CONHECENDO O FANTASMA
CAPÍTULO 1
Narrativa do Fantasma
Me chamo Henrique, mas todos me chamam de Fantasma. É o nome que eles conhecem e eu quero que continue assim. Sou filho único. Minha mãe? Não conheço. Meu pai me contou que ela me deixou no hospital com um simples bilhete:
"Ao Gavião, aqui está seu herdeiro. Não tenho condições de ficar com você e sei que esse bebê vai tirar minha paz. Não quero viver cuidando de filhos. Você me pediu, aí está. Vai crescer bonito e forte. Cuide dele. Ajude-o. Sinto muito por isso. Adeus. Aquela que um dia te amou, hoje não mais."
Meu pai se fechou para o amor e também me ensinou que mulher não presta. Segundo ele, a gente só precisa delas para um momento de prazer. Sempre repetia: “Nunca se apaixone. Não entregue seu coração a ninguém. Quando quiser ter uma noite de prazer, vá a uma boate ou a uma zona, arraste uma prostituta, passe a noite com ela, e no outro dia pague e vá para casa.”
Sempre tem, nas noites de baile, umas patricinhas que sobem o morro para dar para bandido em troca de droga. E tem também as “marmitas” que estão em busca de patrocínio — dão para bandido em troca de dinheiro para se produzir para a noite da favela. Algumas sonham em ser fiéis dos patentes altos. Dessas eu passo longe.
Meu pai tinha o vulgo de Gavião. Fazia jus ao nome porque guardava o morro como se fosse a própria vida. Nunca teve medo da morte. Morreu defendendo seu território. Aos dezoito anos, tive que assumir o morro, porque o Gavião tombou e não podia ficar sem líder. Fui nomeado Dono do Morro como herdeiro legítimo.
A festa durou dois dias. No último, o BOPE subiu para prender o Fantasma. Eu estava lá. Eles é que não me viram. Foi assim que matei o comandante do BOPE — o mesmo que tirou a vida do meu pai.
No dia da minha posse botei meu amigo, o sub do morro, TH, como braço direito. sss ficou como gerente geral, e botei o Gato P. Meu chefe de segurança é um ex-oficial do exército, exonerado por falar a verdade. Veio para a favela pedir abrigo. Eu dei. Fiz bem. Ele é fiel e um bom estrategista.
Está fazendo onze anos que perdi meu pai. É um dia muito triste para mim. Fico dentro da minha suíte. Quem já sabe, não me procura nem me aciona no rádio da boca. Fico quieto, sozinho.
Na sexta, vou fazer um baile para comemorar os anos que estou na gestão do morro. Vai ser um baile da hora, com vários MCs, queima de fogos, distribuição de cestas básicas. Terá sorteio de quinhentos reais em vale-compras. Já está debitado no mercado do seu Manel: quem ganhar, vai lá e abastece a casa. Gosto de fazer isso. Dou cento e cinquenta cestas básicas e ainda ajudo com cem reais todo mês.
Depois do baile, no sábado, vou fechar a boate à noite só para mim e mais cinco aliados que serão sorteados. Vai junto meu sub, TH, o chefe de segurança e o gerente geral das bocas. Tem vários que botaram o nome no sorteio, mas têm suas fiéis. Esses eu mesmo tirei da sacola. Não quero fiel de ninguém me odiando por isso. Não quero me ligar a mulher nenhuma. Quero continuar cachorro solto.
Chegou o dia do baile.
O baile está uma uva. Muitas novinhas rendendo para o bandido. Mas hoje só quero me divertir com os crias. Dançarino não sou, mas dou minhas arranhadas. Gosto de me exibir para as novinhas. Jaqueline fica só me filmando de longe. Sabe que não gosto que fique em cima de mim marcando território. Fica esperando eu chamar, mas hoje não vou. Quero me preparar para a noitada de amanhã.
Já mandei recado para a Donna: quero que ela feche a boate amanhã. Já pedi para anunciar na hora da função. Mandei o valor de cada uma das prostitutas que estarão lá. Ela disse que três vão estar de folga, porque são as que mais trabalham. Pedi o pix das doze mulheres e mandei mil reais para cada uma, fora os vinte e cinco mil que vamos consumir. Se passar, eu me entendo com ela depois.
O baile foi até o amanhecer. Muitos aliados arrastaram as patricinhas para o quartinho e se esbaldaram. Eu preferi me reservar para logo mais.
Marquei com os aliados às dez da noite para as putas descansarem bem, porque a farra vai ser grande.
Cheguei em casa, fui para o banheiro, tomei um banho frio — o calor aqui é c***l. Enrolei a toalha na cintura e desci. Dona Júlia estava chegando quando deu de cara comigo, só de toalha. Ela me olhou com cara de tarada. Fingi que não vi o olhar dela. Dona Júlia tem trinta e seis anos. É gostosa pra c****e: b***a grande, s***s durinhos. Caramba, fiquei de p*u duro na hora. Ela viu e se jogou em cima de mim.
Não fugi. Vou negar b****a essa hora da manhã? Já fui pegando ela no colo e joguei sentada na ilha da cozinha. Rasguei sua calcinha e fui alisando sua i********e. Ela gemeu e se abriu toda. Não aguentei: peguei ela no colo, levei para a mesa, olhei para a gaveta da sala, fui correndo, botei a camisinha, abri suas pernas e fui enfiando meu p*u com força e t***o. Foram só socadas violentas. Só se ouvia o som dos nossos corpos se batendo, a mesa rangendo, ela gemendo.
Caraca, que coroa gostosa. x**a apertadinha. Senti ela se tremendo embaixo de mim e gemendo alto:
— Não para… vou gozar… ahhhh… que gostoso!
Na mesma hora, gozei dentro dela. Fiquei molinho, e ela também. Recuperei o fôlego. Foi a rapidinha mais gostosa que já dei. Olhei para ela e disse:
— Você sabe que o que aconteceu não era para ter acontecido. Então não tenha esperança de nada. Até porque nunca peguei funcionária nenhuma.
Subi para o meu quarto pensando no que aconteceu. Ainda bati uma antes de deitar. Tomei banho, me sequei, botei uma cueca e caí na cama. Dormi até as quatro da tarde.
Acordei com fome. Tomei outro banho, troquei de roupa. Dei um pulo na boca, resolvi o que tinha para resolver. Cheguei em casa, jantei, subi, tomei outro banho. Peguei meu kit e fui me vestindo: Nike, Rolex de ouro, camiseta vermelha da Lacoste, calça jeans clara, perfume Malbec. Passei o rádio para os manos, mandei me esperar na saída da comunidade da Rocinha e fomos em direção à Zona Sul.
Chegando lá, os aliados já estavam nos esperando, sentados em suas motos. Donna apareceu na porta e mandou botar nossas motos no pátio. Quando estávamos entrando e conversando com TH, levei uma batida de frente com uma das prostitutas. Quando olhei para pedir desculpas, ela me encarou e disse:
— Não olha por onde anda, não?
Olhei para responder… mas paralisei diante da beleza daquela mulher. Linda demais. Não falei nada e passei por ela. Seu cheiro… um perfume que dificilmente vou esquecer. Chamei Donna e perguntei quem era. Ela falou que era uma das que estava de folga. Ia passar sábado e domingo de descanso.
Respirei fundo e falei:
— Deixa pra próxima.
Quem sabe um dia eu pego essa deusa.