Depois da partida de Leonardo, Giovanna havia chorado até chegar na porta da base da PF. Quando chegou, colocou um óculos escuro e entrou lá, sem falar com ninguém, o que foi estranho já que de todos os policiais, a mais simpática era ela.
- Amiga, o que aconteceu? -perguntou Amora quando viu Giovanna.
- O Leonardo foi embora. Me largou. -respondeu friamente.
- QUE? COMO ASSIM? -gritou.
- Amora, você pode parar de gritar, pelo amor de Deus. Minha cabeça tá estourando.
- Gio, ele te largou como? Porque? -perguntou Amora.
- Me largou me largando, embarcou agora a pouco pra longe, dizendo que como eu havia dito ontem que não precisava da opinião dele no meu trabalho, ele iria agir da mesma maneira e aceitar a proposta de ficar um tempo em Nova York.
- Nova York? -perguntou Amora.
- Sim, ele embarcou pra São Paulo e de lá vai pra Nova York. Ele me deixou, amiga. -lamentou, com tom de choro.
- Aí, Gio. -disse Amora com dó da amiga. A loira sentou-se ao lado da amiga e a abraçou de lado.
- Sargento Antonelli, venha até a minha sala, por favor. -chamou Theo.
Amora olhou pra a amiga e disse:
- Quer saber? Por mais que meu coraçãozinho fique pequenininho, eu te apoio ir pra essa sua missão. Bom que você se desliga um pouco dessas coisas que estão acontecendo na sua vida.
- Obrigada, Amora, muito obrigada mesmo. -respondeu Giovanna.
Giovanna levantou-se da cadeira que estava sentada e foi até a sala de Theo.
- E então, Giovanna? Decidiu quem vai se infiltrar na missão?
- Sim, capitão. Eu mesma. -respondeu, com as mãos para atrás do corpo.
Alexandre estava tomando café da manhã na casa de Karen. Havia dormido lá mais uma vez com uma de suas ninfetas, depois de ter transado com ela na boate.
- Tá gostoso? -perguntou a morena em relação ao café da manhã.
- Muito. -respondeu Alexandre.
- Tudo para o meu imperador. -respondeu apaixonada.
Alexandre pegou a mão de Karen e beijou as costas das mãos.
- Essa noite foi muito especial. -disse Alexandre, galanteador.
- Mesmo? -perguntou Karen, sorrindo.
- Eu sou homem de mentir? -perguntou.
- Não. -respondeu a moça sorrindo. Ela lhe deu um selinho e depois voltou a comer.
Alexandre terminou de comer e saiu da casa de Karen. Andando pelas vielas do morro, encontrou Mosquito com uma boa nova.
- Chefe, chefe, chefe.
- Que foi, Mosquito? Fala logo, parece que tá com formiga no saco. -respondeu rindo.
- Não é nada disso, é o Tubarão, ele voltou.
- O Tubarão voltou? -perguntou.
- Tá te esperando lá no mirante. -respondeu.
- Mas que notícia maravilhosa, Mosquito. p***a, bora lá. -respondeu em tom de comemoração e foi andando com o rapaz até o mirante. Lá, ele encontrou o amigo olhando para a vista que o mirante proporcionava.
- Tubarão. -gritou Alexandre.
- Nero. -respondeu o homem, no mesmo tom.
Os dois foram ao encontro de um do outro e se abraçaram. Tubarão era sócio de Alexandre, seu nome verdadeiro era Otaviano. Ele cuidava da contabilidade dos negócios e havia sido pego em uma emboscada que havia tido na Rocinha, há dois anos.
- Quanto tempo, cara.
- Sim, muito tempo. -respondeu Otaviano.
- E aí? Me conta tudo, o que aconteceu contigo, os caras me falaram que você tá diferente e tudo mais.
- Você nem imagina, Nero. Eu resolvi largar, cara. -respondeu, com um sorriso no rosto.
- Largar o que? -perguntou sem entender.
- O crime, Nero. Mudei de vida, conheci a mulher da minha vida e vou me casar em breve.
- Que? perguntou rindo.
- É isso mesmo, meu amigo. Agora sou outro homem e espero que um dia isso aconteça com você.
- Você tá de s*******m, né, Tubarão? -perguntou, deixando o sorriso sumir.
- Não estou.
- Que negócio é esse de mudar de vida...tu não dedurou nois não, né? -perguntou nervoso.
- Óbvio que não. Eu cumpri a minha pena sem abrir a boca por consideração a você e sabendo que um dia você vai querer sair dessa vida por livre e espontânea vontade.
- Que isso, Otaviano.
- Deixa eu te contar tudo o que aconteceu.
Otaviano e Alexandre sentaram-se no meio fio e começaram a conversar como dois meninos, como antigamente e Otaviano contou tudo o que havia ocorrido. Contou ter conhecido uma professora que dava aulas na cadeia em que estava chamada Flávia e se apaixonado por ela, ter sido convencido por ela de que levar uma vida mais regrada e menos criminosa era mais prazerosa e sua decisão de deixar de ser o Tubarão e ser apenas o Otaviano.
Theo gargalha e responde:
- Você, Antonelli?
- Sim, qual é a graça?
Theo perde a expressão de graça no rosto e pergunta:
- Que isso? Ficou doida? Você é um sargento, não é mais uma agente de campo como quando entrou, pode mandar quem você quiser no seu lugar ao invés de se arriscar.
- Senhor, eu não tenho mais dúvidas sobre eu ser a melhor pessoa pra essa função.
- Antonelli, você sabe que essa pode ser uma missão perigosa, não sabe?
- Sei e não há nada pra me impedir de ir, senhor. A menos que o senhor impeça e percamos toda a operação.
Theo respira fundo e diz:
- Se você está tão irredutível assim, só me resta assinar sua autorização pra ir pra essa loucura.
Giovanna esboça um sorriso e fica contente por pelo menos sua missão estar caminhando para um possível sucesso.
- Obrigada, senhor, garanto que será sem arrependimentos.
- Eu espero que sim, sargento.
Giovanna saiu da sala do capitão e sem perder tempo foi organizar seu disfarce. Primeiramente montando uma nova ficha criminal falsa.
- Chegamos na melhor parte: o nome. -disse Amora, entusiasmada. Elas já tinham elaborado uma boa ficha criminal para Giovanna e só faltavam detalhes.
- Tem que ser um nome que não chame atenção, de preferência algo comum.
- Atena. -disse Amora, parecendo uma criança com um brinquedo novo.
- Atena, Amora? -perguntou Giovanna. - Chama muita atenção e não é nada comum, todos vão desconfiar.
- Capitu, então? -perguntou Amora.
- Também não.
- Jade? -perguntou.
- Não, Amora. Foca, eu preciso de um nome mais simples, comum.
- Heloísa?
- Hum, Heloísa é bom, facilmente muda pra Helô e é comum. Heloísa, gostei. -respondeu Giovanna.
- Até que enfim, agora um sobrenome.
- Mais um que precisa ser algo comum, brasileiro ou português.
- Sampaio?
- Sim. Nossa, foi rápido.
- É porque foi o sobrenome de um ex namorado meu.
- Ah, entendi. -respondeu rindo. - Agora me chamo Heloísa Sampaio. Achei lindo. -respondeu Giovanna.
- Eu também, agora vamos pra melhor parte? -perguntou Amora, batendo palminhas.
- Eu achei que escolher o nome era a melhor parte.
- Foi a melhor parte, agora já tem outra melhor parte.
- Qual? -perguntou rindo.
- Mudança no visu, amore, você precisa ficar diferente.
- Aí, Amora, já tô até com medo do que você quer fazer comigo.
- Relaxa, você vai adorar, vai ficar sua cara, garanto.
- Vou confiar em você, hein?
- Pode confiar, com Amorinha é sucesso.
As duas riram. Depois disso foram ao salão e mudaram o visual de Giovanna radicalmente.