Valentina Maria
Hoje é sábado e eu pretendia aproveita-lo muito em minha casa, passaria a amanhã inteira na cama assistindo série, a tarde tenho salão agendado para fazer as unhas e hidratar os cabelos, depois voltaria para casa e terminaria a noite, apenas a pompom e eu, já que o Samuel está viajando outra vez.
E assim eu fiz, a pompom deitou na cama comigo, mas perdeu a série Inteira dormindo, na hora do almoço comi um bife com salada e hoje me bateu uma vontade de comer um doce, abri a geladeira e peguei o pote de doce de leite, que sempre tenho em casa, para o caso de uma emergência, ou eu surto de estresse, pego uma generosa colher e me delicioso com o sabor, já com a cozinha limpa, vou para o quarto, tomar um banho e me arrumar para ir ao salão.
Escolho um vestido verde claro, gosto dele, realça meus olhos, meus cabelos estão presos, escolho um salto médio quadrado confortável, pego minha bolsa e com tudo pronto me despeço da pompom.
- Eu volto logo filha, mamãe trocou sua aguinha e tem comidinha no pote.
Pompom me olha, para em seguida me mostrar seu r**o felpudo me dando as costas.
- Eu também vou sentir saudades.
Falo a vendo se afastar. Dirijo até o salão que frequento desde que me mudei para cá, fica a quinze minutos de carro do meu apartamento, as meninas já conhecem meu cabelo e sempre fico satisfeita com o resultado.
Chego salão, lavo, hidrato e escovo os cabelos, esse é um luxo que me permito fazer uma vez por semana, amo lavar os cabelos no salão.
- Gostou Tina?
Rose a dona do salão pergunta, jogando meus cabelos para frente dos meus ombros, ele modelam meu rosto caindo como cascata brilhosa e macia.
- Impecável como sempre.
Nas unhas escolho um nudes elegante e clássico, minhas unhas são curtas, sou enfermeira obstetra e cuido de recém nascido, unhas grandes rasgariam as luvas hospitalar e o mais importante, machucariam meus pequenininhos.
Pago pelo serviço e quando estou perto de sair, meu celular toca, vejo o número do Vicente.
- Tina, preciso de sua ajuda.
- O que aconteceu?
Pergunto já alarmada, Vicente diz que está na casa de uma amiga e precisa vim para casa, por algum motivo me pede para ir busca-lo.
- Porque você não pede um Uber?
Questiono.
- Não dá, depois eu te explico o porque, quebra essa para mim tina.
Meu irmão me passa um endereço que não conheço e mesmo assim eu vou buscá-lo, nunca deixaria meu irmão na mão, afinal não sei se ele está em perigo. Ligo o GPS do carro e sigo a rota que ele manda, após quase quarenta minutos dirigindo, percebo que o GPS parou de funcionar,
- Pega, droga!
Xingo pois eu mesmo com internet e a droga do GPS não quer funcionar, meu irmão liga e diz que não precisa mais da carona, não sei como alguém chamou um Uber e ele já está perto de casa e eu estou perdida.
- Ótimo!
Nunca vim por esses lados, não sei onde estou, vou a andar com o carro em frente, procurando onde posso fazer o retorno e voltar, é quando vejo um mulher grávida, até ai tudo normal, afinal existam milhares de mulheres grávidas do Brasil, mas o que me chama atenção é o formato da sua barriga e a forma tão lenta como ela anda, como se estivesse penando, a mulher está usando um short baixo e uma blusa que mostra toda sua barriga, a barriga está extremamente baixa e muito torta para um lado, passo o carro bem ao seu lado e ela geme, apoiando as mãos no joelho claramente tendo uma contração, ela está em trabalho de parto.
Vejo alguém se aproximar e perguntar se ela precisa de ajuda, para o meu carro mais próximo a calçada e desço.
- Oi, eu sou a enfermeira Valentina, calma eu vou te ajudar, vou te levar ao hospital, parece que seu bebê quer nascer.
Então ela fala uma coisa muito estranha.
- Eu não posso ir ao hospital, me ajude, está doendo muito!
Porque alguém não poderia ao hospital? Não tenho muito tempo para pensar, abro a porta do meu carro e com algumas pessoas que vieram olhar a moça entra no carro, seu short está bastante molhado, indicando que a bolsa estourou, assim que ela entra no carro, se estica inteira em dor, o bebê vai nascer!
- Se afastem, eu preciso de espaço!
Deito o banco do carro onde ela está e o deixo mais confortável possível.
- Sinalizem a pista!
Peço a alguém abrindo meu porta mala automático, para que peguem o triangulo sinalizador, então me concentro na mulher em trabalho de parto, sempre tenho um kit de primeiro socorro em meu carro.
- Você precisa tirar sua roupa da cintura para baixo.
- Tire tudo, arranquem tudo, só faça essa dor parar!
Coloco minha luva e começamos o processo, quando tiro seu short e calcinha, ja vejo o bebê coroando.
- Já está muito perto, faça força.
Vou instruindo a garota e em menos de meia hora uma preciosa bebezinha cabeluda nascer berrando com todas as forças, a coloco em cima do seu peito para que ela sinta o calor da mãe dela, as duas ainda estão conectadas pelo cordão umbilical, não demora e placenta é expelida, meu carro vai precisar de uma boa ia ao lava jato.
- Você precisa ir ao hospital, precisamos ver se estar tudo bem com você e o bebê.
A garota me olha com convicção e fala:
- Eu não posso ir ao hospital, você pode me levar em casa? Lá eu terei tudo que preciso, por favor!
A garota não concordada de forma alguma em ir ao hospital, sem conseguir deixa-la sozinha com a bebê, ainda mais recém parida, eu concordo em leva-la, ela me passa o endereço.
- Comunidade da pimenta?
Pergunto achano o nome estranho.
- Já estamos perto, só sobra a escada aqui ao lado.
A garota vai me guiando, eu juro que nunca subir em um lugar tão alto em minha vida, casas coloridas de portões grandes em sua maioria, carros e motos estacionados na frente das casas, até que quando paro onde a garota fala confesso que levo um choque, a casa em nada parece com as que vi pelo caminho, é uma mansão bem no alta da comunidade, imponente, paredes de vidros, três andares, vejo assim que entro por muros altos, entramos após alguém olhar dentro do carro e vê a garota, mais uma vez fico em choque, agora de forma negativa, pois tem um homem com um fuzil enorme pendurado nas costas como se fosse uma mochila, eu nunca cheguei perto de um revolver e ver algo assim confesso ser agressivo aos meus olhos, me dou conta que não estou em um lugar qualquer de alguém com dinheiro, nas em um lugar perigoso, tento manter a calma e fingir que não estou abalada.
- Não se preocupe, alias eu sou Nicole.
A garota diz, falando seu nome, deve ter notado meus olhares para arma. Entramos na casa, ela é carregada no colo por um homem e a bebê está nos seus braços e eu faço os primeiro atendimento, corto o cordão umbilical com uma tesoura da minha caixa de primeiro socorro, após examinar a mamãe e o bebê, aparentemente estão saudáveis.
- Vamos tomar um banho?
Ajudo Nicole com um banho, ela e fala que a bebê se chama Estrela e que é sua primeira filha, também dou o primeiro banho na bebê, ela é tão linda, tem uma cabeleira n***a maravilhosa, fico apaixonada, pois ela parece uma bonequinha, eu nunca me acostumo, sempre me apaixono por cada bebê que ajudo a trazer a mundo.
Quando as duas já estão limpas na cama, lhe ajudo com a amamentação, mães de primeira viagem tem muita dificuldades com esse primeiro contato, para minha alegria a pequena Estrelinha pega fácil o peito da mamãe, que sorrir encantada para sua filha, é quando o porta é aberta e dois homens extremamente altivos entram, o que Nicole diz ser o tio é o primeiro a se aproximar, esse é mais alto que o outro, cabelos também negros, sobrancelhas grossas, um vinco na testa formando um V, muto forte, seus músculos saltam desenhados através da camisa preta de algodão que ele usa, a algo imponente exalando dele, ao mesmo tempo sombrio, que me faz sentir calafrios com sua presença, aquele homem tão grande olha para bebezinha tão pequena, como se ela fosse um ser encantado e o contraste é gigante.
Me apresento, tentando não mostrar que estou afetada, tudo que penso é em sair aqui e nunca mais voltar, pois algo me diz que estou cara a cara com o perigo, é quando o homem de forma grosseira me pede para acompanha-lo e sem muitas opções eu o faço.