- Uau, Junior, você arrasou dessa vez. -disse Amora olhando o resultado da transformação de Giovanna pelas mãos do cabeleireiro Junior.
- Eu sempre arraso, amor. -respondeu Junior, beijando o próprio ombro.
- Aí, preciso ver como ficou. -respondeu Giovanna.
- Amiga, eu acho que ficou muito a ver com a sua personalidade.
- Tenho medo do que você acha que combina comigo.
- Boba, então olha como ficou no espelho aí atrás de você.
Giovanna virou-se na cadeira e viu o resultado no espelho. Seus cabelos estavam curtos e loiros, ondulados e brilhosos.
- Nossa. -surpreendeu-se Giovanna.
- Eu sabia que tu ia gostar. -disse Amora.
Giovanna sorriu e mexeu em seus próprios cabelos.
- Vai dar certo. -disse para si mesma.
DIAS DEPOIS
Havia chegado o esperado dia que Heloísa nasceria. Giovanna estava uma pilha pois seu plano não podia ter falhas. Para que ela pudesse se infiltrar, ela tinha que ser exatamente o que Alexandre precisava: uma boa atiradora e uma boa contadora, já que ele havia perdido seu aliado.
Chegada a hora, Giovanna e os policiais começaram a encenação. Primeiro, Giovanna entra no morro de moto, fazendo muito barulho e armada, atirando contra um carro da polícia federal. Os moradores assustados entraram para dentro de suas casas e o toque de recolher foi instaurado no morro. Giovanna subia de moto, atirando contra as partes do carro que ela sabia atirar sem machucar ninguém, como a excelente atiradora que era. Quando estava próxima da base de Alexandre que já estava escondido e sabia que a polícia estava no morro atrás de um forasteiro, a polícia bateu em retirada e saiu do morro de forma rápida e silenciosa. Giovanna continuou andando com a sua moto fazendo bastante barulho naquele morro silencioso até que foi parada por uma barricada de pneus de caminhão pegando fogo. Ela parou e quando olhou para atrás tinham vários rapazes armados apontando as armas para ela.
- Mão na cabeça, vagabundo. -pediu um deles a Giovanna.
Ela parou a moto, desligou o motor e levantou a mão pro alto. Alexandre apareceu entre os seus capangas e disse:
- Desce da moto agora e tira o capacete bem devagar, rapaz.
Giovanna sentiu seu coração ir para na boca quando viu que estava de costas para seu inimigo. Ela obedeceu e desceu da moto. Ficou de frente para os homens e tirou o capacete lentamente como Alexandre havia ordenado. Quando todos viram que eram uma mulher, se surpreenderam e alguns ficaram atraídos, inclusive Alexandre, que havia ficado impressionado e atraído por Giovanna.
- Uma mulher? perguntou um deles.
Giovanna não deixou barato e respondeu:
- Sim, uma mulher, algum problema?
A voz de Giovanna havia deixado Alexandre arrepiado e e******o. Na cabeça dele, a mulher de seus sonhos era apenas de seus sonhos mas não, ela existia e era Giovanna.
- Qual é o teu nome? -perguntou Alexandre.
- Heloísa. Meu nome é Heloísa Sampaio. -respondeu Giovanna.
- Heloísa. Bom, dona Heloísa, agora a senhorita vai nos acompanhar pra uma pequena conversa ali no meu escritório.
- Conversar ou vão me m***r? -perguntou, fazendo Alexandre rir. A gargalhada de Alexandre faz Giovanna arrepiar e engolir seco. Ela estava perplexa e atraída por Alexandre, o que a fazia sentir raiva de si mesma.
- É conversar mesmo. -respondeu Alexandre sério. - Leva a senhorita lá no escritório. -ordenou aos rapazes.
Os homens obedeceram Alexandre e pegaram Giovanna pelo braço, levando-a para cima do morro, enquanto Alexandre acompanhava a comitiva.
Chegando lá, Giovanna foi sentada frente a frente com Alexandre.
- Quem é você? -perguntou Alexandre.
- Já te falei meu nome. -respondeu Giovanna.
- Eu perguntei quem é você, o que você faz da vida.
- Eu? -engoliu seco.
- Sim, você, o gato comeu a sua língua? -perguntou Alexandre.
- Não.
- Então me explica, o que uma mocinha tão...delicada feito você fez pra polícia tá te perseguindo? Eu vi que você é boa na moto, no tiro nem tanto já que não acertou nem um policialzinho.
Giovanna ri mentalmente e responde a Alexandre:
- Eu trabalhava pra um traficante em São Paulo. Ele não é muito conhecido, foi preso a alguns meses e eu fugi.
- Você trabalhava pro Mano?
- Ele mesmo, conhece?
- Só de nome. Ele é famoso sim.
- É, pois é, eu trabalhava pra ele e com ele.
- Como assim?
- Eu fazia a contabilidade dos negócios do Mano e ao contrário do que você pensa, eu sei atirar muito bem.
- Ah é? -desafiou Alexandre.
- Eu garanto. -respondeu, sedutora.
- Certo. Tijolo, arranja uma pistola pra essa gatinha porque vamos brincar um pouquinho. -disse Alexandre.
A equipe de Alexandre levou Giovanna até um local com alguns alvos improvisados e Alexandre foi junto. A loira foi deixada no meio do campo e Alexandre se aproximou entregando uma pistola para ela.
- Mostra pra mim as suas habilidades. -desafiou Alexandre.
Com a oportunidade de enfiar uma bala na cabeça do maior traficante que havia conhecido, Giovanna respirou fundo e focou. Poderia ser muito melhor ela não cometer essa loucura, até porque eles não estavam sozinhos. Ela respirou fundo e mirou. Do primeiro ao último tiro, Giovanna acertou todos os alvos, com maestria.
- Tô impressionado. -disse Alexandre quando ela devolveu a pistola na mão de Alexandre.
- Obrigada.
- Heloísa, né?
- Todos me chamam de Helô.
- Certo, Helô, você tem interesse em ficar no Rio, ganhar dinheiro?
- Como seria?
- Trabalhando pra mim, loira. -respondeu Alexandre, cumprindo sua parte no plano de Giovanna.