Dr. Eduard era menor que eu, mas tinha seus 1,78 cm de altura, um corpo atlético, olhos verdes e cabelos loiros. Digamos que ele arrancava suspiros das mulheres da região.
Eu realmente não sabia o que pensar... Vi todo o seu trabalho, o quanto era dedicado aos animais e também como dava em cima de Claire. Meu sangue estava fervendo de ciúmes, o cara sabia ser insistente. Vou explicar a você, caro leitor, o quanto eu queria "me livrar" daquele sujeito. Ele chegou à fazenda para tratar da Mimosa, como todos sabem, ela estava com dificuldades em ter os bezerrinhos. Até aí, tudo normal, mas...
– Claire, você daria a honra de ser minha parceira e enfermeira? - Perguntou ele, todo galanteador.
– Claro, tudo pela Mimoza. - Respondeu Claire com indiferença, parecendo notar que ele estava "arrastando asas" para ela.
Os dois fizeram todos os procedimentos, salvaram os bezerrinhos e também a Mimosa. Claire estava se limpando (eu estava assistindo a tudo, tão tranquilo quanto um leão com fome), ele veio e colocou a mão em sua cintura, vou nem dizer o tanto que eu tive que me controlar vendo isso, mas para a minha tranquilidade, Claire rapidamente retirou as mãos do sujeito e ainda deu bronca. Confesso que não consegui conter a minha risada, porém a "fera" escutou, me olhou com olhos de quem gostaria de me "matar" caminhando na minha direção. Eu, sem entender nada, fiquei só esperando o "golpe final".
– Dr. Eduard, quero que conheça o meu noivo Micha. - Disse Claire com um sorriso maquiavélico.
Eu a olhei com os olhos arregalados, sem entender absolutamente nada. Rapidamente me recompus e adorei a ideia de ajudá-la.
– Muito prazer, doutor! - Eu disse com um sorriso de "orelha a orelha", se é que me entende.
– Como assim, Claire? Eu não entendo o que você viu nele. - Disse Eduard transtornado.
– Lembra que eu te disse que meu noivo não vivia aqui no vilarejo e que ele vem me visitar sempre que pode?
– Sim, mas ele nem é bonito!
– Se você o achasse bonito, seria totalmente estranho, não acha? - Disse Claire com os braços cruzados, o fuzilando com o olhar.
– Eu nunca o vi por aqui. Isso está muito estranho.
– Doutor, eu me criei com a Claire! Me chamo Micha Devama. - Eu falei, estendendo a mão para cumprimentá-lo (é claro, totalmente com sarcasmo, leitor, ele me chamou de feio!).
– Aquele Micha da Televisão? - Eduard arregalou os olhos ao perguntar.
– Talvez. - Eu disse com um leve sorriso no canto esquerdo do lábio.
– Vamos ser amigos! A Claire está em boas mãos. - Disse ele, dando um tapa nas minhas costas como se fôssemos amigos (ele está me zoando, né?).
– Sem segundas intenções? - Eu perguntei, olhando-o bem sério.
– Óbvio que não, de onde você tirou isso? Não vou mais mexer com a sua mulher! Fique tranquilo.
– Rapaz, você está ciente de que eu não preciso me preocupar com isso, né? Ela sabe se defender muito bem. - Eu disse, piscando para ela com um sorriso brincalhão nos lábios.
Sério, ela viu e revirou os olhos. Era nítido a raiva que estava em seu coração e que pairava sobre mim. Parecia uma nuvem n***a em sua cabeça e a forma que me olhou, fiquei seriamente com medo (parecia o olhar de um psicopata). Senti um arrepio nas costas, mas mesmo assim tomei coragem e mostrei a língua para ela feito criança pequena. Bizarro, eu sei, mas consegui arrancar um sorriso daquela "fera" que logo se recompos fazendo sinal de que queria me bater. Eduard não prestou atenção em nada do que estava acontecendo a sua volta porque a intenção dele era só uma: Saber como eu virei um sedutor nato e em como eu consegui ficar com as modelos do noticiário. Senhor! Ele não calava a boca por um minuto, o cara realmente não tinha conteúdo, sua conversa se baseava apenas em duas coisas: Mulheres e Medicina Veterinária. Como é que ele fazia sucesso na região? - Eu pensei, colocando a mão na cabeça.
– Desculpa, Eduard, mas você deve ter outras consultas marcadas, né? - Disse Claire, me salvando do sujeito.
– Meu Deus, já estou atrasado! - Disse ele, olhando para o relógio. - Obrigado, Claire. Vamos marcar e tomar uma bebida um dia desses, Micha. - Disse ele, piscando para mim como se aquilo fosse totalmente amigável.
– Vamos sim. - Eu disse, forçando um sorriso.
– A conversa está boa, mas realmente eu tenho que ir. Até mais, casal do ano! - Disse ele, finalmente indo embora.
– Eu quero matar o sujeito. - Eu disse, em forma de desabafo.
– Eu sei, também tenho essa vontade. Como ele é repulsivo! Vivia arrastando asas para mim, chegava a ser nojento, aí te chamou de feio e quando você disse o seu nome, parecia que ele era o noivo...
– É... Totalmente sem intenções... - Eu disse, meio amargo.
Claire pareceu notar o ar sombrio que se espalhou pelo ambiente.
– Muitas pessoas se aproximaram de você por interesse, né? - Falou Claire.
– Sim, você não faz ideia... De modelos que inventava relacionamentos a diretores asquerosos que queriam se beneficiar da minha posição.
– Você quer dizer que metade dos seus relacionamentos da mídia eram fakes? - Perguntou Claire, parecendo confusa.
– 100% dos meus relacionamentos eram fakes. Eu nunca tive tempo para isso, embora eu aparecesse acompanhado nos eventos, mas eram apenas para manter a aparência.
– Por que? Isso não faz sentido algum.
– Porque eu sempre te amei. Eu não conseguia ter um relacionamento porque sempre via seu rosto.
– Você sabe que eu não acredito em você, né? - Disse Claire, totalmente desconfiada.
– Eu sei e não a culpo por isso. Até porque, eu precisava que você ficasse afastada para não se machucar.
– Não faz sentido você definir isso. Até porque, quem deveria decidir isso era eu.
– Claire, eu disse "você se machucar" de forma física!
– Como assim? - Disse Claire, confusa.
– Tentaram matá-lo duas vezes. - Disse Carlos, aparecendo do nada e me dando o maior susto.
– Como você sabe disso e eu não? - Disse Claire, contrariada.
– Porque nós sempre conversamos, mantemos contato esses anos todos e realmente era perigoso para a nossa família. - Explicou Carlos.
– E eu bem sei que se eu te contasse, você literalmente iria ficar ao meu lado, mesmo eu dizendo que não a queria ver machucada. - Eu falei, suspirando.
– Verdade, eu sou bem teimosa. - Concordou Claire.
– Ta, mas que história é essa de noivado? - Perguntou Carlos, totalmente curioso.
– Então... - Disse Claire, limpando a garganta. - Eu tive que mentir porque o abusado do Eduard não largava do meu pé e o Micha foi meu "bode expiatório".
– Que pena, realmente eu pensei que era verdade... É Micha, não foi desta vez. - Disse Carlos, rindo bastante.
– Carlos, assim você também não colabora, né? Tem que me ajudar... - Eu disse, rindo.
– Nada de ajudar, pai! Você está expressamente proibido... Me recuso a aceitar que meu pai esteja ajudando o Micha a se entender comigo... - Disse Claire, fazendo beicinho.
– Claire, só quero o melhor para você. - Se defendeu Carlos.
– Exatamente, sogro! - Eu disse, sorrindo para Claire.
– Nem vem, seu abusado! O que você fez no passado merece levar um chute bem dado "no lugar que não pega sol", se é que me entende, né? - Disse Claire, girando nos calcanhares e nos deixando para trás.
– Ela é uma "fera" mesmo. - Eu disse.
– Sim, mas você tem culpa no cartório, meu jovem. Infelizmente, não posso defendê-lo.
– Eu sei, mas não vou desistir!