Capítulo 05

1274 Words
Às vezes nos perguntamos o porquê de insistirmos em beber quando sabemos o resultado de tanta bebida no dia anterior e era assim que eu me sentia. Mesmo que eu soubesse que seria domingo e que por sorte não teria que ir ao trabalho, o simples fato de dormir até tarde iria significar o quão tarde havia voltado para casa, o quanto de bebida eu havia ingerido... Antes mesmo de me recompor e levantar da minha cama, pensei que dentro de alguns dias eu estaria morando sozinha, no meu apartamento, onde quem iria estabelecer as regras seria eu. Encontrei mamãe e papai na mesa tomando o café da manhã — que por sinal estava recheado — e a única coisa que eu precisava era uma enorme xícara de café preto forte. — Não vi a hora que chegou ontem. — Papai comentou, lendo o jornal que estavam em suas mãos. — Nem eu sei ao certo a hora que cheguei, mas acredito que não tenha sido muito tarde. — Expliquei. — Se divertiu? — Mamãe perguntou, ela, ao contrário de papai, estava prestando atenção em mim. Apenas assenti com a cabeça e senti que papai olhou por cima do jornal para ver a minha reação. — Vocês dois beberam muito ontem? — Eu estava certa, uma hora papai começaria fazer aquelas perguntas indesejadas. — Não. — Neguei com a cabeça, mentindo. — Ele tratou você bem? — Segunda pergunta. — É claro. — Olhando por um lado, Rafael havia me tratado bem, apenas bebeu em excesso e deixou-me sozinha, mas não havia sido um ogro ou algo do tipo. E o interrogatório veio mais forte do que eu imaginei que viria. Algumas perguntas me deixavam constrangida, já que estava entre os meus pais e aquilo me deixava desconfortável. Por sorte o telefone começou a tocar e resolvi que iria atender para quebrar o clima tenso. — Alô? — Gostaria de falar com a senhorita Carolina da Silva? — A voz do outro lado da linha pertencia a uma mulher, não sabia dizer exatamente qual era a sua idade, mas a voz não era muito legal de se escutar. — A própria. — Concordei. — Nós temos o seu nome anotado como uma das compradoras de um apartamento, correto? — A mulher pediu para que eu confirmasse. — Correto. — Confirmei. — Nós queríamos dizer que a entrega será antes do tempo previsto, na semana que vem a senhora já pode estabelecer-se em seu apartamento. — Ela havia ligado no momento certo, quando o que eu mais precisava era de uma notícia boa como aquela. — Muito obrigada pela informação. — Agradeci, desligando o telefone. Meus pais estavam me olhando. Eles não sabiam do que se tratava a ligação que eu acabara de receber, mesmo porque eu não disse nada que pudesse facilitar. — Quem era no telefone Carolina? — Papai perguntou. — A mulher informando que meu apartamento estará pronto na semana que vem. — Respondi. Agora, o assunto havia saído do meu “encontro” na noite anterior e havia sido direcionado para a mudança que eu faria na semana que vem. Posso afirmar que meus pais não gostavam da ideia de me ver longe deles e ainda mais agora sabendo que demoraria exatamente uma semana e não mais um mês. Resolvi que precisava sair de casa, mas não iria para um lugar qualquer. Iria para o apartamento da Mariana onde poderia contar sobre a minha noite h******l e sobre a certeza que eu tinha que não iria mais sair com Rafael. Estava pensando em desistir de bater naquela porta, as pontas dos meus dedos já estavam cansados do contato contra a mesma. Mariana abriu a porta enrolada em uma toalha, é claro que a porta tinha olho mágico, caso contrário ela não havia aberto a porta daquela maneira. — Você demorou, já estava indo embora. — Reclamei, deitando em seu sofá. — Pelo visto a noite anterior foi boa para que você viesse até o meu apartamento. — Mariana brincou, insinuando o seu pensamento sujo com segundas intenções. — Para o meu azar, foi péssimo. — Contei. Ela não iria colocar uma roupa, pelo menos não antes de escutar o que eu tinha para falar. — O que aconteceu? Ele é um psicopata? Tentou abusar de você? — Ela estava preocupada comigo, a final, foi ela quem bolou essa lista. — Nós bebemos, é claro que eu bebi em menor quantidade. Ele queria que eu dançasse, eu não sabia dançar. Havia uma loira que também havia bebido, os dois se grudaram na parede e ele me abandonou. — Expliquei resumidamente, antes que ela tivesse um ataque na minha frente. Mariana estava chocada, como prova disso, sua boca estava aberta e uma das suas mãos tampava a mesma. — E como você foi embora? Ligou para os seus pais? Aposto que seu pai ficou uma fera. — Perguntou rápido demais, não dando chance para que eu respondesse suas perguntas. — Um estranho me ofereceu uma carona, ele estava na festa. — Contei. — E você aceitou? Como você é louca! — Acusou-me. — Não esqueça que você quem me colocou nessa furada. — Apontei para ela, que talvez agora estivesse se sentindo culpada. Mariana sentiu-se culpada, mas querendo ou não eu poderia ter negado o seu pedido de fazermos uma lista para que eu pudesse encontrar o cada ideal. Mesmo sabendo que seria loucura encontrar o homem da minha vida em um ambiente assim, de uma maneira que não faria muito sentido, mas eu precisava de alguém, eu sentia isso. Havia necessidade em encontrar alguém. — Eu acho que você deveria desistir da lista, não foi uma boa ideia. — Mariana confessou por fim, decepcionada. — Não há o porquê de desistir agora. — Afirmei. — Quero continuar com a lista, pode ser bom para mim. — Mas e se alguma coisa acontecer com você? — Perguntou preocupada. Agora era como se estivéssemos acabado de trocar de lugar. Toda a preocupação que eu passara a sentir após saber da lista, agora havia passado para Mariana que estava aflita ao meu lado. Estávamos estudando a possibilidade do próximo encontro com o segundo homem da minha lista. Estava ansiosa para saber quem era, já que a minha melhor amiga havia tomado posse da minha agenda, onde se encontrava a lista. Guilherme Ferreira. Esse era o nome do meu próximo possível amor. — Irei procura-lo nos seus contatos. — Mariana avisou. — Devo dizer que o nome é familiar, acho que lembro-me dele. — Contei. E de fato o nome dele me chamava a atenção. Sabia que ele havia estudado comigo no ensino médio e que pode parecer estranho uma pessoa não lembrar de outras. Mas, a minha sala era enorme, digamos que cerca de cinquenta alunos. Tirando o fato de que eu era antissocial, principalmente por passar os três anos da minha vida, ligada nos livros e cadernos para passar em Direito. Pelo simples fato de lembrar do seu nome, algo me dizia que aquele encontro seria diferente. Sentia-me mais à vontade agora. A primeira experiência foi terrível, mas isso não queria dizer que as outras tentativas terão o mesmo resultado. Se bem que, eu tenho uma grande parcela de culpa em ter aceitado primeiramente a ir em uma festa — onde eu não sabia onde ficava, as pessoas que iriam estar —, por mais que alguns rostos na noite anterior fossem familiar e ter sido levada para casa por um homem generoso, isso não acontece sempre. Como o mundo está cada vez mais perigoso, nós necessitamos estar atento a todos que nos rodeiam.
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