A Gordinha Vendida para o Dono do Morro do VidigalUpdated at Dec 11, 2025, 17:02
Maria Eduarda nunca teve escolha. Órfã desde pequena, cresceu esquecida em um orfanato onde o silêncio era a única companhia que não a machucava. Quando finalmente foi adotada, acreditou que o destino estava lhe dando uma chance. Mas não demorou para perceber que apenas trocou de prisão.
A mãe adotiva era viciada em pedras e frustrações, despejando sobre ela um ódio que não sabia de onde vinha. O pai adotivo era pior — um verme que vivia cercado de homens sujos, entorpecidos, sempre a olhando como quem avalia uma mercadoria. Maria aprendeu a se encolher, a não fazer barulho, a respirar como se pedisse desculpa por existir.
O vício dos dois destruiu o pouco que tinham. Despejados, foram parar no alto do morro do Vidigal, onde a vida vale menos que uma bala e a miséria dita as regras. Foi lá que Maria quase perdeu tudo. Por causa de uma dívida impagável com o tráfico, ela estava prestes a ser levada como pagamento.
Mas naquela noite, o improvável aconteceu.
Alceu, o temido Netuno — chefe do morro, frio, calculista e implacável — interveio. Ele não devia nada a ela. Não ganharia nada com aquilo. Mas, por algum motivo que não conseguiu explicar, não suportou vê-la ser arrastada. Talvez fosse a juventude, o olhar perdido, o jeito deslocado. Talvez fosse algo que nem ele sabia nomear.
Ao lado de Alceu, vivem duas presenças tão marcantes quanto perigosas: Elizabeth, a irmã caçula que ele protegeria com a própria vida, e Alana, sua amante devota e feroz, uma mulher que sabe sujar as mãos para manter o trono.
Maria Eduarda não é uma ameaça. Não tem corpo escultural, não tem malícia no olhar. É gordinha, silenciosa, invisível. Na mansão de Netuno, se move como parte da mobília, limpando a sujeira dos outros e passando despercebida. Mas enquanto todos a ignoram, ela observa. Aprende. Entende os códigos daquele mundo cruel.
E descobre que, na guerra do morro, ser invisível pode ser a maior das armas.
Entre humilhações, alianças e jogos de poder, Maria Eduarda vai perceber que a dor pode moldar... mas também forjar. Que no coração do tráfico, onde amor é fraqueza e desejo é moeda, sobreviver exige mais do que beleza.
Exige coragem.