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973 Words
“Maria Helena Farzar é CEO na empresa de cosméticos, uma mulher extraordinária e bem sucedida, mas nem sempre foi assim. Como todo ser humano, também passou por momentos difíceis, caóticos e ruins, porém, venceu todos eles e se tornou quem é hoje.” Olho fixamente para a parede do meu closet, lá estavam penduradas matérias sobre mim e meu trabalho. Hoje não era um dia bom, acordei me sentindo vazia e como se nada na minha vida fizesse sentido. Sempre que isso ocorria, eu me levantava e ia até o closet, sentava no chão e encarava os pedaços cortados de papel. — Chega de choro, sua vida é perfeita — digo em voz alta, tentando me convencer —, muitos dariam tudo para ter o que você tem. Me levanto limpando meu rosto, vou ao banheiro, lavo o mesmo, me olho no espelho e forço um sorriso. Aprendi desde pequena a levantar, limpar o rosto e agir como se nada de errado estivesse acontecendo, mesmo após uma queda dolorida ou com sofrimento interno gritante. Não estava tudo bem, mas a realidade é que ninguém liga para isso e não posso me dar o luxo de desabafar, pois ninguém entenderia meu sofrimento, até porque já tentei e todos pensam ser uma crise de menina mimada. Meu telefone toca, vou para o quarto e o procuro, até que acho embaixo da cama, atendo sem muita pressa, era minha secretária. Ligação: — Alô? — Olá, senhora. Bom dia, tudo bem? — Bom dia. Tudo, sim, por quê? — A senhora tem uma reunião em 5 minutos, porém ainda não chegou, sempre chega bem cedo para arrumar tudo. Acordou indisposta? Quer que eu cancele? — Ai, Zoe — bato a mão na testa — esqueci. Arruma tudo para mim, vou me arrumar e logo chego. Talvez me atrase, solicita o Renato para começar sem mim. — Sim, senhora. Ligação: Logo corro para me arrumar, hoje não teria tempo para tomar o café maravilhoso que minha cozinheira fazia e apreciar a linda mesa que arrumava. Visto uma calça jeans e uma blusa social grande de cor lilás, coloco uma sandália com um pequeno salto, passo uma base leve e um rímel, só para tirar um pouco da “cara de choro”. — Bom dia, Dayse. Passo pela cozinha e pego algumas coisas para comer no caminho. — Bom dia, senhora, não vai comer? — Vou levar para a viagem, mas fique à vontade, chame todos para comer — digo me referindo aos outros funcionários. — Sim, senhora. Saio dali com meus pertences, entro no veículo e dirijo para sair da minha pequena mansão. Meu porteiro abre o portão e logo saio, dirijo rápido para chegar ao meu compromisso. Chego no escritório e vou direto para a sala de reuniões. Assim que abro a porta, todos me olham e eu me sinto mais barulhenta que o normal. Me sento e assisto à reunião enquanto comia, logo minha secretária me traz um café e assim seguem-se os assuntos. — Tem algo a acrescentar? — pergunta o Renato. — Bom dia para todos — respondem —, desculpem a demora, porém tive alguns contratempos. Todos entenderam o que foi dito hoje nessa reunião? Um homem levanta o braço, era um rapaz novo, que a propósito eu não lembrava de vê-lo antes. — Você é? — Matheus. Estou representando a senhora Silvia Curi. — Certo. O que não entendeu Matheus? — A maioria. — Estamos no momento de expansão, abrindo franquias e lançando produtos novos, edições limitadas/exclusivas. Então, estamos seguindo as estratégias que estão dando certo e mudando as que não estão. Esse é o momento para crescermos mais e depois nos resguardarmos um pouco, então vamos aproveitar bem essa oportunidade nesse momento. — Não acha arriscado focar em tudo isso ao mesmo tempo? — Não… vamos aproveitar agora que a economia está boa e estável, em dois anos o governo muda e todas nossas chances mudam junto. Não poderemos testar a sorte, devemos aproveitar esse momento favorável. — Entendi. Se nossa sorte muda em 2 anos, quanto tempo haverá de expansão? — De 6 meses a 1 ano, não queremos expandir de qualquer jeito, só vamos abrir lojas que sejam boas, estratégicas, com boas pessoas cuidando delas, boa equipe. Se não vermos isso, não abriremos. — Entendi. — Mais dúvidas? — A empresa tem o valor para expandir? — pergunta outro funcionário. — Por que não teríamos? — Só quis saber — dá de ombros. — Mais dúvidas? — Todos ficam quietos — se ninguém tem mais dúvida, então encerramos por aqui. Todos saem com calma e eu pego minhas coisas devagar. Quando iria sair, na frente da porta estava o Renato. — Por que chegou tarde? — Achei que eu era a dona da empresa — falo rude, arqueando a sobrancelha. — E é, mas não pode mandar eu fazer a reunião em cima da hora. — Já ouviu sobre sempre ter que estar preparado? O mesmo fica sério. — Foi uma ótima reunião, até que estava preparado, daqui em diante se prepare mais e sempre. Agora, me dá licença? Seu rosto sério me mostrava o quão irritado ele estava, mas não iria dizer nada ofensivo, até porque eu detinha a carta de demissão de todos dessa empresa. O mesmo se afasta, eu passo e caminho até minha sala. Em minha mesa já tinham alguns ofícios para ler e assinar, contratos e outros papéis importantes. Por mais que não estivesse tão bem, tinha trabalho suficiente para o d***o não fazer oficina na minha mente. Trabalho o dia todo, termino o dia cansada, vou para casa e sigo logo para tomar um banho, depois me deito e durmo. Estava cansada não só do trabalho, mas de muito pensar no que desejava tanto, a ponto de me fazer sofrer.
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