SUBJUGADA AO DONO DO MORRO DA PROVIDÊNCIA.
SINOPSE
Brayan, conhecido como Condor, é temido por todos.
Líder implacável do morro, governa com punhos de ferro e não permite que ninguém se aproxime de seu coração. Amor, para ele, é fraqueza — sentimento reservado apenas à sua mãe e irmã, as únicas por quem nutre algum afeto. c***l, frio e impiedoso, Condor aprendeu a sobreviver matando antes de ser morto.
Mas tudo muda com a chegada de Indyara.
Jovem, doce e inocente, Indyara é entregue em casamento forçado ao chefe do morro para pagar uma dívida de seu pai com o Comando. Criada para obedecer, ela se vê presa em um mundo que desconhece — e nas mãos de um homem que não conhece compaixão.
No entanto, mesmo diante da dor e do medo, Indyara não se entrega tão facilmente. E o que parecia ser apenas mais uma relação de dominação pode se transformar em algo muito mais profundo.
Será Indyara capaz de quebrar as barreiras de gelo que envolvem o coração de Condor?
Até onde o amor pode alcançar em meio à violência, ao medo e à escuridão?
Capítulo 1
Condor narrando...
Daqui do alto do morro, no meu cantinho de paz, fico observando todo o movimento, os corre dos meno, como minha quebrada tá maneira. Mas não era assim quando herdei esse morro.
Tava tudo destruído. Paquetá — vulgo meu pai — só queria saber de p**a e droga, e o morro jogado às traças.
LEMBRANÇA ON
Minha irmã já tinha 3 anos. Coisa mais linda, inocente... não fazia ideia do inferno em que vivíamos.
Eu sempre gostei de sair com os amigos, espairecer da loucura em casa. Uma noite, voltei mais cedo que o normal. m*l entrei e já ouvi os gritos da minha mãe vindo do quarto. Corri e meti o pé na porta.
Ela tava toda rasgada, a boca sangrando, o olho roxo. E o desgraçado do Paquetá com a mão apertando o pescoço dela, babando ódio.
— Larga ela, Paquetá! — gritei. — Sai daqui, p***a!
— Tá defendendo essa vagabunda? — ele cuspiu com nojo. — Mulher não vale nada. Serve pra destruir ou aliviar o saco. Tô indo nessa.
E saiu como se nada tivesse acontecido. Um lixo de homem. Minha mãe ficou ali no chão, fraca, tremendo, sangrando... com a dignidade arrancada.
Naquela época eu já sabia: minha irmã tinha nascido de um estupro. Ele forçou minha mãe quando ela não queria mais. E mesmo assim ele nunca ligou, nunca quis saber da filha só por ser mulher.
A polícia invadiu o morro, Paquetá foi baleado e caiu na minha frente. Eu não chorei. Pelo contrário... vi um alívio silencioso no olhar da minha mãe. Um peso que saiu. Um monstro a menos na nossa vida.
LEMBRANÇA OFF
Hoje meu morro tem regras.
E aqui, quem manda sou eu.
1: Estupro é imperdoável.
2: Briga no morro não rola.
3: Respeito é base. Fiel é sagrada.
Quem vacila... vai pro desenrolo.
Hoje completei 36 anos. Continuo morando com minha coroa. Tenho minha mansão no alto, e mais sete casas espalhadas.
A da rua cinco virou casa do abate — onde levo as mulheres que vêm só pra curtir. Mas a mansão? Só entra minha mãe e minha irmã. Ali é sagrado.
Fico mesmo na casa que construí pra coroa. Gosto de ver ela tranquila, cuidando das plantas.
As coisas mudaram por aqui.
Tem posto de saúde que parece hospital. Escola, creche, tudo de primeira. Quadra de futebol pros moleques, pracinha com brinquedo pros menorzinhos.
Ao lado da quadra tem o galpão dos bailes. Tem dois camarotes — um vip e o meu, claro.
Só sobe quem é de verdade: meu sub, gerente geral, chefe da segurança, chefe dos vapor e os aliados do Comando. Eles vêm com as companheiras.
Hoje tem festa.
Aniversário do pai.
Vai ter lazer, música boa e mulher bonita subindo do asfalto.
As "patricinhas" adoram vir pro baile, sentar no colo dos bandidos, dar uns teco, fumar um fino, e depois se perder na madrugada.
As daqui... elas já têm o alvo certo: frente, gerente, quem banca. Sabem como funciona o jogo.
Eu não me apego. Comigo é sem sentimento.
Curtiu? Beleza. Levanta e segue.
Mas tenho uma mulher que é minha fixa. Mabel. 29 anos. Cabeça no lugar.
Não é minha fiel, mas é só minha.
Já deixei claro:
— Se eu souber que outro entrou, vai ter consequência.
Quem mexe no que é meu, paga o preço.
Não durmo com ela. Nunca dormi com mulher nenhuma. Mas dei casa, dei carro, banco o que ela quiser. Ela respeita o trato.
Tem dias que eu quero variar, ela se irrita, tenta disfarçar, mas fica de olho nas minas que saem mancando do quartinho.
Ela já sabe o que rolou.
Dá risada de raiva.
A gente se conhece bem.
Aqui no camarote, tudo no esquema. Mini suíte só minha e do sub. Tem mais duas pros aliados.
Não gosto de dividir minhas coisas. Marmita, beleza. Mas a fixa é minha.
Mabel aguenta o tranco. Já faz uma cota que tá comigo.
Eu sou bruto, avantajado — e as mina se surpreendem.
Ela não.
Ela senta, encara e ainda tira onda.
Hoje o pai tá na estica: pano limpo, cabelo alinhado, barba feita, polo branca, calça preta, Nike no pé, cordão de ouro com a inicial no peito.
Hoje é dia de baile.
Hoje é dia de rei.
Hoje até minha mãe vem me prestigiar.
Minha mana também vem, com certeza. Vai ser da hora.
Dei a ordem pros meus vapor:
Putas só sobem depois que minha mãe for embora.
Vai vir o chefe da facção, CJ. Ele é um cara maneiro, reservado. Não gosta de estar com p**a nas reuniões, nos bailes que ele vai.
Entra e sai sozinho.
Claro que ele tem as p**a dele, mas ninguém vê.
O chefe foi casado, perdeu a família num acidente de carro descendo a serra de Petrópolis — mulher e dois filhos.
Nunca mais quis casar. Vive só.
Ele disse que precisa ter um particular comigo e com meu sub. Tenho um escritório na área vip. Dá pra conversar.
Indyara narrando...
Durante anos vivi como uma princesa, aprendendo tudo que minha mãe me ensinava. Aprendi a cozinhar, limpar uma casa, comandar os empregados, lidar com tudo que fosse do lar — e ser obediente ao marido. Ser submissa.
Já meu pai... me ensinou a atirar, manusear armas.
Hoje estou completando 17 anos.
Ah, tá. Vou me apresentar.
Me chamo Indyara, tenho 17 anos. Sou filha de uma índia com branco italiano. Sou morena tipo jambo, por causa da mistura de raça.
Tenho 1 metro e 60, sou baixinha. Cabelos negros, batendo na b***a. Cintura fina. Pernas bem grossas devido ao meu quadril, que é bem largo. Meus s***s são médios. Tenho olhos verdes-esmeralda, herança da minha família italiana que não conheço. Só minha prima, que mora em São Paulo com o pai, meu tio — vi ela uns oito anos atrás.
Minha prima se chama Rochelle, é da minha idade. Conversamos por vídeo chamada.
Meu pai trabalha em alguma coisa que minha mãe evita comentar. Mas tem dias que ele chega agressivo, olhos vermelhos, cheirando bebida forte.
Estudei numa escola para meninas. Queria fazer enfermagem, mas meu pai não deixou. Ele trata minha mãe igual a uma qualquer. Ela é muito calada, veste umas roupas nada a ver. É estranho. Mas não falo nada. Tenho medo do meu pai. Ele é violento.
Qualquer coisa ele me bate. Se minha mãe reclamar, ele grita e manda ela ir pro quarto.
Ultimamente ele tem andado muito nervoso, agressivo com minha mãe. Tô muito preocupada com esse jeito dele agir com ela.
Ontem ouvi, de madrugada, a TV muito alta e muitos gritos vindo do quarto deles. Saí quieta e encostei o ouvido na porta pra ouvir melhor.
Não gostei nada do que ouvi.
— Vai ter que ser assim e não tem nada que você possa fazer. Daqui a 15 dias vou ter que entregar. Se não, estaremos mortos. Entendeu?
Quem meu pai precisa entregar em 15 dias?
Quem tá nos ameaçando?
Tenho que esperar ele ir trabalhar. Vou perguntar pra minha mãe. Ela vai ter que me contar tudo.
Fui pro meu quarto tentar dormir, mas não consegui. Fiquei ali contando as horas pra amanhecer. Não vi quando o sono chegou.
O Baile
Condor narrando...
O baile tá frenético. Show do Pose, Oruan também já chegou. MC Cabelinho já tá no palco. Aí o DJ para o baile e todos olham pra subida do camarote...
Lá estavam: minha rainha e minha princesa. Subindo as escadas. Os vapor com um bolo gigantesco nas mãos — precisou quatro pra trazer.
Só podia ser minha rainha.
Todos os MCs sobem e cantam parabéns pra mim. Aí o coração do bandido não aguenta.
Minha rainha ficou ali, abraçada comigo, até os MCs acabarem de cantar. Aí percebi algo que não gostei.
O chefe... paralisado na minha rainha. Aí vai dar r**m pra ele, vai.
Mais rápido que o Flash, ele brotou ali já cheio das gracinha. Se apresentou, deu até o nome verdadeiro.
Não gostei disso não.
Fiquei vermelho na hora.
Já botei minha rainha atrás de mim e olhei sereno pra ele:
— Vai querer a mãe dos outros, é? Palhaçada.
Sei que minha mãe é linda mesmo.
Mas não quero nenhum cadango olhando pra ela, não.