Valentina Maria
Sigo o homem alto, que anda a minha frente com passos firmes e longos, a forma como ele anda demonstra poder, forço minhas pernas curtas em comparação as dele a acompanha-lo, com minha maleta de primeiro socorros na mão e minha bolsa no ombro, entramos num tipo de escritório, aqui tem uma mistura de informações, tem uma mesa grande de madeira maciça com uma grande cadeira, como se um grande empresário trabalhasse ali, eu não consigo imaginar esse moreno da cara fechada comandando uma grande empresa honesta, na sala tem também um sofá grande e espaçoso que nota-se ser muito caro, não tenho mais tempo de repara mais nada, pois a voz do Moreno interrompe minha avaliação.
- A doutora é curiosa.
- Como?
Ele me olha de um jeito debochado, mas não repete, querendo ir embora o mais rápido possível começo a falar.
- Eu sou enfermeira obstetra e encontrei sua irmã após me perde, eu estava indo buscar meu irmão, ela estava em trabalho de parto, que afinal aconteceu dentro do meu carro, quanto a isso está tudo bem, eu vou leva-lo ao lava jato, quis levar sua irmã e sua sobrinha ao hospital, mas ela não quis de forma alguma, então ela me pediu para traze-la aqui, eu aconselho a leva-la ao hospital para fazer exames de rotina.
Eu falo tudo que consigo resumidamente e o homem me olha fixamente, alternando entre meus lábios e olhos, algo nele me deixa nervosa, inquieta, passo as mãos nos cabelos os tirando da frente do meu rosto, o prendendo atrás da orelha.
- Eu preciso ir, espero que tudo fique bem e parabéns pelo bebê que vai alegrar a casa, pode me mostrar a saída?
Pergunto nervosa, esfregando minhas mãos em minha coxa por cima do vestido.
- Quanto eu lhe devo?
O homem pergunta, como se estivesse tratando de negócios comigo.
- Oi?
- Perguntei quanto lhe devo, afinal você trouxe minha sobrinha ao mundo.
- Eu não cobro por vidas, teria feito por qualquer ser humano!
Falo indignada com a frieza do homem, óbvio que no hospital eu recebo pelo meu trabalho, mas nunca me negaria ou cobraria algo nessa situação.
- Me deixe pagar pela gasolina e pela limpeza do carro.
Ele diz e abre uma das gavetas, ele tira um bolo de dinheiro todos de duzentos reais, preso em uma liga, nesse bolo não tem menos de dez mil reais, ele quer me pagar a gasolina do ano todo! Algo atina dentro de mim, esse dinheiro certamente é ilegal.
- Fique com seu dinheiro, eu não preciso dele, como falei eu faria isso por qualquer pessoa, insisto que me mostre a saída.
Ele me olha como se eu fosse uma i****a, sinto raiva e tenho vontade de gritar com ele, mas nem contenho e mordo os lábios.
- Você quem sabe.
O homem diz jogando o dinheiro dentro da gaveta e a fechando.
- Vou levá-la até a saída, me acompanhe.
Volto a andar atrás dele, saímos da casa e avisto meu carro de longe.
- Aquele deve ser seu carro, algo mais?
- Não.
Olho os olhos do homem e pela primeira vez sinto o impacto de um olhar, olhos escuros perigosos! Dou as costas e começo a caminhar, da frente da casa até onde está meu carro é uma distância um pouco grande, não olho para ver se o moreno perigoso entrou, sigo meu caminho é quando algo me faz parar!
Tenho a sensação de ter ouvido um grito de socorro, volto a andar e novamente escuto o grito, não tenho dúvidas, alguém está em perigo, meu lado cuidador e protetor grita mais alto e por mais que queira ir embora daqui não consigo ignorar chamado, mudo de direção e ando apressada, começo a andar pela lateral da casa isso para parte de trás, quando avisto ao longe uma construção de tijolo, acelero os passos, chego no local com a respiração alta e entro, vejo um jovem amarrado por cordas na mãos e pés, visivelmente abaixo do peso.
- Meu Deus, calma, eu vou soltar você!
Digo nervosa com a situação do homem, com minha maleta de primeiro socorro nas mãos abro procurando algo cortante e pego um bisturi, o qual pretendo descarta-lo em seguida.
- Me ajude moça, ajuda!
Ele pede, me estendo as mãos amarradas e eu começo a cortar a corda grossa que o prende e o machuca, antes que complete o servido sou interrompida.
- O que pensa que está fazendo doutora?
Olho para trás e vejo o moreno m*l encarado.
- Esse homem precisa de ajuda não está vendo?
Ao lado do moreno, tem mais três homens, todos tem um fuzil nas costas.
- Você está metendo seu lindo narizinho onde não foi chamada!
- O que esse homem fez? Porque ele está preso? Quem são vocês?
- Muitas perguntas de uma só vez, eu soube assim que lhe pus os olhos que era curiosa!
Então o moreno malvado faz algo que me deixa em estado de choque! Ele tirar uma arma de suas costas e mira no homem amarrado e indefeso.
- Não faça isso, por Deus!
Ele faz! O moreno atira no peito do homem e o impacto no pobre coitado magricelo o faz cair no chão de lado.
- Não!
Grito horrorizada tampando a boca e o moreno diz:
- Caixão fechado!
Daí por diante ele dispara no rosto do garoto, o transformando em um desconhecido!
Como se não tivesse acabado de matar alguém, com uma calma assustadora, baixa a mão que segura a arma e diz para um dos homens que o acompanha:
- Levem o corpo para mãe dele, ela vai gostar de enterrá-lo e manda ela imprimir uma foto e colocar na frente do caixão, toda despesa do velório é por minha conta!
Quando ele olha para mim, não tenho dúvidas, ele vai me matar!
- Por favor não me mate, eu não vou a polícia, eu não vi nada, eu tenho um a pompom, minha mãe, irmão, eu tenho um namorado!
Me bate uma crise nervosa e eu começo a chorar duplicando para viver:
- Eu não quero morre, eu não quero morrer!
- Eu te dei a chance de ir embora p***a!
- Por favor!
- Vem comigo.
O homem segura em meu braço e sai me arrastando com tudo, entramos novamente na casa e ele sobe as escadas comigo, ainda me arrastando pelo braço, ele para em frente a uma porta e abre, me jogando dentro com tudo.
- Você vai ficar aí, até eu decidir o que vou fazer com você!
O homem toma minha bolsa de mim, onde está meu celular, então ele passa a mão nos cabelos e diz me olhando malvadamente:
- Eu sabia que você era problema, eu senti o cheiro de problema de longe assim que te vi!
Então ele fecha a porta me trancando nesse quarto, eu só sabia que iria morrer e se por algum milagre eu saísse viva dessa, minha vida não seria nunca mais a mesma e começo a chorar compulsivamente, sentindo medo do que iria acontecer comigo.