— Quer derrubar meu portão, avisa pra você comprar outro — abro o portão e o Jd entra que nem balinha.
— Abusada e ainda nem me agradece como mereço — sai entrando — Cadê a vó?
— Deitada — pego as sacolas e levo pra cozinha — Dá uma olhadinha no Pietro enquanto faço o que ele comer.
— Falou, patroa — grita da sala mesmo.
Amasso as bananas com a geleia de mocotó, faço o leite, coloco na mamadeira e levo tudo pra sala. Sento no tapete onde está Pietro e puxo ele pro meu colo.
— Deixa que eu dou, po. Já terminou de se arrumar?
— Já nasci pronta — pisco pra ele que n**a — Obrigada, pode voltar ao teu serviço — falo começando a dar o amassadinho pro Pietro.
— Tenho que ir mesmo, o primo dos patrões de camará tá no hospital a beira da morte. Devia nem tá por aqui, trabalho por lá, não aqui na Vila — o radinho dele toca — Falei, lá vem notícia r**m.
— Vira essa boca pra lá — chuto seu pé — É o tal do Opala?
— O próprio, po.
— Ele é um bom rapaz. Conheço a esposa dele, fazia cabelo lá no salão dela e conheci as amigas delas também.
— Te falar, a família toda maneirona, merece ter perda nenhuma — concordo — Mas tu tá esquecendo de nada não?
— De que, garoto?
— Tia Márcia é a tia do moleque, po — passo a mão no rosto me lembrando.
— Será que ela vai vir? — dá de ombros — Pega meu celular em cima da minha cama — ele levanta do sofá indo pro meu quarto e volta me entregando o aparelho. Mando mensagem e demora um pouquinho, mas ela responde. Suspiro pela frustração e fico pensando no que fazer.
— Coé, Lua? — o olho e meu olhar me entrega — Quer que eu levo o moleque pra creche? — concordo — Pega as coisas dele, que eu levo.
Levanto do tapete, entrego Pietro com a mamadeira pro Jd e vou pro quarto do Luan e da Carolina. Abro a cômoda do Pietro, pego o necessário e arrumo na sua pequena mochila, pego um sapatinho preto e volto pra sala. Coloco o sapato no Pietro enquanto ainda mama e assim que ele termina, Jd bota ele pra arrotar.
— Até que tu seria um bom pai, viado — bato em sua cabeça.
— A mamãe é você.
— Continua sonhando — fomos até o portão, Jd sobe na moto e entrego Pietro — Cuidado com esse garoto ou esfolo teu cu.
— Tão delicada.
— Valeu aí — beijo sua bochecha e ele sai dali.
Volto pra dentro de casa, aviso ao trabalho sobre minha falta a chefe e acredito que ela vai entender, Priscila é um amor. Troco minha calça por um short e continuo de sutiã mesmo, agito tudo pra começar a arrumar casa e fazer a comida.