Narração Nicholas
Quando cheguei na boate e finalmente encontrei meus amigos pensei que o melhor seria tentar esquecer completamente do dia de hoje. Me afundei na bebida querendo poder esquecer do meu próprio nome. Hoje por algum motivo estava pior do que todos os outros anos, sentia saudade, sentia culpa, sentia raiva, sentia arrependimento. Meus amigos nunca né viram desse jeito, me mandavam parar de beber, mas não dei ouvidos, essa noite eu só queria ter a companhia da bebida.
Matheus me olhou e pude sentir a pena transmita pelos seus olhos. Ele sabia que dia era hoje, ele estava comigo naquele dia. Seus semblante triste me observando me deixou ainda mais irritado. Não quero pena de ninguém.
Me afastei dos meus amigos e fiquei no canto sozinho bebendo e de repente vejo cabelos vermelhos passarem pela boate. Uma pequena garota de cabelos vermelhos passa animada com seus amigos, a marrentinha tinha marcado sua presença na festa. Ela nem nota a minha presença. Corre para a pista de dança e dança animadamente. Seus passos eram bizarros, mas estranhamente pareciam se encaixar perfeitamente no ritmo da música. Diferente das outras garotas ali que dançavam seducentes, a marrentinha estava longe disso, ela parecia só querer se divertir, cantava alto as músicas e dançava de um jeito engraçado. Ela e seus amigos pareciam se divertir tanto. E pela primeira vez eu reparo de verdade neles. A marrentinha pequeninha, como um ser humano tão pequenininho podia ser tão abusado? Sua pele branca pálida brilhavam debaixo das luzes. Ao lado dela havia a garota loira que era quase do mesmo tamanho, mas usava saltos enormes, magrinha e com cabelos enormes. A morena era a mais alta, cabelos cacheados batiam no meio das costas, era também a mais sensual das três, mas mesmo assim tinha o jeito louquinho das outras duas. E para finalizar tinha o garoto alto um pouco fortinho com luzes loiras, do lado das meninas ele parecia um gigante, mas não o culpo eu do lado delas parecia também. Eles eram um g***o normal, mas pareciam que brilhavam naquele dia, pelo menos aos meus olhos eles eram o g***o que chamavam mais atenção. O jeito que eles dançavam com toda a energia, pulavam cantavam alto e riam, fazia parecer que eram os que mais estavam aproveitando a festa, mas reparei que não vi nenhum deles nem encostarem em um copo de álcool.
Observei novamente a marrentinha, seu sorriso estava enorme, mesmo de longe eu conseguia ouvir sua voz alta cantando a música bem desastrosamente e ria de si mesma. Vendo aquele sorriso tão sincero em seu rosto, acabei pensando como seria aquele sorriso sendo dirigido especialmente para mim? Sacudo a minha cabeça tirando aqueles pensamentos, Clara era linda, mas não posso esquecer o quão esquentadinha e barraqueira aquela garota era.
…
A festa continuava e meus olhos não saiam da marrentinha, ela sai da pista de dança se distância dos amigos e vai para o bar. Não sei se foi o efeito da bebida, mas me levantei e a seguir. Fiquei atrás da baixinha e abracei sua cintura com meus braços, apoiei minha cabeça em seu ombro e fechei meus olhos.
Nicholas: _ Você está tão linda.
Falei perto de seu ouvido, ela tirou meus braços dela e se virou raivosa. Mas seu semblante irritado mudou para surpresa.
Clara: _ Nicholas?
Ela me olhou chocada, dei um sorriso.
Nicholas: _ Sou eu sim, gata.
Sinto que minhas palavras saíram um pouco emboladas.
Clara: _ O que você… Minha nossa você está bêbado?
Nicholas: _ Eu estou bem!
Me desencosto dela e cambaleio, ela me segura.
Clara: _ Ah estou vendo, você realmente está muito bem.
Sua voz era irônica e posso sentir que ela está irritada. Ela suspira irritada enquanto tenta me sentar no banco.
Clara: _ Porque bebeu tanto?
Nicholas: _ Estava me divertindo!
Me levanto rápido da cadeira que ela me sentou, mas me arrependo na mesma hora, tudo roda e eu cambaleio novamente, ela me segura.
Clara: _ Que bom que se divertiu, porque sua diversão acaba agora. Você vai pra casa.
Seu jeito mandão me irrita. Me solto dela.
Nicholas: _ Eu não vou pra casa, eu vou continuar aqui meu bem. Ninguém manda em mim. NINGUÉM MANDA EM MIM!
Grito e rio do que falei. Encaro Clara que está revirando os olhos a minha frente.
Clara: _ Acabou seu showzinho? Vamos vou te ajudar a ir pra casa.
Clara tenta me guiar até algum lugar, mas eu me afasto irritado.
Nicholas: _ Eu não quero ir pra casa, será que você é s***a. Vim me divertir, já que você não está querendo, me erra.
Tento sair andando arrastado, mas ela segura o meu braço.
Clara: _ Acho que você não está entendo, riquinho. Você não tem querer. Pode ser um bosta, mas não vou deixar você aqui desse jeito.
Não sei ler o seu semblante, parece raiva ou irritada, mas ao mesmo tempo parece que está preocupada ou com pena.
Nicholas: _ Está com pena de mim?
Clara: _ Pena de você?
Ela ri com desdém.
Clara: _ Pena eu tenho das pessoas que convivem com você, que garoto teimoso.
Agora é minha vez de rir.
Nicholas: _ Agora o teimoso sou eu? Era só o que me faltava.
Clara: _ Se por acaso está querendo dizer que sou teimosa, então porque está perdendo o tempo discutindo comigo? Você não tem a menor chance. Vamos.
Vejo a determinação em seus olhos. Ela não ia desistir. Minha cabeça já estava doendo e meu estômago irritado. Suspiro e passo minhas mãos trêmulas por meu cabelo.
Nicholas: _ Tudo bem, eu vou.
Ela sorri vitoriosa.
Clara: _ Vamos fingir que você tinha escolha.
Ela me leva até o estacionamento. Eu abro a porta do motorista e ela fecha a porta, a olho irritado.
Nicholas: _ O que você acha que está fazendo?
Clara: _ Eu que deveria está perguntando isso. Você é i****a ou se faz? Não vai dirigir nesse estado. Me dá essa chave.
Nicholas: _ Você não vai dirigir o MEU carro. Eu dirijo.
Clara: _ Nicholas, VOCÊ ESTÁ BÊBADO! Quer mesmo m***r alguém? Por que é o que vai acontecer se você dirigir nesse estado.
O acidente vem a minha mente, olho para a ruiva me encarando e entrego as chaves do meu carro em suas mãos. Ela me guia até a porta do passageiro e abre a mesma.
Clara: _ Primeiro as damas.
A olho f**o e ela ri. Entro e ela fecha a porta. Quando ela entra e se senta olha para os botões do carro.
Clara: _ Ok, como se dirige isso?
Nicholas: _ VOCÊ ESTÁ BRINCANDO?!
Clara ri.
Clara: _ Óbvio.
Ela fala, mas olha confusa novamente para os botões.
Clara: _ Tudo bem, é esse aqui.
Ela aperta o botão certo e começa a dar partida no carro. E eu ligo o GPS colocando a direção da minha casa.
Clara: _ Acho que é importante avisar que eu não dirijo a muito muito tempo.
Nicholas: _ Acho que estou começando a ficar sóbrio agora e percebendo a burrada que fiz.
Ela ri.
Clara: _ Mas olha eu teria uma boa história pra contar para meus amigos. Bati o carro caríssimo do menino de Fleer.
Ela termina debochando do meu sobrenome e eu reviro os olhos.
Nicholas: _ Porque está me levando até em casa? Você me odeia, deveria me deixar cair no chão na boate.
Ela fica pensativa.
Clara: _ Ok, devo admitir que seria engraçado de presenciar.
Ela me olha e percebe que estou sério. Ela suspira.
Clara: _ Não sou a melhor pessoa do mundo, engomadinho. Mas eu não te deixaria lá daquele jeito.
Ela fala simplesmente com o foco na estrada. Quando vejo minha casa eu mando Clara parar.
Clara: _ Você só pode está brincando.
O portão se abre assim que meu carro se aproxima. E ela entra, o carro segue a rua que tem dentro do terreno na minha casa e que leva até o estacionamento. Ela estaciona o carro.
Clara: _ Ok, eu sabia que você era rico, mas não imaginava que era o próprio tio patinhas.
Rio de seu comentário.
Nicholas: _ Agora quer ser a minha amiga?
Clara: _ Quero ser amiga dos seus pais, aposto que você não contribuiu nem um centavo com essa casa.
Faço uma careta.
Nicholas: _ Você sempre tem que me insultar?
Ela ri saindo do carro, ela vai até a porta do meu carro.
Clara: _ Pronta donzela em perigo, está em casa. E respondendo sua pergunta: sim, te irritar virou o meu passatempo favorito.
Reviro os olhos e saio do carro.
Nicholas: _ Percebi.
Ela me leva até dentro de casa. E depois estende sua mão pra mim, olho sem entender.
Clara: _ Fui sua salvadora e chofer particular, seja generoso.
Gargalho, ela era ridícula.
Nicholas: _ Não mandei você fazer nada.
Dou de ombros.
Clara: _ Que ingratidão, deveria ter batido o seu carro na primeira árvore que vi.
Sento no banco da cozinha e coloco minha mão em minha testa e fecho os olhos. A enxaqueca começa a vim. Clara me olha com aquele olhar indescritível novamente.
Ela suspira e começa a mexer no armários da cozinha.
Nicholas: _ O que está fazendo?
Clara: _ Procurando gengibre.
Nicholas: _ Pra que?
Clara: _ Para fazer um chá. É bom para ressaca, você vai precisar. Parece que estava bebendo álcool como se fosse água.
Reviro os olhos.
Nicholas: _ Como se nunca tivesse bebido.
Clara: _ Eu bebo, mas raramente, me divirto com outras coisas. Beber um pouco Nicholas não faz m*l a ninguém, mas beber que nem um louco traz consequências. Você é muito novo pra ser um alcoólatra louco.
Nicholas: _ Eu também não costumo beber assim, hoje só é um dia difícil.
Ela continua vasculhando os armários.
Clara: _ Quanta m***a de armário. Eu só quero uma xícara. Espera cadê suas empregadas? Nessa casa aposto que tem umas 10.
Nicholas: _ Temos no geral 27 funcionários trabalhando nessa casa. Mas hoje todos estão de folga.
Clara: _ Todos folgam no mesmo dia? Não parece ser muito inteligente.
Nicholas: _ Todos não folgam no mesmo dia, só hoje. Só nessa m***a de dia.
Clara me encara, mas não faz nenhuma pergunta. Apenas encontra as coisas que parece que precisaria. Ela vai até a geladeira e encontra um bilhete.
Clara: _ Estava na geladeira.
Ela me entrega.
Nota: Filho, eu e seu pai vamos passar a noite fora. Fique bem, amanhã nos vemos.
Reviro os olhos. Mais ou menos eles sempre davam um jeito de ficarem longe de mim nesse dia.
Nicholas: _ Meus pais não tão em casa.
Clara: _ É eu meio que li, foi m*l. Que tal você tomar um banho de água gelada deve melhorar a sua disposição. Vou fazer um chá pra vê se melhora a sua dor de cabeça e você toma algum remédio. Amanhã vai estar melhor.
Clara me dar um sorriso encorajador e eu me pergunto o porque ela está fazendo tudo isso.
Nicholas: _ Estou com preguiça.
Ela suspira.
Clara: _ Larga essa preguiça i****a. Vai toma um banho de água gelada e vem.
Nicholas: _ É só tomar banho e vim? Não preciso me vestir?
Sorrio seducente e ela fecha os olhos e bufa.
Clara: _ Acho que eu nem preciso responder essa pergunta né Nicholas Fleer Albuquerque Reis.
Me espanto.
Nicholas: _ Como você sabe meu nome completo?
Ela aponta para um diploma pendurado na parede ao meu lado, que tinha meu nome completo em letras grandes. Me sinto um i****a por não lembrar disso, me dirigi até o quarto.
Tomo um banho um pouco demorado, mas me lembro que Clara deve está impaciente. Me visto com uma calça de moletom e desço. Encontro Clara não impaciente, mas devorando uma caixa de trufas de chocolate.
Clara: _ Vou pegar esses chocolates como minha compensação.
Nicholas: _ Eu valho uma caixa de trufas?
Clara: _ Não, mas eu sou cara.
Rio e ela me entrega uma xícara quente.
Nicholas: _ Acho que não quero beber isso.
Clara: _ Acha que eu envenenei?
Ela fala irritada e eu rio, aquilo nem passou pela minha cabeça.
Nicholas: _ Não, é só que não gosto de chá.
Ela revira os olhos e eu começo a achar menos irritante essa mania dela.
Clara: _ Deixa de ser fresco e bebe logo isso que estou indo embora.
Nicholas: _ Quer que eu te leve, depois do banho dei uma melhorada.
Clara: _ Não obrigada, eu pego um táxi pra cas….
Ela para e arregala os olhos.
Clara: _ m***a!
Ela pega o celular e suspira.
Nicholas: _ O que foi?
Ela não me responde de primeira. Mas continua mexendo no celular irritada.
Nicholas: _ Clara o que foi?
Clara: _ Eu tinha que ir pra casa da Mel, eu ia dormir lá. Nem trouxe chave de casa, minha vó já deve está dormindo.
Ela pega o celular e coloca no ouvido.
…
Clara: _ A Melanie não atende esse celular. Espero que não tenha ido dormir. Ela me mandou mensagem me perguntando se eu realmente ia pra lá, mas eu nem respondi. Ela deve ter ido sem mim.
Nicholas: _ Não se preocupe, dorme aqui. O que não falta é quartos vagos.
Clara nem olha pra mim.
Clara: _ Posso ir pra casa, eu sei pular a janela da cozinha e nem vou precisar acordar a minha vó. Vou pedir um táxi, relaxa, já pulei a janela várias vezes quando adolescente.
Nicholas: _ Em primeiro lugar sua casa não é nem 1% segura, se você consegue facilmente invadir desse jeito. E em segundo lugar são 3 horas da manhã, eu não vou deixar você pegar um táxi sozinha a essa hora. Escolhe um quarto e dorme. Amanhã cedo eu te levo se você quiser.
Clara fica pensativa.
Clara: _ Ok, eu vou dormir aqui. Mas lembre-se o fato de ter te ajudado e ter dormido aqui não nos faz amigos. Vamos ter na mente que sou apenas interesseira e quero ter um vislumbre do que é dormir numa mansão uma vez na minha vida.
Rio com seu comentário.
Nicholas: _ Relaxe longe de mim, achar que a Anna Clara seria minha amiga.
Ela sorri.
Clara: _ Bom estou cansava, me mostre um quarto que eu possa ficar.
Vou subindo as escadas e Clara repara em tudo. Ela parece deslumbrada com a casa e faz um monte de perguntas idiotas.
Clara: _ Você não precisa de um mapa? Minha nossa, essa escada gigante parece muito aquelas das novelas onde alguém m*l empurra alguém pra morte. Em alguém já morreu nessa escada? Sua família tem alguém tramando ou conspirando para herdar o império? Quando você sai tem guardacostas escondidos te protegendo?
Nicholas: _ Você não é nada normal. Essa coisas só acontecem em filmes. Todos da família Fleer sabem os seus determinados lugares, ninguém briga por causa de herança. E não preciso de guardacostas, só um i****a tentaria fazer algo com a família Fleer.
Ela revira os olhos.
Clara: _ Não acredito. Olha aqui até nos pobres temos brigas por herança. Mesmo sendo um terreno pequeno do lado de um valão ou até mesmo um lixão, vai ter briga pra herdar. Quem dirá vocês ricos. A briga deve ser pesada.
Chegamos ao quarto que a deixaria dormir. Ela entra.
Clara: _ Você só pode estar brincando!
Sorrio satisfeito. Era um dos maiores quartos, era de visita. Todo decoração em Prata e azul.
Nicholas: _ Está bom pra você?
Clara: _ Está brincando?! É perfeito.
Nicholas: _ Fique a v*****e deve ter algo no armário, minha mãe sempre deixa algumas roupas para se vier visita. Vou te deixar descansar.
Vou sair do quarto.
Clara: _ ESPERA!
Paro na porta e a encaro.
Clara: _ Vocês não são tipo… Envolvidos na máfia, não né?
Gargalho dessa garota.
Nicholas: _ Sim, Clara. E vendemos órgãos humanos no mercado n***o. Então cuide bem dos seus órgãos.
Falo e fecho a porta. Ouço um barulho alto da cama, provavelmente ela teve ter pulado nela. Saio e vou para o meu quarto. Me jogo na cama e fecho os olhos. Anna Clara estava na minha casa, quem diria. Acho que depois de hoje será difícil odia-la como antes. Parece que estou gostando até mesmo de seu jeito mandão. Não, provavelmente é o efeito da bebida.
Me deito e tento dormir, mas minha cabeça ainda doía e meus olhos sempre encontrava o porta retrato com a foto minha e do meu irmão. Gabe. Acho que hoje não conseguiria dormir, e nem mereço. Como posso ter uma boa noite de sono quando hoje faz 3 anos que eu tirei a vida de um garoto inocente. Me levantei e sai do quarto fui até a sala e me joguei no sofá querendo só desaparecer.