Ren assumia que havia demorado bastante tempo para ter coragem de segui-lo, pois sentou se em um banco e ficou ali. Não sabia dizer quanto tempo, apenas pensando sobre tudo o que havia acontecido até ali.
Como se conheceram, tanto Si Woo quanto Jae. Quando começou? Por que ele havia se apaixonado por Jae? Por que?
O amargor em sua boca era de vergonha ou pelo fato de seu coração não se sentir realmente culpado?
Quando finalmente pensou bastante e situações loucas começaram a se formar em sua mente ele decidiu parar. Levantou-se se do banco e arrumou as roupas. Respirou fundo e foi a procura da pessoa que queria em sua vida.
Ele entendia agora porque Jae havia feito aquilo. Superar o passado. Ele tinha uma ideia de quem poderia ser o amigo de Ren, e possivelmente não é divertido ser chamado por esse nome enquanto se está em uma situação como aquela.
De todos os lugares para Jae estar, Ren foi, mas em nenhum o encontrou. Fosse novamente no teatro, do qual saiu rapidamente, ou nas barracas. Como um homem daquele tamanho havia sumido? Não havia se passado tanto tempo.
Aquela situação o deixava abalado, tanto que sentia aquela parte sua mais sombria se esgueirando a medida que sua paciência enfraquecia e sua raiva o consumia. Sua frustração era visível a cada pessoa, por isso ninguém se aproximava até que um vendedor o encarou.
-Com licença, você viu um homem de 1,80 com roupas roxo escuro? Tem um cabelo longo preto em um r**o de cavalo, olhos castanho escuros? – Questionou Ren preocupado para o vendedor que soltou uma exclamação – estou a procura dele.
Porém a vendedora queria vender seus produtos e não falar de um desaparecido aparentemente adulto. Por isso ele negou os avanços comerciais dela e saiu andando com decepção até que passou por uma barraca.
-Milorde – Chamou ele atraindo sua atenção até que se aproximou da barraca de tecidos – ouvi que está procurando alguém, segundo sua discrição eu posso ajuda-lo, mas não será grátis.
-Quanto quer? – Perguntou Ren com frieza.
-Calma Milorde – Pediu o vendedor tremendo involuntariamente com aquele tom estranho e olhar opaco – eu o vi naquela direção, mas entre nós, é um lugar que não deve entrar, é clandestino...
-E você sabe como entrar – Completou Ren se inclinando na direção do vendedor já impaciente – é melhor parar de rodeios, não estou aqui para conversar.
-Milorde – Murmurou o homem se encolhendo involuntariamente com uma dor repentina em seu peito e colocando uma moeda em cima da mesa – dê a um homem que fica na frente da porta no primeiro beco, ele o deixará entrar.
Ren pegou a moeda e a dor do homem desapareceu. Soltou um agradecimento singelo e partiu sem olhar para trás, mas o homem sorriu satisfeito mesmo que a dor ainda desse suas pontadas, mas o vendedor tirou aquelas roupas revelando um longo manto azul bem bordado. A face velha tornou se lisa e jovial. A moça sorriu desmanchando o cabelo que caiu em um rio liso e brilhante.
-Milady – Cumprimentou seu guarda pessoal sem surpresa alguma – está quase na hora.
-Hora do show – Comemorou ela vestindo o manto entregue pelo guarda – espero que tudo esteja pronto – nada pode sair errado.
Era verdade que Chen Ren era paciente. Quem aguentariam 500 anos em silencio? Porém havia um lado dele. Uma faceta sua que o amedrontava, pois era o tal Eclipse. Alguém explosivo e selvagem. Capaz de dizimar exércitos apenas por diversão.
Naquele momento em que parou em frente ao beco escuro não o temeu. As sombras misteriosas. Sussurros ocasionais e a sensação de ser observado. Assim que colocou um pé dentro do beco tudo cessou. Ele era o mais perigoso ali afinal de contas.
As sombras abriram passagem se esquivando de seu contato. Os sussurros pararam e os olhares curiosos se viraram.
Uma porta simples chamou sua atenção. Conseguia sentir a áurea pecaminosa dela. Exalando através da madeira. Bateu uma única vez na madeira e um espaço para os olhos foi aberto revelando um homem desconfiado. Sem uma única palavra Chen Ren mostrou a moeda. O espaço fechou e a porta abriu se.
-Nome...? – Perguntou o homem vendo o olhar ameaçador que recebia – bem-vindo.
Ren revirou seus olhos e adentrou aquele lugar. O cheiro de fumo era forte. Opressor e angustiante. Por que Yanar Jae estaria ali? Não precisou de muito para notar que tipo de lugar era. Pessoas conversavam próximas umas das outras. Comiam e bebiam, mas havia algumas mulheres seminuas andando por aí.
Estava em seu limite então o encontraria e terminariam aquela palhaçada. Começou a andar lentamente avaliando tudo com bastante calma. Onde ele estaria? Por mais que não quisesse o azedo gosto do ciúme desceu por sua garganta. Sim ele estava com ciúme, estava furioso de ciúme. Como Jae tinha a audácia de ir a um lugar como aquele?
-Mais que d***a – Murmurou Chen Ren apertando as mãos em punhos.
Uma mulher de roupas azul e penteado elegante o encarou com um sorriso pequeno e decidiu se aproximar. Ren apenas a ignorou enquanto olhava em volta. Mesmo sendo ignorada ela parou ao lado dele apreciando o cheiro delicado do homem. Sua pele branca tão imaculada quanto uma camélia. Inocente e pura.
-Posso ajudá-lo? – Perguntou ela inocentemente – ou posso...
-Me dizer se existe um homem chamado Yanar Jae por aqui – Sugeriu Ren tranquilamente – se me disser ficarei deveras agradecido.
-Desculpe, mas os nomes jamais são mencionados aqui, afinal é um lugar seguro para seus desejos, Milorde – Retrucou ela se abanando com o leque celeste com desenhos pinados.
-E eu desejo encontra-lo – Rebateu Chen Ren provocando nela uma risada satisfeita.
-Vamos fazer assim? Um jogo, se ganhar lhe direi onde ele está – Sugeriu ela indo até uma mesa com uma travessa de prata reluzente e uma tampa larga – aceita?
-Gosto de jogos – Confessou Chen Ren um pouco nervoso se aproximando da mesa.