CAPÍTULO 45 Sofia & Heloá As marcas roxas ainda queimavam como fogo. Cada movimento doía, lembrando que a favela não perdoa traição — mesmo quando não existe uma de verdade. Sofia olhava o espelho com ódio nos olhos. Um roxo profundo atravessava seu ombro até a base das costelas. Os olhos claros, geralmente frios, agora ardiam de raiva contida. No sofá, Heloá gemia baixinho, os cabelos loiros desgrenhados, o lábio rachado. Um dos vapores do Condor tinha quebrado um cabo de vassoura nela. Tudo por terem se aproximado demais. — Eles mandaram bater na gente como se fôssemos cachorro — sussurrou Heloá, cuspindo sangue seco. — E ainda saíram como os certos, né? — Sofia falou baixo, sem tirar os olhos do próprio reflexo. — Os queridinhos do morro. Cheios de mulherzinha de moral do lado, c

