Capítulo I

2144 Words
Renan não acreditava no que acabara de escutar do capitão Leroy, não podia ser verdade, sua Lorena não estava morta, isso era impossível. Tentava recordar cada detalhe desde que o capitão saíra pela porta. Não protegeu chorar, estava em choque. Lia, tudo e correu ao quarto de Staci, evitando que ouvisse algo. De repente, lágrimas escorreram pelo rosto de Renan que finalmente estava caindo em si, o que fez gritar de dor. Como poderia criar sua filha? Por que Lorena saiu sozinha com o carro? Por que não o esperou? A dor era insuportável, ainda se lembrava de como se conheceram, do quanto é difícil convencê-la sair com ele, do quanto sua esposa era inteligente quando o fez abrir a própria empresa, tomar sempre ao seu lado e tendo as melhores ideias para como grandes propagandas da empresa. Chegou a sorrir com a lembrança dos olhares enigmáticos de Lorena e o modo como mordia os lábios quando pensava em algo. Não desapareceu que havia passado a noite toda em claro na sala, com os olhos inchados, ainda chorando baixo. *************************************************** *************************************************** - Papai, por que está chorando? - Perguntou Staci o vendo chorar. - Filha, o papai está bem, não se preocupe com essa cabecinha, só tem cinco anos, vá brincar - respondeu Renan, tentando disfarçar o sofrimento que o corroía por dentro. - Papai, a mamãe não vai voltar? Estou com saudades. - A mamãe foi morar com os anjos no céu - seu pai tentava explicar, segurando suas mãos. - Ela não quer mais morar com a gente? Não gosta mais daqui? - Perguntou Staci de cabeça baixa. Com lágrimas nos olhos Renan se calou e abraçou forte, mas depois disso tudo mudou. Renan não isola mais conversar com a filha, se dedicando às empresas. Staci passou a ficar com a babá, tendo que se adaptar com a ausência do pai, que limitava a rápidos cumprimentos. Quando não, chegava e já pegava uma filha dormindo. Certa tarde Renan resolveu que precisava tomar uma atitude. - Staci, venha aqui - chamou uma filha, ao entrar pela porta da sala. - Papai, você se lembrou do meu aniversário, chegou mais cedo - disse Staci sorridente indo em direção a ele. Renan olhou para um babá que interveio. - Claro que lembrou pequena, já trouxe até o bolo, vou buscar na cozinha. Depois de comerem o bolo, Renan a levou para conversar no escritório. - Filha, já está agora com sete anos e precisa muito de uma educação melhor do que temos aqui na França, vou te mandar à Suíça, mas prometo que vai ser legal e o papai vai te visitar sempre. - Tudo bem, mas, quando volto? - Perguntou a Staci sentando-se em seu colo. - Logo filha, o tempo passa muito rápido, agora dá um abraço. - Papai, o senhor pode ler uma história? - Perguntou Staci sem dar muita importância para o que conversaram. - Então vá escovar os dentes e coloque o pijama - disse Renan tirando a filha de seu colo. - Eeeeeee - Staci gritou correndo pela casa - Lia, o papai vai ler uma história. - Que bom! Princesa. Então vamos nos apressar - Lia disse, abrindo a porta do banheiro. - Senhor, a Staci já está na cama - Lia disse entrando no escritório. - Obrigado, Lia, por favor, entre, sente-se - disse a cadeira a sua frente. - Pois não, senhor - respondeu se ajeitando na cadeira. - Lia, já está conosco há dois anos e tem sido uma ótima babá, mas decidi enviar Staci para um colégio interno na Suíça, assim poderia ter uma educação mais disciplinar e pode conviver com outras crianças, sendo assim, terei que dispensá-la, mas não se preocupe já te indiquei um amigo - Renan disse pegando Lia de surpresa. - Muito obrigada, senhor, mas se puder reconsiderar, gostaria de ajudá-lo com a casa - Lia pediu sem a intenção de ter que se adaptar novamente a outros patrões. Após resolver tudo com Lia, Renan foi em direção ao quarto de Staci, tentando fazer suas vontades. Sentia-se culpado por não conseguir ser o pai que ela precisava. - Papai, demorou - disse Staci pulando na cama. - Você é ansiosa demais, vamos à leitura - disse enquanto escolhia um livro. - Papai, leia a estória da Cinderela - pediu Staci se deitando. - Está bem, vejamos aqui - disse pegando outro livro. - Era uma vez, uma princesa que vivia num lindo castelo com o rei e a rainha ... E assim, enquanto ouvia a história ela adormeceu. No dia seguinte, seu mundo mudaria completamente. O internato era um lugar cheio de crianças e muitas aulas, pouco tempo para brincarem, o que a fez sentir ainda mais falta de Lia e de seu pai. O orfanato era cheio de regras e disciplinas, os feriados demoravam demais, os dias eram entediantes e Staci estava sempre eufórica quando Renan a visitava na Suíça. Só ia para casa no natal e após o ano novo e voltava para o internato. Staci adorava ir para casa, pois Lia a cobria de atenção e mimos, enquanto seu pai continuava ausente, sempre nas empresas, evitando contato. Com o passar do tempo, ela se tornou-se uma adolescente rebelde e fria, não demonstrava sentimentos, sentia falta de atenção. Mesmo depois que cresceu, Renan evitava falar sobre sua mãe, O tempo passou e Staci agora com quinze anos e ciente da ausência do pai, começou a cobrar atenção, que por sua vez a visitava ainda menos. - Lia, onde está meu pai? - Perguntei ao telefone. - Oi, pequena, ele está na empresa ainda, você está bem? - Perguntou Lia percebendo minha agonia. - Estou sim - respondi sem paciência - Avise que liguei - Pode deixar, fique bem e se precisar conversar estarei aqui. - Obrigada, Lia - agradeci desligando. Alguns dias depois meu pai resolveu visitar-me e reparei que estava diferente mais magro e cansado, mesmo assim o tratei m*l, cobrando a atenção que me foi negada todos esses anos. Alguns meses depois, fui chamada na sala da madre, responsável pelo internato. - Por favor, sente-se - a madre apontou a cadeira em sua frente. - O que quer? - Perguntei de maneira arrogante. - Não seja ríspida - alertou-me —Precisa ir à França, seu pai está hospitalizado. Foi como se eu pressentisse que poderia perdê-lo. - Ele está bem? - Perguntei preocupada, levantando-me atordoada da cadeira. - Não sei querida, Lia ligou e pediu que a enviasse para casa. Arrume uma mala, creio que ficará na França por alguns dias - disse-me deixando frustrada, queria mesmo é não ter que voltar para o internato. Quando cheguei a Paris, o motorista aguardava no aeroporto e levou-me direto ao hospital. Meu pai estava muito magro e irreconhecível, entrei no quarto e sentei e segurei suas mãos. - Staci - se esforçou para abrir os olhos e falava muito baixo. - Sou eu, papai - disse aproximando-me. - Filha, perdoe-me por ter ficado distante todos esses anos, não consegui recuperar-me após a morte de sua mãe. - Pai é meio tarde para essas desculpas - falei sem piedade. Ele derramou lagrimas ao ouvir as palavras saírem de minha boca e com a voz embargada continuada - Filha, prometa que vai ser uma boa moça, que cuidará das empresas quando sair do internato - disse pegando minha mão. - Farei o possível - tentava entender o que isso iria me custaria. Um a variação de sentimentos tomavam conta de mim, uma raiva de estar naquele lugar h******l, vendo meu pai se definhando e tentando ser o que não foi comigo durante todos esses anos e ao mesmo tempo, sinto uma dor que não sabia explicar. Ele então fechou os olhos e alguns minutos depois o médico entrou no quarto. - Você é uma filha do senhor Smith? - Sou - respondi levantando. - Por favor, me acompanhe - disse abrindo a porta para que o seguisse. - Doutor, o que ele tem? Está magro, cansado vai ficar bem? Quanto tempo terá que ficar aqui? - O bombardeei de perguntas. - Calma, seu pai sofreu um infarto, na verdade o terceiro. Tem tratamento há algum tempo e não está nada bem, alguns órgãos estão fracos, infelizmente, tem pouco tempo, deva ser forte, senhorita Smith. - Meu Deus! O senhor está dizendo que ele está morrendo? - Perguntei colocando como mãos na boca, como se não acreditasse no que estava ouvindo. - Sim, definições tudo o que era possível, mas o quadro dele parece irreversível - respondeu o médico baixando a cabeça. - Sinto muito. Voltei para o quarto e fiquei o tempo todo ao seu lado, vivenciando seus últimos momentos de vida, antes que morresse, ele segurou minha mão com toda força que ainda tentava ter e disse algo que me revoltou ainda mais. - Filha, sei que estou morrendo e Deus sabe o quanto eu me arrependo de ter sido tão ausente, mas eu deixei meu sócio como seu tutor, j**k é um bom homem, tenho certeza que te ajudará muito, confie nele - dizia tudo com muita dificuldade, como se estivesse perdendo o fôlego. Não discuti, até porque seria c***l, ficar batendo boca com alguém nessas condições, sem ter como retrucar, só ouvi, mas uma raiva constante me dominava, além de não ter sido presente em minha vida, ainda me obrigaria a conviver com esse fulano, que nem conheço. Meu mundo estava desmoronando, como conseguiria viver assim, sem mãe e agora sem pai? Fiquei a noite toda pensando, em como minha vida esteve à deriva todos esses anos, a rebeldia de fazer tudo para chamar atenção e que mais queria, era tê-lo por perto, chorei muito ao pensar que nunca mais fosse essa oportunidade. Agora teria que ficar sob uma supervisão de um homem que não conhecia, se quer sabia como era se poderia confiar nele, ou se só era um oportunista, a fim de usufruir o que havia herdado, demorei a adormecer, o choro acabou ajudando. No outro dia, enquanto velava o corpo de meu pai, podia sentir o quanto era querido por muitos empresários e funcionários da empresa, muitos compareceram, menos j**k, cheguei a question sobre ele para Lia, que esteve ao meu lado todo tempo, que também não o tinha visto. - Depois ainda diz que era amigo e nem ao velório compareceu, mentiroso, a mim não engana mesmo, se ele acha que usufruirá de minha aprendizagem, só por meu pai ter o nomeado como meu tutor, estava enganado - deixei minha indignação falar mais alto ao fazer a observação a Lia. Observava todos se despedindo na hora do enterro e jogando rosas brancas por cima do caixão, a dor era imensa, agora realmente estava órfã e sozinha no mundo, rezei ali por alguns minutos e entendi porque meu pai não tinha me para ir ao enterro de mamãe , afinal isso realmente traumatizaria qualquer um, pois, se agora, adolescente, estava assustado, sozinha e com tanta dor, imagino como teria sido para uma criança de cinco anos, talvez não entendesse muito, mas a dor ficaria muito mais evidente. Após o enterro fui para casa, tentar descansar e tomar um banho, estava exausta, após o banho fechei as cortinas, tentando deixar o quarto sem a claridade, já que ainda era dia, mas antes que conseguisse adormecer, Lia bateu à porta. - Staci, o advogado de seu pai está na sala a sua espera. - Tudo bem, Lia, avise que estou descendo - pedi. Meus olhos estavam inchados e minha dor era evidente. - Boa tarde, senhorita Smith, sou Chad Loui advogado de seu pai - disse estendendo a mão. - Boa tarde - respondi apertando sua mão - sente-se, por favor, o que o traz aqui, doutor Chad? - Perguntei, enquanto sentava-me de frente ao homem careca e baixinho. - Vim trazer o testamento de seu pai, e avisá-la sobre quem terá sua guarda até os 18 anos, sei que acabou de vir do enterro, sendo uma única herdeira nomeada, podemos resolver isso, já que viajo hoje e só poderei retornar daqui a alguns meses - contínuo. - Testamento de Renan Smith. "Meus bens, empresas, casas, ações e empresas, ficam para minha filha Staci Smith, sua guarda ficará aos cuidados de meu sócio, j**k Macdough, até que complete a idade de 18 anos se estendendo até que se forme na faculdade". Ele parou, me encarando, tirou os óculos e continuou - Seu pai deixou esta carta - disse entregando-me um envelope lacrado. - Obrigada, doutor. - agradeci, pegando o envelope de suas mãos. - Permanecerá no internato até os 18 anos e após isso poderá voltar à Paris e cursar a faculdade. - Obrigada, doutor, acompanharei o senhor até a porta - disse levantando-me. - Passe bem senhorita e qualquer dúvida aqui está meu cartão - disse entregando-me seu cartão e saindo em seguida Olhei o cartão e fechei a porta, subindo para o quarto.
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