.•*¨*•.¸¸♪ Capítulo 20 ♪¸¸.•*¨*•.

2162 Words
.•¨ •.¸¸♪ Aquele onde Renriel e Sírius se entendem♪¸¸.•¨ •. Não a agradava a forma como Sírius insinuava tal coisa, mas ainda assim - por algum motivo -, Renriel não o contradisse. Seus dedos continuaram a massagear suas têmporas com certa sutileza, enquanto ela pedia aos nove mares que a livrasse dessa maldita enxaqueca. "Podemos ser objetivos então?" Se viu perguntando em alto e bom tom. Um riso baixo ressoou em sua mente, e ela rosnou com a dor que envolveu sua cabeça. Seus tímpanos pareciam prestes a estourar. Não era o bastante que as memórias fossem sempre tão dolorosas? Os sentimentos eram tão vivos e por alguns momentos, ela até mesmo se esquecia de quem realmente era. Era perigoso, Renriel não conseguiu evitar de pensar. O que aconteceria se ela realmente se perdesse em meio ao emaranhado de lembranças e dor? Eram tão fortes e obscuros..., mas esses pensamentos, apenas tornaram seus olhos mais doloridos e sua mente, mais bagunçada. Ela resmungou, jogando-se para trás, confortavelmente na poltrona. “Certo” ele respondeu sem rodeios “certo... acho que me diverti por mais tempo do que realmente deveria. Então... por onde quer que eu comece a te explicar?” “Comece por tudo que já deveria ter me contado” Sírius bufou uma risada infantil e com uma tonalidade alegre, não demorou a falar. “A magia funciona diferente para diferentes tipos de pessoa, mas acho que você já sabe disso, não é? Então, deixe-me te explicar como funciona para nós.” Essa era uma questão muito básica. Era de conhecimento popular, que poucos são aqueles capazes de utilizar magia. De início, se pensava que apenas aqueles de sangue real, seriam capazes de despertar para a magia. Os herdeiros dos guardiões, era como os chamavam. Cada família real, possuía seu guardião e geração após geração, o herdeiro digno era designado e o guardião era passado, como um símbolo de que a Deusa os havia abençoado e os enviado para governar, mas as coisas eram um pouco diferentes do que se imaginava e isso veio à tona após o despertar da primeira arquimaga. Uma nobre da casa Bellrose, que logo, foi chamada por todos de a flor de Bellrose. Houveram especulações e muitos disseram que a jovem Bellrose, devia descender de uma das grandes famílias. Desde boatos sobre seu verdadeiro pai, a conspirações contra a coroa, mas para o azar de todos aqueles que estavam prestes a sugerir a morte da arquimaga: Elsi Bellrose ascendeu como as flores da primavera. Sua magia não vinha de um guardião, muito menos de uma Deusa que a enviou para governar. Logo depois, outros nobres ascenderam e os Mestres surgiram. Mestre do vento, fogo, terra, água. Assim como os alquimistas que relutantemente, foram aceitos. Agora, era de conhecimento geral que a magia podia despertar dentro de nobres de diferentes reinos, mas Renriel sabia que havia mais que isso. Existia a magia selvagem e a magia n***a. Ambas, eram ignoradas pelas famílias reais e pelos sábios e mestres, como uma maneira de negar sua existência, mas a verdade era que isso não as tornava menos reais. Sírius era a prova viva da existência de magia selvagem. “Em um tempo a muito esquecido, houve a crença de que seus méritos e deméritos atariam e desatariam grilhões em sua alma, mas a verdade – embora não estivesse tão longe – era um pouco diferente. Os grilhões existiam, isso era um fato, mas não funcionavam por méritos e deméritos, eram simplesmente um reflexo da dor de cada alma.” “E o que exatamente isso quer dizer?” “Quer dizer que para se tornar digna de todo o poder que posso te garantir, você precisa provar ser digna e suportar todos os grilhões daqueles que vieram antes de ti.” As palavras de Sírius, trouxeram a mente nublada de Renriel, o sofrimento e a dor que Arawn sentiu ao ver sua mãe sendo morta. A dor de Lucien ao deixar Mark para trás, pensando que jamais voltaria a vê-lo. “Isso quer dizer que tem mais...” “Muito mais. Existe muitos grilhões até que chegue ao final, mas... existe também uma parte boa”. A voz rouca e agora, familiar, de Sírius murmurou. “Você jamais sentirá dor sozinha, capitã”. Você não precisa lidar com sua dor sozinha, Ren-Ren. Aquelas também haviam sido as palavras de Lucien. O coração de Renriel, vacilou. “Preciso pensar...” Ela murmurou, sentindo sua cabeça latejar. “Descanse, criança e tome seu tempo..., mas lembre-se, você tem apenas cinco dias agora.” O aviso fez seu corpo estremecer. Existiam coisas das quais ela realmente não podia se esquecer. “Você tem razão. Obrigada”. Disse educadamente, levantando-se da poltrona e caminhando até a cama bagunçada. “Com quem está falando, capitã?” A voz de Beerin a fez erguer o olhar dolorido na direção das portas. O corpo do rapaz estava coberto de suor, sua camisa praticamente encharcada e seus cabelos uma completa desordem, mas a beleza de Beerin fazia com que todas essas coisas fossem irrelevantes. “Com os meus demônios” Renriel brincou, forçando um sorriso por seus lábios pálidos. Beerin arqueou as sobrancelhas, mas não questionou. “Certo... tenha um bom descanso, capitã”. “Digo o mesmo, princesa” ela respondeu com simplicidade, agradecendo aos nove territórios pela boa personalidade do príncipe de Asaph. Talvez Renriel mudasse de ideia se soubesse o que se passava nos pensamentos do príncipe Beerin, já que quando uma tempestade se aproxima, é importante estar preparado. ✶✶✶ Quando se escreve grandes histórias de amor, nunca se espera que a dor continue ali. Os grandes heróis e as donzelas, sempre superam suas dores ao encontrarem o amor de sua vida, como se mágica acontecesse e todas as cicatrizes e machucados, simplesmente desaparecessem. Nunca se espera um final onde o amor fracasse, ou as dores permaneçam. Talvez, essa seja apenas um reflexo da verdade. Ninguém quer lidar com a sua dor. Então... mesmo o amor não está livre do egoísmo humano? Que irônico. Beerin nunca desejou um amor incondicional e grandioso, mas seus olhos brilharam com a ideia de liberdade, a liberdade que Eilidh poderia proporcionar. Com a possibilidade de não sofrer todas os dias, de não chorar sozinho. Seu coração, parecia sempre vazio na torre, então... por que agora, parecia sentir falta de algo que ele nunca teve? Por que estava se tornando tão ganancioso? Seu peito apertava como se estivesse sendo esmagado, sua respiração parecia queimar e suas mãos tremiam – mas já não era por medo – sempre que Renriel sorria. “Eu vou enlouquecer” ele murmurou para si mesmo, enquanto entrava na segunda porta e tirava suas roupas. O espelho que ficava no lado esquerdo do banheiro, estava um pouco embaçado pelo vapor. A banheira estava cheia, com água morna e um agradável aroma de flores. “Obrigada” ele murmurou automaticamente ao entrar na água. Seu corpo parecia melhor, ele teve que admitir. Sua pele estava hidratada, seus cabelos pareciam mais bonitos e os olhos já não tinham as grandes olheiras de quando estava em Asaph. Assim como na primeira vez em que se banhou ali, os cortes e machucados foram se curando pouco a pouco, assim que seu corpo foi imerso por completo. A água era relaxante e Beerin teve que se esforçar para não fechar seus olhos e se permitir adormecer ali. Por quanto tempo, espera dormir? Uma voz feminina e familiar murmurou. Em um sobressalto, o príncipe ergueu-se da banheira, mas o cômodo permanecia vazio. Ele havia adormecido? A capitã o havia chamado? Não, aquela voz não era de Renriel... era uma voz severa e em nada era parecida com a tonalidade cantante da jovem capitã. “Eu realmente devo estar enlouquecendo...” ele resmungou, deslizando os dedos pelos cabelos negros, que agora, estavam completamente encharcados. Com cuidado, ele retornou a banheira e afundou, deixando que a água que restou, o envolvesse por completo. Era um calor aconchegante, familiar, protetor. Quando imergiu da banheira, o príncipe olhou de relance para o espelho com detalhes esculpidos em ouro. Era um trabalho delicado e por um momento, enquanto olhava seu próprio reflexo, ele imaginou se Renriel também o fazia, levando seu rosto a ruborizar. “O que diabos você está pensando?!” Se repreendeu, escondendo o rosto entre as mãos, mas a imagem dos cabelos longos e ruivos, descendo por suas costas nuas, contornando suas curvas e... Ele sacudiu a cabeça, tentando espantar a imagem, enquanto puxava a toalha em volta do corpo. Ele sabia do que precisava. Levantar, vestir-se, deitar no sofá e adormecer, mas para o seu completo azar, seus olhos pareciam ter desistido da ideia de dormir. Seu corpo estava formigando e havia ali todas as possibilidades, menos descansar. Não era que seus músculos não estivessem doloridos – mesmo que a água da banheira tenha cuidado dos machucados, ainda restava ali alguma dor –, mas chegava a ser irrelevante, perto do impulso de levantar. Foi então, que Beerin se pegou prestando mais atenção na cabine. Não era tão alta, o teto podia ser tocado caso ele esticasse a mão para cima e ficasse na ponta dos pés. A madeira escura, junto a falta de iluminação - preferível pela capitã -, deixava o lugar com um ar sombrio, mesmo que a maioria de seus móveis fossem elegantes e delicadamente trabalhados. A primeira porta, a esquerda, que quase nunca era fechada – pertencia a Renriel. A cama solta dentro do espaço praticamente vazio, era onde a capitã costumava dormir. A segunda porta, ao meio da sala, dava para o banheiro. O lugar era pequeno, mas bem decorado. Então, a atenção do príncipe havia recaído na terceira porta. Aquela, ainda não tinha sido aberta até então e isso o deixou particularmente curioso. O que poderia ter ali? Estava trancada? Era alguma espécie de segredo? Por que aquilo o interessava tanto? Não toque em nada. A capitã tinha dito, mas quantas regras ele já não havia quebrado? Espiar durante a noite – quando ela jogou a coroa de rubis no mar. Agarra-la na frente de seus marujos em meio a batalha contra a criatura que guardava a terceira ilha. Leva-la para a cama no colo, enquanto adormecida na poltrona após um quase coma alcoólico..., é, ele já tinha quebrado muitas regras, então... o que seria mais uma? Sim, ele não devia fazer por muitos motivos, mas o medo remanescente, era menos que os pensamentos que Beerin desejava afastar. Então, quando se deu conta, já estava girando a maçaneta da porta. Ela vai me matar se acordar e me vir aqui? Se questionou enquanto puxava uma das velas consigo, mas seus pensamentos logo perderam o foco, quando a sala inteira se iluminou. Em grandes prateleiras e mostruários, estavam espalhadas e expostas, grandes armas e espadas. Em um canto da sala, um pequeno mostruário dourado, guardava um conjunto de 13 adagas. Os cabos eram ornados com pedras que pareciam abraçadas pelo metal. A esquerda, presas a parede, haviam espadas negras, com símbolos estranhos entalhados em suas lâminas. A vela em sua mão, não era a responsável pela iluminação daquela sala, assim como o ar ali, parecia ligeiramente mais quente. Ao centro da sala, em uma mesa circular, um mostruário com três rapier que pareciam obscurecidas, mas quando ele se aproximou, notou apenas que sobre o veludo n***o, estavam lâminas igualmente negras, com gemas incrustadas em todo o seu corpo. Por algum motivo, os pés de Beerin agiram por vontade própria e antes que ele se desse conta, estava se aproximando do fundo. Lá, uma linda espada longa de uma lâmina que parecia ser feita de cristal, refletia seu rosto. Os dedos do príncipe, formigaram, como se uma voz o implorasse para toca-la e quando ele se deu conta, a tinha em mãos e sangue descia por seu braço. ✶✶✶ .•*¨*•.¸¸♪ Sumário♪¸¸.•*¨*•. Rapier: é um tipo distinto de arma branca, uma espada comprida e estreita, popular desde o período Medieval até a Renascença. são geralmente descritas como sendo espadas com a lâmina relativamente longa e fina, ideal para golpes de perfurações e uma proteção guarda-mão com complicados filetes de metal, o que a torna uma bela arma, podendo ser usada na esgrima artística (mesmo não sendo uma arma própria para o desporto). A lâmina pode ter largura suficiente para cortar a golpe, mas o poder da rapieira vem da sua habilidade de perfuração. Rapieras podem ter gumes com fio de corte só dum lado, com fio de corte dum lado só da ponta até ao meio (como descreveu Capoferro), ou podem ter gumes completamente cegos. Eilidh: Rainha de Fiesty, coroada a 3 anos e noiva do príncipe Beerin.
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