Capítulo 3

1260 Words
— Eu...eu... Sou... Júlia a preceptora da Bella. Maurice olhou desconfiado pra moça a sua frente, algo não estava certo. Quando a mãe informou que a nova preceptora, tinha começado a trabalhar, ela não avisou que era uma garota recém-saída do ensino médio. Aquela moça parecia não ter nem vinte anos, onde sua mãe estava com a cabeça? Jovem demais pra tamanha responsabilidade e Maurice não gostou que a mãe omitiu isso dele. Pelo currículo pensou que se tratava de uma mulher mais velha e responsável. — Senhorita Júlia, acho que temos um pequeno equívoco aqui, achei que tinha contratado uma preceptora formada e não uma amiga adolescente e irresponsável pra Bella. Júlia fechou a cara na mesma, hora quem aquele homem achava que era pra falar assim dela. — Senhor Maurice, posso afirmar que tudo que a sua mãe disse é verdade, posso não ser a preceptora que esperava, mas garanto que estou cuidando muito bem da sua filha. Maurice fez sinal para que a moça ficasse quieta. — Amanhã conversamos melhor senhorita, acabei de chegar de viagem, estou com uma enxaqueca e prefiro ficar sozinho aqui — a jovem começou a sair e ele a parou — A cozinha é apenas para os empregados servirem os patrões, não é pra fazer lanches a noite. — Sim, senhor — ela engoliu a humilhação em seco e saiu. Depois que Júlia se foi, Maurice saiu e foi até o escritório. Deixou apenas a luz da mesinha ligada, se serviu de uma dose de uísque e se sentou na poltrona e ficou observando a vista do jardim. Teve uma semana péssima, com tantos problemas no trabalho que parecia que não acabariam nunca. Sua insônia tinha voltado, dormiu tão pouco nesses dias que só queria encontrar sua filha e matar a saudade. Saiu do escritório e foi ao quarto da menina. Quando entrou em casa e viu a luz da cozinha acesa, achou que encontraria a mãe, mas acabou dando de cara com a preceptora da filha provavelmente comendo alimentos que não eram para empregados. Pediria pra mãe, demiti-la e encontrar uma nova pessoa, tinha certeza de que Bella não se acostumou com a garota e assim podia se livrar logo daquele pequeno problema. Entrou com cuidado no quarto, viu a filha dormindo como um anjo. Quando Louise, sua esposa, faleceu daquela maneira, só restou amar a menina pelos dois. — Papai você chegou — Bella sentou-se na cama, Maurice foi até a filha. Sua princesa era tudo que tinha na vida, a única coisa boa que ganhou por ter se casado com Louise. — Sim, princesa, estou aqui, mas é tarde, volte a dormir que quando acordar eu estarei aqui com você. — Mas pai, eu tenho tanta coisa pra contar, a senhorita Júlia.... — Shhh durma, vamos conversar quando você se levantar. A menina pediu que o pai lhe fizesse companhia, Maurice acabou adormecendo ao lado da filha. *** Júlia acordou com o despertador do celular tocando, viu a hora e se levantou num pulo, quase sete da manhã, correu para o banheiro, tomou um banho quente, colocou o uniforme. Calçou a sapatilha, fez uma maquiagem leve, foi tomar café com os empregados na cozinha, logo acordaria Bella. Encontrou Adele cantando, deu um beijo no rosto da amiga, viu tudo que Bella precisava e avisou que iria ao quarto da criança. Acabou esquecendo de contar a Adele o péssimo encontro da noite anterior. Entrou sem bater, batendo palmas e cantando a canção favorita de Bella, não percebeu que pai e filha dormiam abraçados na cama. Calou-se quando se deu conta, mas já era tarde e Maurice tinha despertado com o barulho, novamente estava olhando para ela com raiva. Só podiam ser sinais do destino, aquele trabalho, com certeza, não seria dela. — Bom dia... senhor Maurice me perdoe eu não sabia que estava no quarto da Bella, eu costumo acordá-la de maneira a deixar a menina alegre. — Pelo visto tem suas próprias regras em minha casa. Bella se mexeu na cama, logo acordou. — Senhorita Júlia, você está aqui, olha quem dormiu comigo. Meu pai voltou e ele vai nos levar pra alimentar os bichinhos. A menina acordou com tanta alegria que Júlia não sabia o que responder. — Calma mocinha, é melhor a senhorita se arrumar primeiro, eu vou tomar um banho e a preceptora vai te ajudar. Senhorita Júlia, daqui a meia hora eu espero as duas na mesa do café, vamos comer juntos. —Já tomei café, senhor. — Não lhe perguntei nada. Maurice beijou a testa da filha, saiu do quarto, deixando Júlia desesperada com o que aconteceria — Senhorita Júlia vamos, hoje nós três passearemos — Vem pequena, vamos escolher uma roupa bem bonita pra você — só lembrava do que a patroa lhe dissera. *** Maurice andava de um lado para o outro, nervoso e tentando convencer a mãe de que era melhor mandar a preceptora embora. — Filho, a moça é dedicada, trata bem sua filha, não entendo o motivo de tanta desconfiança. Júlia é uma jovem esforçada, educada e o principal é profissional e não tem pretensão de se casar pelos próximos anos. A preceptora perfeita pra nossa pequena, o que mais você queria? Ela ser jovem é um problema pra você? Ou acha que você também não resistirá ao charme de Júlia? Janice encarou Maurice que bufou: — Claro que isso nunca vai acontecer mamãe, só acho aquela moça nova demais pra ocupar uma função importante nessa casa, além de ocupar muito espaço, porém, vejo que sou voto vencido, já que a senhora disse que ela é eficiente e capaz, eu vou aceitar, mas escute bem, no primeiro erro dela, aqui dentro será imediatamente demitida. Maurice saiu com passos largos, enquanto Janice observou o filho. Conhecia bem seu menino, mesmo ele sendo um homem de trinta e cinco anos, sabia quando algo o afetava. Ficaria de olho em Júlia. Maurice conversava com o pai, enquanto Adele servia o café, logo apareceu Janice com a neta e Júlia que se sentou na mesa consciente de que o patrão lhe fazia uma armadilha. A patroa tinha pedido pra conversar com Júlia primeiro: —Minha querida, você conheceu Maurice ontem, espero que ele não tenha assustado você, Eddie e eu não queremos que você nos abandone logo, meu filho tem esse jeito, mas, no fundo, é um homem bom. Não é mesmo Maurice? Maurice se engasgou com o café, apenas balançou a cabeça em sinal de positivo. Bella conversava com a preceptora e a avó, até que tocou no assunto do passeio. — Papai, a senhorita Júlia vai conosco, não é? Maurice já tinha pensado na desculpa perfeita, pra evitar essa companhia, explicou a filha que daria folga, pra ela e Júlia voltaria apenas no domingo. Assim evitaria, uma companhia indesejada ao lado, dele e o final de semana seria tranquilo ao lado da filha e dos pais. Não queria estranhos andando pela mansão nos dias em que ele tinha descanso. Júlia se sentiu aliviada ao ouvir que teria dois dias de folga, quase se ajoelhou no meio da sala, em agradecimento por escapar de ficar ao lado daquele homem por dois dias com Janice a olhando de lado. Pediu licença e foi organizar as coisas de Bella para o final de semana, depois arrumou sua pequena mala, se despediu da menina e de Janice, aproveitando que o patrão m*l-humorado estava numa ligação, saiu. Teria um fim de semana inteiro para pensar em como dobrar aquele homem terrível e se manter no emprego.
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