me poupe. Simplesmente me segue, Dani! — falou ela, revirando os olhos enquanto que enxugava o rosto com a camisa de manga longa preta. Além disso, Carol vestia também uma calça jeans azul-claro e sapatos pretos, simples o bastante, o que refletia a personalidade dela e sua indiferença com seu visual. — Temos que encontrar aqueles homens, nós não devemos estar sozinhas! Deus me livre se malfeitores nos acham... quero nem imaginar na maldade que iriam fazer conosco! — citou Daniele, preocupada com essa possibilidade. Elas trocaram olhares preocupados e voltaram a caminhar nas ruas ensopadas, levando chuva no rosto. — Assim que os reencontrarmos vamos ter bastante cuidado e continuaremos observando o grupo. Quero ter certeza que não são filhos da puta! Agora é melhor irmos seguindo os cadáveres de infectados, com isso a gente sabe para onde foram... — citou Carol, preocupando ainda mais a pobre Daniele. As duas continuaram caminhando lentamente e com cautela para não atrair atenção indesejada. Estavam torcendo para que tudo ocorresse bem. E talvez estivessem certas: seria muito melhor se juntar a um grupo do que viver sozinhas e acabar enlouquecendo. ... A tempestade parecia que não teria fim. O céu do final da tarde se enchia de raios, sendo ocupado por nuvens roxas e obscurecidas. Lucas e Sabrina tinham saído para procurar mais suprimentos aos arredores. A situação da cidade estava tão feia, que todos os bueiros tinham se entupido de lixo e lama por culpa da última enchente, e qualquer chuvada alagava as ruas. Lucas sabia da chance de ter uma nova enchente, e já cogitava se mudar da pequena farmácia para um local mais alto, talvez nos bairros mais afastados e altos. Já Sabrina não se importava com nada mais, ela estava muito feliz com o que vinha acontecendo. A moça dormia todas as noites com o lutador e, além de não se sentir mais sozinha, estava começando a se apaixonar e esquecer o estupro que sofreu. — Lucas! O que você decidiu? — perguntou ela, encostada no capô de um carro abandonado no meio da rua. — Nada ainda, porém acho que deveríamos dar uma olhada em um bairro alto e afastado, assim não corríamos riscos de dar de cara com um grupo de patrulha do Coronel, ou até mesmo infectados... mas ainda tô pensando, não tenho certeza de nada! — respondeu ele, pensativo. O lutador estava vestindo um casaco vermelho, branco e preto do time São Paulo FC todo sujo de terra, uma calça jeans preta, sapatos cinza e usava uma bolsa de costas já envelhecida da Adidas. Só foi a tempestade começar que o que antes era barro seco tinha se transformado em lama, bastante fedorenta e escorregadia. — Ah, e não esqueça de andar com cuidado. Essa lama é muito lisa e pra piorar, nojenta! Sabrina concordou com um aceno de cabeça. A moça trajava uma calça jeans marrom, sapatos vermelhos e uma camisa de manga longa preta, além de uma toca também preta e uma mochila. — Então… pra qual bairro vamos? — indagou ela, curiosa. — São tantos... simplesmente vamos andar, o que estiver em melhores condições e tiver boas casas nós entramos! O lutador enxugou o excesso de água da chuva dos olhos e começou a caminhar, sempre pisando com cuidado para não escorregar e cair no chão. Lucas estava com uma pistola na parte de trás da calça, porém não pretendia usá-la para não chamar atenção indesejada e, por isso, carregava consigo um pé de cabra. O que ele mais queria no momento era encontrar comida. Bastante comida. Uma coisa que não seria tão fácil, já que a maioria dos itens alimentares ou tinham sido saqueados, ou estragaram. Mesmo assim eles não desistiriam fácil. Lucas e Sabrina caminharam por mais de meia hora pela cidade, sempre com cuidado a cada esquina para não ter surpresas indesejáveis. Sabrina sabia muito bem o que poderia acontecer caso dessem de cara com outro grupo de bandidos, por isso ela era quem mais estava apreensiva. Quando eles começaram a subir uma ladeira para vasculhar um dos bairros localizados no alto, Sabrina se descuidou e pisou em falso, escorregando e caindo com o rosto no asfalto sujo de lama. — EITA... A mulher deslizou e se arranhou, batendo com tudo no chão e escorregando alguns metros ladeira abaixo. — Você está bem? — perguntou Lucas, preocupado e descendo imediatamente ao ver que ela tinha caído. Sabrina se sentou no chão imundo e respirou fundo para não soltar centenas de xingamentos. — Caralho... você se melou todinha! Deixa eu te ajudar! Lucas se agachou do lado da mulher e começou a dar leves tapas nas partes sujas de lama da roupa dela, numa falha tentativa de expulsar a sujeira do local. Sabrina ficou imóvel, só observando o jeito que ele se importava, e gostou muito daquilo. — Obrigada... sério! — aprovou a moça, puxando o queixo do lutador para perto e dando-o um beijo rápido. — MÃOS PARA O ALTO! QUALQUER MOVIMENTO BRUSCO E EU ATIRO BEM NA SUA COLUNA! — falou uma voz agressiva, vinda da parte alta da ladeira. Lucas permaneceu parado. Todo o seu corpo estremeceu ao escutar aquilo. Eles estariam fodidos se fosse o grupo do Coronel. O rapaz precisava agir. — EU AVISEI PRA NÃO SE MOVER! ESTOU INDO AÍ TE REVISTAR, NÃO TENTE BANCAR O HERÓI! Quando o dono da voz se aproximou da dupla, Sabrina arregalou os olhos. — VO... VOCÊ? VOCÊ ESTÁ VIVO? AH MEU DEUS! — exclamou ela, com o queixo começando a tremular de apreensão. Então Lucas se virou. Era Luciano. — MEU DEUS! — disse o marinheiro, levando as duas mãos até a cabeça. O lutador se levantou e rapidamente partiu para abraçar o ex-companheiro de grupo. Eles nunca foram próximos, mas a sensação de encontrar alguém conhecido foi tão boa, mas tão boa, que Lucas tocou o “foda-se” e abraçou o rapaz mesmo assim. Luciano, óbvio, retribuiu. — Meu Deus... vocês conseguiram! Eu não acredito! — falou ele, surpreso e bagunçando o cabelo de Lucas com a mão direita como se fossem grandes amigos. — Inacreditável! Isso tudo é uma grande coincidência! Nos encontrarmos assim, tanto tempo depois e no meio do nada! Puta que pariu! — exclamou Sabrina, levantando e abraçando o marinheiro também. Luciano respirou fundo para controlar a felicidade e lágrimas começaram a se formar no canto de seus olhos. — Que coisa tão boa! Nunca imaginei que fosse encontrar vocês! Agora vamos ao que interessa: onde estão os demais? Vocês viram Larissa, minha mulher? Então a felicidade instantaneamente sumiu. Lucas e Sabrina trocaram olhares tristes e vazios e depois voltaram a fixar a visão no marinheiro. — Não, cara... nós estamos tão perdidos quanto você. Depois que tudo aconteceu eu fugi e encontrei Sabrina. Em nenhum momento eu quis voltar lá para ver a tragédia e agora estamos escondidos dentro de uma farmácia pequena e suja — confessou Lucas, tirando o sorriso da face. — Que droga... pensei que vocês estavam reunidos com os demais... contudo precisamos ver pelo lado bom! Isso é uma mensagem divina, não deixa de ser! Eu não suportava mais viver sozinho nessa merda de mundo... enfim, vamos nos reunir e conversar amigavelmente ao redor de uma fogueira! Eu estou vivendo em um lugar seguro e grande o bastante para todos nós! O que acham de se reunir comigo? — convidou Luciano, guardando a pistola e sorrindo. Ele estava muito satisfeito por ter encontrado antigos colegas, mesmo sabendo que não era exatamente o que desejava, porém seria bem melhor que passar o resto da vida sozinho no apocalipse. Sabrina puxou a manga da camisa de Lucas e sorriu para ele, como quem quer dizer que é melhor que estar em uma farmácia abandonada. — Sim, aceitamos sim. Você quer vir com a gente para buscar nossas coisas? Depois disso nós precisamos conversar, saber o que aconteceu e também formar planos! Aos poucos estamos nos reunindo e isso é bom! — disse Lucas, esperançoso. — Verdade, então vamos logo! Não quero perder mais tempo! Lucas sorriu e começou a descer a ladeira junto com os dois sobreviventes. Agora eles tinham motivos para felicidade. Aos poucos a esperança ia se renovando dentro de cada um. ... — Carol, pra onde porra estamos indo? Isso vai dar errado, melhor voltar e se abrigar em qualquer canto alto e seguro! — falou Daniele, nervosa. A chuva não diminuía, pelo contrário, só piorava. As duas mulheres estavam ensopadas e não sabiam como iriam sair dessa situação. A única opção viável era continuar, retroceder agora significaria perder uma chance de ouro. — Dani, simplesmente me segue e se mantenha calada, você não está percebendo que nesse mundo de merda se ficarmos sozinhas iremos ser estupradas ou mortas? — falou Carol, irritada. — Vou confiar em você... desculpe... — Até hoje nos mantive vivas. E estou tentando fazer com que continue assim! As duas continuaram caminhando pelas ruas ensopadas e enlameadas de Tamandaré. Carol tirou o excesso de água da frente do rosto e colocou a franja molhada para trás. A mulher apontou para um beco com alguns infectados mortos e Daniele entendeu na hora o que ela queria dizer. Se tinham cadáveres recentes ali, significava que aqueles homens passaram por lá. — Meu Deus! Acho que eles estavam fugindo… — exclamou Carol, assustada com a cena. Não chegava a ser um m******e, entretanto mais de dez monstros tinham sido mortos por pancadas ou cortes profundos naquele beco apertado, além disso, alguns outros infectados tinham morrido por pisoteamento, o que significava que tinha passado muito gente por ali. Até mesmo o sangue dos doentes era recente, escoando pelos cantos do beco. Daniele se segurou para não vomitar, a coitada não tinha estômago para aquilo. — Relaxa, Dani! As coisas são assim agora, ou você mata ou você morre! Acostume-se! Mesmo assim a mulher não conseguia se adequar. Ela decidiu tirar a vista da cena e focou no final do beco, ignorando todos os cadáveres. — Num instante vamos passar disso... não se preocupe! — falou Carol, puxando a amiga pela mão direita. Desde que se conheceram, Carol sabia que Daniele era fraca demais para aquele mundo apocalíptico. Ela não duraria um mês sozinha. Existiam pessoas de todos os tipos: fracas, fortes, inteligentes, burras, chatas, legais, estratégicas, rápidas etc. E Daniele não era nenhuma delas em isolado, mas sim uma mistura caótica, que ia de excesso de bondade até fraqueza psicológica. Mas uma coisa que definitivamente ela não era é o fato de ser boa em enfrentar situações difíceis. Diferente de Carol, que sabe exatamente como agir, e realmente age quando necessário. — Vamos embora logo... A dupla começou a caminhar pelo beco na direção da única saída, e no meio do caminho algo chamou a atenção delas. — Tô com medo... — Shh! Pare! Escutou? — repreendeu Carol, tentando distinguir o pequeno som que ouviu do intenso barulho da chuva. — O quê? — Daniele ficou ainda mais assustada e colou na amiga. — Você não ouviu? Tem infectados por perto! As duas se entreolharam e Carol segurou firme a pistola. A chuva só aumentava, e para piorar, agora os raios caíam cada vez mais perto, com trovoadas estrondosas. No meio de toda essa confusão os ouvidos aguçados de Carol captaram pequenos gemidos. — Aqui! A moça se aproximou no canto da parede do beco e encarou alguns corpos esquartejados. Eram quatro corpos jogados no chão, com cortes profundos, ossos quebrados e tudo mais. A cena era bastante pesada. Aquilo definitivamente tinha sido um pequeno m******e. Mas por incrível que pareça tinha alguma coisa viva ali. Debaixo de dois corpos ensanguentados algo se mexia e gemia. Carol não sabia se queria descobrir o que estava ali embaixo, porém a curiosidade sempre vencia. — Vamos embora! Não mexe aí! — pediu Daniele, encostada nas costas de Carol. A mulher que estava à frente se agachou com cuidado e, com o cano da arma, afastou um dos corpos. As duas se assustaram. Era um homem. Completamente sujo de sangue, com vários cortes pelo corpo, o rosto inchado e deitado no chão imundo. Ele se tremia por completo, quase totalmente inconsciente. Carol e Daniele ficaram boquiabertas. — O que é isso? Que porra é essa? Ele está vivo? — indagou Dani, nervosa e enjoada. —Não sei... não sei nem o que ele é! — respondeu Carol, tirando o corpo de um infectado de cima do estranho. Carol fixou o olhar no rapaz e percebeu que ele não era normal. Rapidamente a moça se afastou. — Cuidado! Ele está se transformando! — disse ela, empurrando Daniele para o lado. As duas estavam completamente assustadas. O pobre rapaz tentava balbuciar algo, até que ele finalmente conseguiu. — C... C... Carol se aproximou dele com cautela e aguçou os ouvidos. — Carla... — cochichou o homem, esboçando um sorriso e semi-inconsciente. — Ele falou! Eu ouvi! Se falou não é um infectado! Só que elas perceberam que o corpo do rapaz estava repleto de veias saltadas e esquisitas. — Coitado… eu não sei o que merda ele é, mas acho melhor tirá-lo daí! — decidiu Carol, tirando os corpos dilacerados de cima do homem. — Você está maluca? E se ele realmente estiver se transformando naquelas coisas? Provavelmente foi mordido e sobreviveu ao ataque por pura sorte! — falou Daniele, afastando-se. — Seja o que for… ele ainda está vivo e não vou deixar uma pessoa no meio dessa merda toda. Vamos dar a esse pobre coitado ao menos um local digno para morrer... Daniele ia reclamar, mas viu que não tinha como. Carol respirou fundo, olhou para ambos os lados do beco para ter certeza que não tinha perigo por perto, e voltou a sua atenção ao homem. Ela empurrou para o lado um escudo militar que estava por cima do peitoral do rapaz ferido, pegou o facão e a pistola que ele portava, e começou a arrastá-lo para fora do beco. Daniele ajudou com uma expressão de nojo misturado com medo. — Ele é um daqueles homens que estamos seguindo! Olha só o escudo! Demos sorte! Será nosso cartão de visitas para o novo grupo! Talvez por isso eles nos aceitem! — afirmou Dani, pensativa. As duas mulheres concordaram e continuaram arrastando o rapaz. Por sorte dele, elas chegaram ali no momento certo e na hora certa. Definitivamente era um cara de sorte. Talvez não fosse o melhor, o mais ágil, o mais inteligente, mas Deus tinha planos para ele. Ainda não tinha chegado sua hora de partir. Ele precisaria de cuidados médicos urgentes, pois tinha quebrado costelas, sofrido vários cortes, contusões etc. Mas a vida não tinha se extinguido. Luiz Felipe estava vivo. E é isso que importa.
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