Diana narrando
Eu sentia.
Sentia como se o calor do olhar dele atravessasse a minha pele e queimasse por dentro.
Eu não precisava olhar pra saber que ele tava ali, na varanda do quarto dele, com aquele baseado aceso na ponta dos dedos, tragando devagar enquanto me observava.
O cheiro da maconha já tomava conta da área da piscina, misturado com o cheiro do nosso bronzeador que eu e Isa passamos rindo, distraídas, mas mesmo fingindo normalidade, meu corpo tava aceso. Pegando fogo.
Pra mim era muito comum vir aqui. Tava sempre nessa casa, cresci em meio à convivência com a Isa, com a Michele, com o Grego. Sempre fui bem tratada. Respeitada. E nos últimos anos, passei a me sentir parte da rotina deles. A tia Michele me acolhia, o Grego sempre foi reservado, mas presente. Só que… de um tempo pra cá, alguma coisa mudou.
Talvez tenha sido o modo como ele começou a me olhar. Ou talvez tenha sido o modo como eu comecei a sentir o corpo reagir quando ele estava por perto. Um calor estranho, um arrepio na nuca, um frio na barriga toda vez que a voz grave dele ecoava pela casa. Tentei me podar. Me julguei. Me corrigi várias vezes. Mas não adiantou.
E hoje… depois de tudo que ouvi ele falando com a Isa, do jeito como se referiu à Michele, da firmeza com que deixou claro que não levaria mais esse casamento a frente, que ele estava insatisfeito e isso dava pra sentir na sua voz, e nas suas últimas atitudes… alguma coisa em mim cedeu. Como se o que eu sentia deixasse de ser tão errado assim. Como se aquele desejo deixasse de ser proibido. Ainda era complicado, sim. Era o padrasto da minha melhor amiga, era um homem com quem convivi boa parte da vida. Mas ali, sob o sol, com o calor subindo e o cheiro dele invadindo o ar… eu não consegui mais fugir de mim.
Entrei na piscina numa tentativa desesperada de aliviar o calor que queimava dentro do meu peito. Mergulhei uma, duas, três vezes. Atravessei a piscina de ponta a ponta. Mas o olhar dele me perseguia mesmo debaixo d’água. A tensão, ao invés de diminuir, crescia, fervia, explodia. Era como se cada gota escorrendo no meu corpo servisse de combustível pro desejo.
E então, eu decidi provocar.
Deitei de bruços na espreguiçadeira, mesmo contra o sol, mesmo. Mas a posição deixava minha b***a virada pra varanda. Era a única coisa que eu queria. Eu queria sentir o olhar dele ali. Cravado. Me queimando.
E foi exatamente o que aconteceu.
A marquinha do biquíni tava viva na minha pele, o sol ainda quente, o calor cada vez mais forte. E eu sabia. Sabia que ele me via. Sabia que ele me desejava. Mesmo sem se mover. Mesmo sem dizer nada.
Meu corpo reagia como se estivesse sendo tocado.
A b****a latejava de um jeito insuportável. Molhada. Quente. E eu não tinha como disfarçar mais.
Fiquei ali, rendida, até ouvir a voz animada da Isa voltando do lado de fora.
— Amiga, tu não sabe! — ela se jogou em cima de mim, rindo alto, me tirando do transe.
Sentei na espreguiçadeira, tentando ajeitar o biquíni e recuperar o controle do meu próprio corpo, que ainda parecia anestesiado pela presença dele ali em cima. Mas o cheiro da maconha já começava a sumir no ar. Ele tinha saído. E eu respirei pela primeira vez, como se tivesse prendido o fôlego por minutos.
— Tu vai falar com quem você tá se envolvendo ou não? — perguntei, empurrando ela de cima de mim, curiosa demais com aquele segredo todo.
Isa arregalou os olhos, fez um charme, mordeu o canto da boca.
— Ai, amiga… eu tô com medo do meu tio Grego brigar, sabe? — ela falou com aquele jeitinho leve, mas sincero — Você sabe como ele é superprotetor comigo, né? Ele cuida de mim como um pai.
Eu assenti. Sempre vi isso. O cuidado, a preocupação, o carinho exagerado — às vezes até duro, mas cheio de zelo. Ela o chamava de “tio”, mas a relação entre eles era claramente de pai e filha. E ele… nunca cobrou nada. Nunca exigiu esse título. Apenas fazia por ela. Como se fosse sangue do próprio sangue.
— Fala logo, menina! Com quem tu tá ficando? — perguntei mais uma vez, agora cruzando os braços, já me preparando pra alguma bomba.
Ela riu, envergonhada, e jogou o cabelo pra trás antes de soltar:
— Com o Johnny.
Eu travei.
— Com quem?! — me virei de frente pra ela, o susto estampado no rosto.
— Com o Johnny, amiga! O braço direito do meu tio! — ela falou, rindo mais ainda.
— Mano do céu, Isa! Eu nunca imaginei tu e o Johnny juntos! Vocês viviam de cara amarrada um pro outro pelo morro, direto se alfinetando, se ignorando. Eu achei que vocês se odiavam!
— Então, né… acho que era tudo t***o acumulado! — ela gargalhou — Ontem, eu trombei com ele, começamos a discutir por nada, sabe? Aquela coisa b***a… do nada, ele me prensou na parede e me beijou. E pronto. Foi dali pra cama.
Eu dei pra ele a noite inteira.
Eu arregalei os olhos, chocada.
— Isa! Tu tá me zoando…
— Não tô! Foi muito louco. Nunca tinha vivido isso. Eu juro que achei que a gente ia se matar um dia desses aqui no morro. Mas não sabia que era na cama.
Agora eu tô… sei lá. Me sentindo estranha, mas viva, sabe?
Eu fiquei olhando pra ela, sem palavras. Não que o Johnny fosse um problema — ele era linha de frente, bonito, respeitado. Mas ela sempre falava m*l, soltava piada, dizia que ele era marrento, metido, que se achava demais. E agora, tava ali… contando que passou a noite toda sentando no bofe.
— me conta tudo vai, quero saber de todos os detalhes — eu falo com ela e ficamos ali um tempão fofocando até que ouço o barulho da moto dele e ele saindo de casa
— ai amiga, você vai com a gente amanhã, né ?— ela me pergunta e eu já engulo seco nervosa — tô tão chateada com a minha mãe cara, necessidade nenhuma dessa parada, meu tio tá certo, mas eu fico triste, sabia ? — ela fala e meu coração dispara — ontem eu briguei com ela feio, nunca vi meu tio falar as paradas que ele falou pra ela ontem, ela vai perder ele por bobeira, eu nem reconheço mais minha mãe — ela fala e eu fico pensando sobre uma possibilidade pra mãe dela ter mudado tanto, sei lá, não faz sentido pra mim
— amiga, deixa eles se resolver, e o melhor que você faz..— eu tento mudar o foco do assunto porque eu não sei como me posicionar a ela sobre isso
— mas você vai comigo amanhã, e eu vou tentar arrastar meu macho junto, já pensou dar em auto mar ?— ela fala rindo e eu só imagino o grego me fudendo em auto mar
— vou dar um mergulho — falo me jogando na piscina tentando tirar esse homem da minha mente mas parecia impossível
Tudo o que ela falava eu só pensava nele, eu só pensava na gente fudendo, eu só pensava nas suas mãos grossas, firmes, me pegando com força, e eu ficava dividida entre a culpa e o t***o que me consumiam…