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Beatriz;
Sentei na cama e encarei a minha mãe que tinha acabado de me acordar.
Cíntia: Bom dia, levanta que o seu pai está sentado no meu sofá querendo te conhecer. - encarei ela sem entender. - É isso aí mesmo meu amor, seu pai.
Ela deu risada e saiu do quarto.
Beatriz: O mãe como assim? Que pai? - gritei e ela me ignorou.
Não é possível uma coisa dessas, à um minuto atrás eu nem tinha pai. Quase que o famoso "foi comprar cigarro e nunca mais voltou."
Levantei da cama rápido e corri para perto da penteadeira, peguei uma escova de cabelo e passei devagar. Coloquei uma calça de moletom pra não sair de calcinha pela casa.
Suspirei me preparando para encontrar o cara que se diz o meu pai.
Sempre foi eu e minha mãe, as vezes tem um ou outro cliente dela que frequenta a nossa casa. Me dão presentes, praticamente viram meus padrastos. Temporariamente.
E sim, a minha mãe é uma dama de luxo ou acompanhante. Tanto faz e não, não é a mesma coisa que prostituta.
Minha mãe não trabalha só com sexo, além disso ela acompanha homens em eventos, em restaurantes, almoço e jantar em família. E por aí vai. E os clientes dela são todos ricos, até milionários.
Ela sai ganhando, o cara sai ganhando e até mesmo eu saio ganhando. Ganhando roupas, sapatos, maquiagem, meus produtos pra cabelo e por aí vai.
Por mais que muita gente julgue, minha mãe tá bem f**a-se pra tudo. Ela não tem vergonha alguma do trabalho dela e isso é uma das coisas que mais me orgulham de ser filha dela. Sem contar que ela me criou sozinha, aguentou toda a barra desde o primeiro mês da gravidez até aqui sozinha.
Nunca fiz questão de conhecer meu pai, não culpo ele pela ausência até porque ele nem sabia da minha existência. E minha mãe não sabia nem da onde ele era, não tinha mais o contato e no fim não conseguiu contar sobre a gravidez.
Única coisa que ela sabia é que ele era traficante.
Desde então moramos aqui em São Paulo, só nós duas. E o que eu quero saber, é como ele veio parar aqui em casa.
Respirei fundo e saí do quarto, talvez pronta para encontrar um estranho. Entrei na sala de casa e minha mãe estava sentada no sofá, do lado dela um cara todo tatuado.
Cíntia: Eu não faço idéia do que falar, então VN essa é a Beatriz. Meu amor esse é o VN.
Beatriz: O meu pai? - encarei o tal VN de cima a baixo.
Cíntia: Provavelmente, só Deus sabe.. - deu de ombros.
VN: Provavelmente o c*****o, sou teu pai sim. - levantou e veio para perto de mim. Esticou a mão e nós fizemos um toque engraçado.
Dei risada balançando a cabeça e do nada ele me abraçou. Fiquei toda sem graça, mas retribui o abraço. Gostei desse cara, simpático ele.
VN: Ai, cê tem quantos anos parceira? - me soltou e sentou no sofá.
Beatriz: Eu tenho 15, como que você chegou aqui? - cruzei os braços e ele deu risada.
VN: Vi foto sua com tua mãe, sou burro mas sei fazer conta.. Aí vim pra cá. Na real eu mandei hackearem a tua mãe.
Cíntia: Você fez o que? - encarou ele - É cada coisa que eu escuto.
VN: Eu precisava da localização, achei teu número e a conta comercial me mandou uma tabela lá, de quanto tu cobra e pá.
Gargalhei alto e minha mãe negou rindo.
Cíntia: Vai ficar quanto tempo? Acho que você já pode ir embora né. - cruzou os braços.
VN: Vou mandar o papo, vou voltar pro Rio hoje e quero levar tu comigo. - apontou pra mim.
Beatriz: Opa, vamos com calma né, querido. - dei risada negando.
Cíntia: Com muita calma, VN você acabou de chegar aqui do nada. Não tem nem um dia que os dois se conhecem, nem dez minutos na real e eu não acho que ela deve ir pro Rio, ainda mais você.
VN: Qual o problema? Tem caô nenhum Cíntia, sou o pai dela pô, tenho direito de levar ela pra qualquer canto.
Cíntia: A gente acha que você é o pai dela, a gente vai fazer um exame e depois de saber o resultado. Se você for mesmo o pai, aí sim você pode levar ela até para Nárnia. Isso se ela quiser.
VN: Que exame o que doidona, sou pai e pronto. Se ela quiser ir eu vou levar e você que se f**a.
Beatriz: Eu quero ir. - encarei minha mãe enquanto pensava um pouco, eu nunca fui para o Rio. - Se ele for preso durante o caminho, falo que ele me sequestrou.
Cíntia: Faça exatamente isso. VN eu vou deixar bem claro, que se a minha filha voltar para cá, com algum arranhão ou reclamar que alguma daquelas vagabundas encostou um dedo nela, eu vou pro Rio e viro aquela comunidade de cabeça pra baixo!
VN: Relaxa aí Cíntia, se eu vou levar é por que vou cuidar p***a. Ninguém vai mexer com filha minha não.
Beatriz: Até porque se encostarem a mão em mim, vão levar igual. - sorri pra ele. - Eu vou arrumar minhas coisas e por favor não se comam, caso aconteça vão pro quarto.
Balançei a cabeça e saí dali o mais rápido possível. Muita informação pra um dia só. Só espero não me arrepender de ir pro Rio com esse cara.
Talvez seja loucura, sair assim do nada e com ele, um estranho.. Mas algo me diz para ir e a minha intuição, nunca erra.