Na Oficina...

1909 Words
Andréia Acabei de sair de um workshop de moda, na faculdade Uniclap. Estava curiosa em saber o que aprenderia no meu primeiro ano de faculdade, apaixonei-me por cada estande de moda e me deslumbrei com o programa de estágio em Paris. Estava ansiosa para começar as aulas, mais ansiosa ainda para conhecer gente nova. Eu já costurava desde pequena, fazia vestidos para as minhas bonecas de roupas velhas, a maioria das roupas que tinha, foi eu mesma que fiz. Fiz vários cursos de corte costura e modelagem, o que faltava para completar a minha formação era a faculdade. Voltava do workshop dirigindo o meu carro, fazia uma semana que tinha pegado o meu bebê. Meu celta zerinho, que meu pai me deu, assim que passei na autoescola e fiz dezoito anos. O dia estava lindo, bom para dar um passeio, o sol refletia na pintura do meu carro, sentia um prazer enorme em dirigir. O vento entrava pela janela, enquanto ouvia no rádio NICKELBACK Far Away. Fui para rodovia, que sabia que estaria deserta naquele horário, para poder chegar aos 100 km. Este momento era mágico... Era perfeito... Nada podia estragar este dia. Nada e nem ninguém... — m***a! Exceto eu... — Ouvi uma freada brusca, buzinas, palavras não muito agradáveis e o barulho de alguém batendo na lateral do meu carro... — m***a! Mil vezes, merda... Olhei pelo retrovisor e vi um rapaz de roupas elegantes e óculos escuros, soltando fogo pelas "ventas" e gritando... d***a! O cara parecia ser rico, eu estava ferrada, a culpa era minha, não olhei para ver se tinha algum carro se aproximando e lá se vão alguns meses do meu salário. — ONDE VOCÊ APRENDEU A DIRIGIR, NUM CARRINHO DE BATE-BATE? VOCÊ NÃO SABE UTILIZAR A SETAS, PARA MUDAR DE FAIXA? Eu não dei seta? Mas achei que teria só eu na rodovia naquele horário. O rapaz bateu na porta do motorista muito irritado, saí do carro e ele paralisou, parecia ter perdido o fôlego por um instante. Também fiquei sem reação ao encarar aqueles olhos azuis, ao tirar os óculos escuros, caríssimo por sinal. Senti ao estranho surgindo dentro de mim, achava que estava ficando louca. Edson Desci de minha Mercedes, muito p... da vida, nem quis olhar o estrago na lataria, quando cheguei perto, vi que era uma mulher quem estava dirigindo. — Só podia ser mulher! Viu o que você fez? Quando ela abriu a porta, colocou as pernas para fora e saiu do carro muito abalada, desculpando-se. Meu mundo parou. — Moço, mil desculpas, foi sem querer... Para minha surpresa, desceu uma linda jovem de olhos verdes, cabelos ruivos, com uma pele branca e um vestido vermelho, na qual, apesar de ser recatado, deixou-me encantado. Deparei-me entre minha linda Mercedes Branca, com listras vermelhas e aquela garota de pele branca de vestido vermelho... Ela falava muito agitada. — A culpa foi minha, mas não foi porque sou mulher, foi simplesmente, um acidente. Eu pago o estrago do seu carro... — Ouvimos de longe a sirene da polícia... Ela passou de brava para desesperada, não entendia sua atitude, ela parecia ter medo. — Não faz o B.O. por favor, peguei minha habilitação a menos de um mês, não posso levar multas. — Agora estava explicado o seu nervosismo, se eu fizesse o B.O. ela perdia a CNH. — O problema não é meu! — Sem querer fui grosso, ainda estava abalado com a presença dela. Não entendia o que estava acontecendo comigo. — Já disse que pago essa d***a! Eu a olhei naquele vestidinho vermelho, quanto mais brava, mais sexy ela ficava. Não sei se a ofendia por ter batido no meu carro, ou se a agarrava por ser tão linda. Esse não era o tipo de acidente que gostaria de ter com ela. Andréia Ele me olhou de cima a baixo, com malícia, sua atitude fez-me sentir indecorosa na frente dele. — Mesmo que você seja boa de cama, não pagaria o valor do meu carro. Que cachorro! O que ele estava pensando que eu era? Só porque tinha grana, achava podia falar assim comigo? Não poderia deixa-lo agir dessa forma com a minha pessoa. — É, pelo que eu vejo, você não deve ser o tipo de homem, que saiba satisfazer uma mulher no que ela realmente precisa... E não me referia ao s**o. Ele arregalou os olhos, surpreso com o que eu falei, depois os vi virarem chamas. Ele cerrou os dentes e veio em minha direção. — Posso ajudar? — interrompeu o policial. O loiro lindo, sexy demais, se afastou de mim muito irado, passando a mão em seus cabelos. Acho que acertei bem em cheio no ego dele. Bem feito! Agora minha preocupação era com o policial, achava que perderia minha habilitação. Quer saber? Que se dane! Eu não me humilharei por causa de um playboyzinho mimado. Só porque ele era lindo e que, com certeza, tinha conhecimento de causa, se achava superior aos outros. Só queria sair de perto desse i****a. — Só estamos conversando... — Habilitação e documentos dos carros. — O policial recolheu os documentos, foi em direção à viatura e voltou com o formulário. d***a! Meu coração apertou, não conseguia parar de tremer. Meus olhos se encheram de lágrimas, não acreditava que isso estava acontecendo. — O que aconteceu, para que eu possa autuar? Respirei fundo, uma lágrima caiu do meu olho esquerdo. Decidi falar a verdade, para que eu pudesse sair logo de perto desse i****a E EGOCÊNTRICO. — Eu fui mudar faixa, quando... O loiro colocou a mão no ombro do policial, falou sorrindo para ele e deu uma piscadinha para mim. Fiquei sem entender. — Não se preocupe, tenente Silvestre. A culpa foi minha, eu já falei para a moça que eu pagarei os danos do carro dela. Oi? Ele conhecia o policial? O tenente olhou para mim, automaticamente, olhei para o loiro que me olhava de uma forma, para que eu concordasse com ele e fiz sinal de positivo com a cabeça para o policial. — A senhorita não vai querer fazer o boletim de ocorrência? Olhei para o garoto e lancei um sorriso diabólico. Ele retribuiu, olhando torto para mim. Fiquei com vontade de aproveitar-me da situação. Só que não! — Não será necessário, seu policial. Acho que ele tem dinheiro suficiente para pagar os “danos” que “ele” mesmo causou. Fiz aspas com os dedos só para provocá-lo e ele estreitou os olhos na minha direção. Não sei qual foi o motivo para assumir a culpa, mas ele não terá o que pensa que quer comigo. — Tudo bem, se precisar de qualquer coisa, é só ligar para 190. — Eu ligo sim, pode deixar. Esperava não precisar... O policial entrou na viatura e saiu, passando por nós devagarinho e encarando o loiro. Eles se conheciam, tinha certeza disso. Pelo menos, me livrei de perder a minha habilitação. Será que devo agradecer? — Que joguinho é esse? Você acha que pode me comprar? — Deixando bem claro que isso não era um agradecimento. — Não! Só não suporto ver uma mulher tão linda chorar — bufei, revirando os olhos. Mas que cara contraditório. Primeiro ele me ofendeu, depois deu uma de "Don Juan." Até que isso foi bem fofo. Aff! Até eu fiquei confusa! — Que papinho ridículo! Ele pegou um cartão de seu bolso, escreveu algo e me entregou. — Não é papo ridículo, leva o seu carro nesse endereço e mostra esse cartão com a minha assinatura, eles não cobrarão nada pelo conserto no seu carro. Não se preocupe com os danos do meu, eu mesmo resolvo isso. E depois me liga... — Te ligar para quê? — Para poder te levar para sair. Gostaria de ver esses lindos olhos verdes outra vez — ele falou, segurando meu queixo com o indicador e o polegar. Há! Vai sonhando! Apesar de ter ficado abalada. Respirei fundo, deixando a minha raiva falar mais auto, do que a coisa esquisita que estava sentindo. Ele se achava muito. O que ele tinha de lindo, tinha de irritante. Joguei o cartão na cara dele. — Eu não preciso da sua ajuda, sei me virar sozinha... Entrei no meu carro e saí antes que a confusão na minha cabeça, fizesse-me perde-la, pelo menos, não precisarei pagar os danos no carro dele. Certamente, não o veria nunca mais. Mais adiante, parei no restaurante do meu pai. Ainda estava tremendo de nervoso, nem sei como cheguei no estabelecimento. Meu pai percebeu meu estado, o estado do meu carro e ficou preocupado. — Filha, você está bem? — Sim, eu estava vindo para cá, quando um i****a cruzou o meu caminho e acabou acontecendo um acidente. Preferi não dizer que a culpa foi minha, senão, ele não me deixaria mais sair de carro. Depois do acidente da minha mãe, meu pai se tornou extremamente cauteloso e protetor. Ele se certificou que eu estava bem e que nada em mim estava faltando. Se bem que o jeito que como aquele rapaz meu olhou, poderia ter arrancado a minha alma só com o olhar. — Você precisa ser mais cautelosa ao dirigir, são você não sairá mais de carro. Eu não disse. — Eu sei, pai, prometo ter o triplo de cuidado. — Você tem que aprender uma coisa, quando dirigimos, temos que fazer isso por nós e pelos outros. Ou seja, temos que ficar atentos aos barbeiros. — É verdade. E quando a barbeiragem vem de nós mesmos? Meu pai me deu um cartão de uma oficina de um amigo dele. — Vai nesse local e procura esse rapaz. Ele é o filho do meu amigo. Fala que você é filha do seu João e pede um orçamento. — E o restaurante? Eu sempre ajudava o meu pai no restaurante todos os fins de semanas, após a missa, para poder ajudar pagar a minha faculdade. — Deixa que eu cuido do restaurante, leve o carro à oficina para ele fazer um orçamento. Segunda-feira começam as aulas e você precisará do carro. Ele tinha razão, não dava mais para pegar ônibus, a passagem custava mais que um litro de gasolina. Agradeci ao meu pai e saí. Ao chegar na oficina, para minha surpresa, vi a bendita MERCEDES e de costas, eu vi aquele i****a estupidamente sexy. Saí do carro e procurei um funcionário para me atender. — Olá, olhos verdes, que não sabe dá setas. Enfim, nos encontramos de novo. — Ai, ninguém merece! Eu não vim falar com você, eu vim falar com... — Peguei o cartão dentro da minha bolsa e li o nome contido nele. Ele me olhou atentamente de cima abaixo. p********o! — Edson... Ele sorriu cinicamente... — Acho que você vai gostar dele. Ele é gente boa. — Aproximou-se de mim, sua boca ficou bem perto da minha. — Ele trabalha bem com as mãos... Vou chamá-lo. Que cara mais irritante... Aproveitei que ele não estava por perto, para observar o local e me distrair de pensamentos pecaminosos. Esta, não era qualquer oficina, era uma oficina de luxo, só carrão vinham para cá para serem consertados. Não sei o porquê o meu pai me mandou para cá, tinha certeza que os serviços que ofereciam aqui, eram bem caros. Uns minutos depois, o loiro do acidente, voltou vestido de macacão. — Só pode ser s*******m!!! — Soube que você está me procurando. O que posso ajudar?
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD