Capitulo 15

1152 Words
Lara A porta do carro se fechou com um estrondo seco, ecoando no silêncio tão sufocante da madrugada. Lara ainda sentia o gosto do beijo de Dante queimando nos lábios, e o mundo parecia girar rápido demais enquanto ele acelerava pelas avenidas iluminadas de Las Vegas. — Para onde estamos indo? — ela perguntou, o coração em disparada não apenas pelo medo… mas por ele. Dante não respondeu de imediato. As mãos firmes seguravam o volante com força, como se tivesse medo de quebrá-lo. O maxilar travado, o olhar cortante, a respiração pesada. Ele era um furacão contido. Finalmente, falou: — Para um lugar onde Rafael não vai conseguir te alcançar. — Isso significa que você acha que ele já está aqui? Em Las Vegas? Dante lançou um olhar rápido para ela. — Eu não acho, Lara. Eu sei. Um arrepio correu pela espinha dela. — Como você sabe? A resposta veio curta e devastadora: — Porque recebi uma mensagem dele. ----- Quando chegaram ao destino , uma casa afastada, nos limites escuros do deserto, Lara percebeu que não era apenas um esconderijo. Era um refúgio particular, moderno, silencioso, isolado. Seguranças discretos rondavam a área. Câmeras escondidas nos cantos. Dante vivia em guerra, e só agora ela começava a entender a dimensão disso. Assim que entraram, ele trancou a porta e virou-se para ela, aproximando-se devagar, como se a proximidade fosse inevitável. — Me mostra a mensagem — Lara pediu. Dante hesitou por um segundo, mas pegou o celular. A tela exibia um número desconhecido. Uma única frase: “Gosto do que é importante para você. Vou levar.” E abaixo, uma foto. Lara. Entrando no hotel naquela noite. Lara sentiu o ar escapar dos pulmões. — Ele estava lá — sussurrou. — Tão perto… Dante guardou o celular, aproximando-se até que ela sentisse o calor do corpo dele. — Ele não vai tocar em você — disse, com uma voz baixa e perigosa. — Nem chegar perto. Eu juro. Ela levantou o rosto, olhando nos olhos dele. — Dante… eu preciso saber. Quem é Rafael? Por um instante, Dante pareceu lutar com a própria sombra. Ele passou a mão pelos cabelos e caminhou até a mesa, parando como se estivesse diante de um fantasma. O silêncio dele dizia muito — medo, culpa, arrependimento. — Rafael Vento era meu melhor amigo — começou. — Meu irmão de escolha. Crescemos juntos… e juntos entramos no mundo das apostas. Ele era brilhante, impulsivo, perigoso. Eu… eu o admirava mais do que deveria. Lara não piscou. — O que aconteceu? Dante respirou fundo, como se removesse um espinho antigo. — Ele se envolveu com a pessoa errada. Com gente poderosa demais até para mim. Começou a roubar, trapacear, vender informações. E quando eu descobri… quando tentei tirá-lo disso… ele virou contra mim. Os olhos de Dante escureceram. — Rafael tentou me incriminar. Tentou destruir meu nome. Tentou me matar. Lara levou uma mão à boca. — Meu Deus… — Eu tive que me defender — ele continuou, a voz quase um sussurro. — Houve um confronto. Um incêndio. E Rafael… sumiu. Nunca encontraram o corpo. Todos acharam que ele tinha morrido. Até hoje. Lara se aproximou devagar, tocando o braço dele. — Você se culpa, não é? Ele fechou os olhos por um segundo. — Todos os dias. — Você achou que ele estava morto… — E agora ele está voltando — Dante concluiu. — E está usando você para chegar até mim. O silêncio entre os dois era eletrizante, tenso, quase palpável. Lara tocou o rosto dele, algo que nem ela própria esperava fazer. Mas Dante não recuou. Pelo contrário — inclinou-se na direção dela, como se precisasse daquele toque para respirar. — Eu não tenho medo de Rafael — ela disse. — Tenho medo do que você está escondendo de mim. Dante abriu os olhos. Um olhar intenso, ardente, faminto e ferido. — Eu não quero te perder — confessou. — E isso me assusta mais do que qualquer inimigo. Aquela sinceridade rasgou as defesas de Lara. Antes que pudesse pensar, Dante segurou sua cintura e a puxou com firmeza. — Dante… — ela tentou falar, mas a voz falhou. — Eu vou proteger você — ele murmurou. — Mesmo que você me odeie por isso. O calor entre eles crescia, puxando-os como ímãs contrários prestes a colidir. Mas antes que o beijo acontecesse… BANG. Um tiro ecoou lá fora. Lara congelou. Dante virou instantaneamente, puxando-a para trás dele, o corpo inteiro tenso como aço. — Fica aqui — ele ordenou, a voz grave, fria. — Dante, não—! Mas era tarde. Ele já havia sacado a arma e saído pela porta. Lara correu até a janela. No escuro, viu dois seguranças correndo e um vulto desaparecendo no mato seco. Mais tiros. Gritos abafados. O som angustiante de luta. O medo tomou conta dela, queimando na garganta. Rafael estava ali. Rafael tinha achado eles. Minutos que pareceram horas se passaram até Dante voltar. Ele entrou suado, respirando rápido, com sangue no braço , não dele, ela percebeu depois — e o olhar totalmente selvagem. — Ele está nos rondando — Dante disse. — Mas não vai escapar por muito tempo. Lara correu até ele, tocando seu rosto, suas roupas, certificando-se de que estava inteiro. — Você está bem? Você… você se machucou? Dante segurou as mãos dela. — Eu estou bem. Mas você… Ele a puxou para um abraço inesperado. Forte. Quente. Dolorido e protetor. Lara sentiu o corpo todo derreter contra o dele. — Eu não podia te perder — Dante murmurou contra seu cabelo. — Não agora. Ela se afastou só o suficiente para olhar nos olhos dele. — Então para de me manter no escuro — pediu, com a voz baixa, vulnerável. — Eu sou sua parceira nisso. Eu quero ser. Dante a olhou de um jeito que ela nunca tinha visto , como se estivesse enxergando algo que nunca soube que precisava. — Lara… você é muito mais do que isso. Lara engoliu seco. — Então me diz. O que eu sou? O olhar dele desceu para a boca dela. O tempo parou. — A única coisa que eu não posso perder — Dante respondeu, em um sussurro quente. E dessa vez, foi ela quem o puxou. O beijo veio profundo, urgente, carregado da tensão de tudo que viveram naquela noite — medo, desejo, raiva, necessidade, alívio. Um beijo que prometia guerra. E, ao mesmo tempo, prometia fogo. Quando se separaram, ofegantes, Dante encostou a testa na dela. — A partir de agora — disse — você não fica sozinha. Nunca mais. Lara sentiu um arrepio percorrer todo o corpo. Porque ela sabia que aquelas palavras não eram apenas proteção. Eram posse. Eram desejo. Eram um aviso ao mundo: Dante Moretti havia escolhido. E nada — nem Rafael, nem o passado, nem o perigo — ia tirá-la dele.
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