❤️ LARA
A noite deveria ser silenciosa.
Depois do caos, da fuga frustrada e da revelação que quase desmoronou minha sanidade, eu esperava… paz.
Mas, com Dante por perto, paz é um conceito nada definitivo, pois sempre é substituído por algo mais forte, denso, quente demais.
Ele havia insistido para que eu descansasse. Para que eu comesse. Para que respirasse.
Mas como respirar quando o homem que mudou todas as minhas certezas está a poucos passos de mim, andando de um lado para o outro na sala estreita da casa segura, como uma tempestade com pernas?
Eu o observo pela porta entreaberta.
Ele está irritado. Não com raiva — irritado pelo simples fato de não conseguir me afastar da cabeça dele, mesmo quando tenta.
Irritado porque ele sente mais do que deveria. E porque eu sinto também.
A tensão entre nós não está só no ar. Está nos ossos. Gruda na pele.
Quando ele finalmente me percebe, para, e o olhar dele — aquele olhar escuro que sempre me lê por inteiro — se fixa em mim.
— Você deveria estar dormindo — ele diz, voz baixa e grave.
— E você deveria parar de andar como se estivesse prestes a explodir — respondo, cruzando os braços.
— Não estou explodindo.
— Não? — dou um passo à frente.
— Você parece pronto para atravessar paredes.
A mandíbula dele aperta. Só um pouco.
Só o suficiente para eu saber que toquei no ponto certo.
— Você quase morreu hoje — Dante diz, e a voz dele quebra num lugar que ele não queria que eu escutasse.
— Eu… não gostei da sensação.
Meu coração falha. Prontos o meu coração Literalmente falhou.
— Não foi sua culpa — digo, suave.
— Mas eu estava lá — ele rebate.
— E se eu não tivesse chegado a tempo?
Ele respira fundo, como se estivesse tentando se controlar. Como se eu fosse o problema central dessa tentativa.
Ele caminha até mim. Lento. Perigoso.
E quando para a poucos centímetros, meu corpo inteiro acende.
— Lara… — ele sussurra, e só meu nome na boca dele já parece íntimo demais.
— Você me tira do eixo, de um jeito que não sei explicar.
Eu engulo.
— É recíproco Dante— sussurro de volta.
Os olhos dele caem para minha boca — rápido, quase imperceptível. Mas eu vejo. Oh, eu vejo.
— Isso não deveria acontecer — ele murmura.
— Mesmo assim está acontecendo.
O silêncio que se segue é vivo. Denso. Quase palpável.
A respiração dele toca meu rosto.
Eu deveria recuar.
Ele deveria recuar.
Nenhum de nós se move.
— Quando você correu para me proteger… — digo, a voz tremendo um pouco. — Você parecia…
— Desesperado? — ele completa, e há um perigo no sorriso lento que aparece no canto da boca dele.
— Porque eu estava.
Meu estômago vira.
O ar pesa.
E eu sinto — com absoluta clareza , que estamos ultrapassando todas as linhas.
As mãos dele tocam meu rosto antes que eu perceba. Grandes. Firmes. Quentes.
Meu pulso dispara tão rápido que tenho certeza de que Dante sente a vibração quando seu polegar passa pela minha pele.
— Isso é loucura — ele diz.
— Então talvez eu esteja ficando louca também — murmuro.
Ele ri. Um riso rouco, arrastado, que arrepia tudo em mim.
— Você não tem ideia — Dante diz, aproximando o rosto do meu, a respiração tingindo meus lábios. — Não tem ideia do que eu preciso fazer para não…
Ele para.
Eu sussurro:
— Não o quê?
Ele fecha os olhos por um segundo. Só um. E quando abre de novo, a decisão já está lá.
— Não te beijar.
Meu corpo inteiro treme.
— Então… não se controle — suspiro.
Ele perde o controle.
A boca dele cai sobre a minha — mas sem pressa. Sem atropelos.
É um toque profundo, cheio de fome contida, de promessas escuras, de tudo o que ele tentou esconder de mim até agora.
Ele me beija como se estivesse confessando um pecado.
E eu correspondo como se estivesse cometendo o mesmo.
Sua mão desliza para minha nuca, puxando-me para mais perto, como se temesse que eu desaparecesse.
A outra aperta minha cintura, firme, possessiva, queimando através da roupa.
Eu me seguro nos ombros dele, nos músculos tensos, na força que sempre me amedrontou um pouco — e me atraiu demais.
O beijo aprofunda.
A respiração se perde.
Eu me perco.
E quando finalmente ele afasta a boca da minha, é só o suficiente para encostar a testa na minha, a respiração ainda tremendo entre nós.
— Isso… muda tudo — Dante murmura.
— Eu sei — digo, sem medo.
Ele desliza o polegar pelos meus lábios, ainda trêmulo.
— Você é problema demais para mim, Lara.
— E você é perigo demais para mim — respondo.
— Parece uma combinação perfeita.
Ele sorri. Um sorriso perigoso. Lindo. Devastador.
— Você não faz ideia.
E então ele me puxa de volta para outro beijo — mais intenso, mais urgente, mais dele.
O tipo de beijo que marca.
O tipo de beijo que bagunça destinos.
O tipo de beijo que, no fundo, eu sempre soube que estava esperando.