INTRODUÇÃO
766 Words
— Acho que estão esquecendo de quem estão falando. Espeto de mau humor com a conversa das garotas. Paula e Fernanda começam a rir, ignorando completamente o meu incômodo. Bufo e levanto-me justo quando ouço batidas na minha porta. Ambas ficam em silêncio.
— Querida, você está aí? Pergunta o papai do outro lado e eu as fulmino com o olhar quando ambas mordem os lábios.
Caminho até a porta e abro-a um pouco para vê-lo.
— Olá, senhor Matheus! Gritam as duas, movendo os rostos para espiar de um lado. Termino abrindo a porta completamente e meu pai olha para nós três.
— Olá, meninas, como estão? Pergunta com um tom amável, curvando os lábios para o lado enquanto se apoia na moldura da minha porta e cruza os braços. Quase posso ouvir a respiração sincronizada das duas quando a blusa de manga comprida que ele está usando adere bem aos seus braços ao cruzá-los na frente do peito.
— Muito bem. Respondem em uníssono e eu reviro os olhos. Meu pai ri ao me ver.
— O que você precisa? Questiono, querendo que ele vá embora logo para que minhas amigas parem de babar por ele na minha cara.
Parece lembrar de algo sério, porque se endireita imediatamente, descruzando o braço e impondo o seu metro e noventa e quatro, fazendo com que nós três tenhamos que levantar muito a cabeça para poder olhar nos olhos dele.
— A caminhonete do velho Steven estragou. Passarei a noite arrumando-a para que ele possa buscar as suas coisas às quatro da manhã. Se precisar de alguma coisa, estarei na casa dele, mas pode me ligar e eu virei, tudo bem? Ele pergunta e, como se estivesse falando com as meninas em vez de comigo, vejo-as assentir como idi*otas. Meu pai ri e eu grunho diante do suspiro apaixonado que as duas soltam.
— Tudo bem, ficarei sozinha. As meninas já estão indo. Declarei e as duas me olham.
— Mas acabamos de chegar! Queixa-se Paula como uma criança pequena, como se há pouco não estivesse dizendo as coisas que deseja que meu pai faça por ela. Entrecerro os olhos na direção dela e parece lembrar o que eu dizia, porque cora imediatamente. — Bem, vamos. Ela aceita e volta para a cama para pegar a sua mochila. Fernanda a imita e as duas saem do meu quarto, levantando as mãos para se despedir do meu pai e de mim.
— Você poderia ter dito para elas te fazerem companhia essa noite. Eu não acho que chegue antes das quatro, parece que vários cabos queimaram. Ele admite. Respiro fundo.
— Prefiro ficar sozinha. Posso pedir pizza? Pergunto, batendo os cílios como sei que funciona com ele, e meu pai revira os olhos, mas tira a carteira do bolso e me entrega uma nota de vinte. — Obrigado. Aceito e saio do meu quarto para dar um abraço nele. Ele deixa um beijo no topo da minha cabeça e depois me solta, descendo as escadas.
Tranco-me novamente no meu quarto e procuro o meu celular quando ele toca. É uma mensagem da Fernanda no grupo que nós três temos:
19:48 horas: Estou com a tanga encharcada.
Seguido disso, ela envia um sticker de um fogo se abanando.
Eu.
19:49 horas: Vad*ia.
Como se não tivesse escrito nada, Paula envia um monte de carinhas rindo e depois coloca algo que me faz ficar com raiva:
Paula.
19:51 horas: 100 dólares que eu vou comer a pi*ca dele antes do fim do mês.
Fer.
19:51 horas: Te darei 500 se você conseguir que ele coma a sua va*gina antes do final do mês.
Eu.
19:51 horas: E eu vou dar com uma cadeira em cada uma se continuarem apostando no meu pai!!!
De novo me ignoram.
Paula.
19:52 horas: Feito.
Vou matá-las.
Decido silenciar o celular para não voltar a falar com elas e grunho furiosa, jogando-o longe.
Como lhes ocorre fazer uma aposta dessas sobre meu pai? Quem elas pensam que são? Ele, jamais, em tempo algum, se interessaria por elas ou deixaria Paula comê-lo. É que, só de pensar nisso, só de imaginá-los, o meu sangue ferve.
Matheus jamais faria isso.
Não temos laços de sangue, mas ele é meu pai e jamais se envolveria com minhas amigas. Jamais.
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