Capítulo 2

783 Words
Heitor não estava acostumado a beber, tampouco a encher a cara. Na maior parte das vezes, se contentava com uma Coca gelada ou água mineral. Os vaqueiros debochavam dele, onde já se viu um caubói que não era fã de uísque ou cerveja? Heitor não era chegado a nada disso. Mas tal fato não o isentava dos vícios, uma vez que fumava. O lugar estava lotado, e ele teve que se acomodar numa banqueta junto ao bar. Pediu uma cerveja ao barman, bebeu um gole, achou amarga, sorveu tudo. Fez um sinal com a mão, separando os dedos num V de vitória, mas era para lhe trazer mais duas garrafas. Depois de esvaziá-las, foi ao banheiro urinar. Outros homens estavam lá, conversando sobre automóveis, investimentos e o quanto um governo de extrema-direita era benéfico aos grandes fazendeiros. Voltou ao bar, pensando na própria infância. O pai lhe dizia que somente os fortes mantinham suas terras, era uma briga de foice dia após dia entre animais esfomeados. O pai não permitiu que a fazenda crescesse, pois tinha medo de ser engolido por feras maiores que ele. Heitor, contudo, transformara o casarão simples e aconchegante em uma mansão, além de aumentar o rebanho de gado leiteiro. O pai jamais soube que pusera ao mundo uma fera. Quarenta anos nas guampas, divorciado de uma mulher cujo rosto fez questão de se esquecer e desgraçadamente apegado à fazenda deixada pelos pais, ele jamais venderia o lar da sua família. Ali estava o seu coração, enterrado vivo a vários palmos da terra onde nasceu, e ninguém o arrancaria de lá. Muito menos o vizinho que o pressionava a vender a propriedade. Juan Colombo era filho de um dos colonizadores e coronéis da região, e a fazenda Leone se localizava bem no meio de suas terras. Era aquela velha história de quando alguém é obrigado a vender o que é seu, porque um filho da p**a ganancioso decide lotar a rua erguendo prédios de escritórios. Você e o que é seu precisam desaparecer. Acontecia apenas que Heitor não estava endividado nem falido. Pelo contrário, abastecia os laticínios de várias cidades e, agora, com a ampliação das instalações, planejava competir agressivamente no mercado nacional. Olhando para a cerveja no copo, ele relembrou o telefonema vindo direto do inferno. ― Por que tanta teimosia, Heitor? Tá desperdiçando a oportunidade de ficar milionário. ― disse Juan, a voz cínica ― Quero que saia do meu caminho, vou pagar o dobro do que suas terras valem. Será desse jeito ou o fogo irá consumir tudo... você sabe, os focos de incêndio das queimadas estão fora de controle... ― O vento pode mudar de direção e queimar o seu r**o. ― Você é corajoso ou louco? Hmm, eis a questão. ― Debochou Juan, encerrando a ligação. Agora tudo que Heitor queria era um minuto de paz pra uma cabeça que nunca parava de pensar, razão de sua constante insônia. Precisava admitir a si mesmo, ele não estava nada bem. A pressão em vender a propriedade o incomodava sobremaneira. Sabia que o latifundiário mandava seus capangas o vigiar. Rondavam nas adjacências da propriedade. Em suma, mantinha a vigilância e o cerco em torno da fazenda. Imerso em seus pensamentos, Heitor m*l notou quando a garota trombou contra ele, abraçando-o por trás. Mas sentiu nitidamente a firmeza dos s***s nas suas costas. A fisgada no p*u o fez se virar para ver como ela era. Uma loira bonita de olhar s****o, o cabelo até os ombros cheirando a xampu de limão, maquiada com tudo que tinha direito. Aparentava vinte e poucos anos e o ar moleque a tornava sexy. ― Vai me m***r? ― Foi o que ela perguntou, os olhos escuros arregalados, um sorriso malicioso na boca carnuda. Pensou em despachá-la com um comentário divertido, algo do tipo: me perdoa a sinceridade, mas prefiro me incomodar com garotas da minha idade... Ou simplesmente sorrir e a ignorar, dando-lhe as costas, fizera isso várias vezes, sempre dava certo, a mulher em questão estalava a língua no céu da boca e buscava nova presa pelo bar. Contudo, a moça era bonita e tesuda, e ele queria f***r com qualquer uma aquela noite. ― Acho que não. ― Respondeu, olhando-a nos olhos como um convite para fugir dali. Ela apenas sorriu, era jovem, não conhecia todos os códigos da sedução. Mas não seria ele a ensiná-la a respeito. ― Se já nos conhecemos, vamos então m***r a saudade da separação. Ele se levantou da banqueta, sentindo o efeito do excesso de bebida, mas se manteve firme. Estendeu a mão à mulher, que a aceitou, e a levou para fora do bar. Simples assim, poucas palavras e muito t***o. 
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