Considerações

1319 Words
O tempo ali não tinha como controlar. Poderiam ter se passado horas ou só minutos, mas a flor que prendia seu cabelo havia perdido uma pétala o que marcava que apenas horas restavam, pois, sendo 8 pétalas, cada uma simboliza cerca de 6hs cada. Mais 36 horas se contasse direito é claro o que lhe dava uma ideia sobre como fazer. Akame se mostrou alguém incrivelmente motivada, pois conversou com cada uma das mulheres e as convenceu a participar, pois era melhor do que esperar a salvação que não viria. O plano consistia em Chou Lianhua distrair a todos com uma música e uma apresentação de dança que tecnicamente elas fariam, mas era apenas para seguirem até o palco. Lá elas deveriam tentar encontrar a saída pelas portas laterais, mas se não desse certo e estas estiverem além de trancadas lacradas o plano B deveria ser executado. O segundo plano era simplesmente pegarem em qualquer coisa pesada e jogar nos grotescos homens e sair correndo sem medo da liberdade, mas poderiam ser feridas por espadas o que dificultava a coragem delas. -Não entendi – Reclamou Jiao arrumando suas vestias azul e roxo – na parte que você irá tocar, mas tocar o que? Cantar o que? -Senão tiver instrumentos então usarei a voz, farei a capela – Explicou pela centésima vez – mais alguma pergunta? -Como é ser uma serva de Mahina? – Perguntou uma voz acanhada -Não sou sua serva e sim sua filha – Respondeu Akame – ela não nós vê como inferiores e sim como iguais, mas ao mesmo tempo é nossa guia na procura de nossa força interior, ela nós faz questionar se o que acontece conosco e o que queremos é para o nosso bem ou apenas produto de uma vida inteira condicionada a desejar isso, por exemplo, queremos mesmo ser mães ou apenas fomos condicionadas a desejar isso? -Eu quero ser mãe apesar de tudo – Reclamou outra cruzando os braços – essa deusa é estranha. -Mahina me dê paciência – Resmungou Akame reunindo sua paciência restante – o que quero dizer é, Mahina apenas nos faz questionar e não nos diz o que é errado ou não, é apenas uma pergunta, se a resposta foi sim, seja mãe, tenha filhos e netos, a vida é sua, entendeu? Isso é Mahina, ela nos dá a oportunidade que não tivemos de questionar se realmente queremos nos casar com quem nossa família mandar, se queremos ter filhos hoje ou daqui a alguns anos ou até mesmo se queremos, eu por exemplo não quero e minha família me prendeu em um quarto com o tal noivo para que ele... para que eu ficasse gravida e me visse obrigada a casar. -O que você fez? – Exclamou a que consolava. -Disse a ele que se tenta-se alguma coisa, eu não conseguiria impedir, pois ele era muito maior que eu, mas que ele deveria dormir com um olho aberto e a porta trancada senão eu o acordaria no meio da noite e o castraria lentamente para que ele sentisse a dor de ser violado – Contou Akame calmamente sorrindo macabra – então ele nem se aproximou. -Nossa – Murmurou algumas com medo e admiração ao mesmo tempo. -Mulheres prestem atenção – Ordenou a voz da velha que voltava com muitos objetos brilhantes e tecidos coloridos – precisarei de três... -Senhora – Interrompeu Lianhua com timidez fingida – gostaria de falar com a senhora, será rápido. Ela concordou e viu a outra se aproximar com elegância. Chou Lianhua tentava a todo custo trazer aquela delicadeza que dizia que toda mulher nascia com ela para fora, mas a vontade de bater na mulher a sua frente quase a fez colocar tudo a perder. -Eu ouvi dizer que esse Capitão é muito importante – Disse ela com inocência – e que ele é... digamos alguém capaz de ajudar qualquer pessoa. -Exatamente – Concordou a senhora achando ter entendido o caráter da dama a sua frente – ele a tiraria daqui assim que a visse. -Mesmo? Estava pensando em impressiona-lo, meu pai queria que eu me casasse com um jovem promissor, mas de promissor para alguém já com sucesso... não preciso pensar muito, mas para isso eu gostaria de tocar uma música e cantar – Continuou atento a cada expressão da outra que era uma confusão de entendimento, malicia e satisfação. -Então quer que eu a ajude? – Entendeu a velha desconfiada. -Sim, mas não ache que vou me esquecer da senhora – Murmurou sabendo que ela gostaria de ouvir isso e foi o que se mostrou ao ver o sorriso pequeno e o leve balançar da cabeça. Elas se viraram para as outras e Akame a encarou. Chou sorriu pequeno e fez um sinal de dois dedos para cima o que significava a confirmação. O plano estava em andamento, mas ainda faltava muito, mesmo que tivesse 36hs, esse tempo passava rápido quando precisavam que passasse devagar. Ao lado de fora em uma árvore alta descansava um corpo com um pássaro no galho de cima o encarando com um ruído irritado. A pessoa não se movia sequer um centímetro para perto da construção o que deixava o animal nervoso. -Feche esse bico senão vou assá-lo aqui mesmo – Ameaçou Jae mastigando um pedaço de maça que cortara com a faca e deu um pedaço pequeno ao pássaro que o comeu rapidamente – continua guloso. Takuma emitiu um som angustiado e encarou a construção. Suas penas eram agora mais vermelhas do que azuis o que denunciava sua transformação beirando ao perigo. Jae tocou as penas vermelhas e estas voltaram a azulasse mostrando a acalmaria. -Para um pássaro você se apegou a ele – Afirmou Jae sem qualquer emoção – não me olhe assim, ele vai conseguir. -Eles o tocaram de maneira ofensiva – Contou o pássaro usando a voz estridente pela primeira vez desde que voltara do submundo – odeio essa voz. -É única que tem então terá que aprender a gostar dela – Retrucou Jae terminando a maça e se acomodando no galho. -Minhas penas estão eriçadas, algo r**m vai acontecer – Resmungou o pássaro pulando em outro galho para então voltar muito ansioso. -Pare de ser um macaco que fica pulando de galho em galho – Repreendeu Jae fechando os olhos. -Se eu não o conhecesse diria que não se preocupa – Murmurou o pássaro voando longe, pois sabia que seria queimado se ali ficasse. Jae abriu os olhos vendo o passado alcançar voou e suspirou. Ele se importava com ele, pois Chen Ren era aquele tipo de pessoa que vê o lado bom em todos mesmo que essa pessoa seja um mostro, ele acredita em redenção e isso era perigoso demais para ele próprio. Não poderia fingir que não estava preocupado então se levantou se equilibrando facilmente no galho estreito e andou até a ponta onde saltou pousando elegantemente no telhado. Começou andar pela telha e até rodava sabendo que não cairia. Ele sabia bem o que faziam ali, mas por que Ren tinha que simplesmente querer ajudar todo mundo? Não seria mais fácil chamar os próprios humanos para resolverem seus problemas humanos como humanos? Não... eles tinham que salvar a vida de pessoas que não pensariam duas vezes antes de apunhalá-los pelas costas. Suas botas pretas pararam o caminho e ele espiou o pátio vazio. Uma leve sensação o fez encarar os céus e notar como a cor azul não era mais a celeste e sim um índigo, ou seja, estava anoitecendo lentamente. Pelas suas contas haviam se passado 12hs apenas, sobravam então 36hs? Mas se contassem o tempo que levaria até anoitecer e Jae sabia que quando a Lua alcançasse o céu, Chen Ren conseguiria também alcançar seu poder. Então era isso, pensou antes de virar no alto do telhado e andar até onde sabia que Chen Ren estaria com seu pássaro voando alto, atento a cada movimento.
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