Cabeça Dura

2150 Words
Porém fora da residência estava um completo caos. A senhora estava estressada e cinco homens estavam fazendo um furdunço na frente da residência e algumas pessoas da cidade observavam além daquelas que na casa trabalhavam tentavam manter os homens fora da casa até que o viram e agradeceram aos céus por trazerem o ‘verdadeiro’ filho da senhora que também sorriu. Os cinco homens o encaram e franziram o cenho confusos, mas reconheceram a cunhada com as crianças, mas a mulher passara reto e sumira na casa sem dar as devidas explicações então recaia sobre a Senhora Akira e Chen Ren a explicação. -Primeiramente se acalmem – Pediu Chen Ren tentando manter a paciência. -Quem você pensa que é para dar ordens? Seu aproveitadorzinho – Rosnou um dos homens brutos avançando sobre o rapaz, mas foi parado por alguns trabalhadores da casa. -Mantenha se longe do Jovem Mestre – Pediu um dos homens irritados se colocando em frente ao ataque – só vamos pedir uma vez. -Jovem mestre? – Perguntou outro confuso – quem? Ele? Mãe? -Não chame uma mulher de mãe, por favor – Pediu a proprietária da estalagem – fica estranho. -Ela é nossa mãe – Repetiu o último levantando as mãos até o cabelo – mas e esse aí? -Sou o filho dela – Respondeu Chen Ren com confiança e a senhora concordou. -Não reconheço nenhum deles, só tenho dois filhos, Ren e Seong-jin – Afirmou a Senhora Akira se apoiando na mulher – eles são desconhecidos. -O que? Como ousa? – Questionou o que deveria ser o mais velho em direção a Ren que nem se moveu. -Desculpem, mas não entendo grunhidos só palavras – Soltou Ren arregalando os olhos com a frase que deixou sua boca. O que? Ele nunca era assim, só quando Si Woo estava por perto. Se amaldiçoou pela falta de educação e viu em um galho, se destacando, um pássaro de penas vermelhas e azuis cantando, mas um pouco abaixo apoiado na árvore com um sorriso m*****o estava Yanar Jae trajando um robe escuro com uma faixa azul escura na cintura além das botas pretas. -O que disse? – Gritou dois em uníssono com sangue nos olhos – seu bastardo! -Já fui chamado de muita coisa, é melhor melhorar o xingamento, já fui xingado melhor do que isso –Soltou Chen Ren novamente agora tapando a boca abismado. De longe ele pode ouvir claramente o som do pássaro alto e claro. Uma gargalhada. Aquilo era r**m, ele nunca foi alguém que não controlava apropria língua, mas bastou isso e já saiu falando o que não devia. ‘Cuidado com que se fala’ dizia Mahina toda vez que ele era m*l-educado, mas então Si Woo dizia ‘Falar o que se pensa nunca é errado, principalmente contra alguns tipos de pessoas’. Era o oposto e sendo ele muito... divino, sempre ouvia seu melhor amigo, mas depois Mahina. Péssima ordem sem dúvidas. Ele sorriu com a memória e isso foi m*l interpretado pelos brutamontes que simplesmente agarraram a gola de Chen Ren que surpreso apenas encarou o homem que levantou o punho e o desceu com violência, mas foi parado por uma mão. -O que... – Murmurou o agressor olhando para ao lado como aquele que estava sendo agarrado e encontrando um homem sério e entediado. -Eu vou pedir que retire suas mãos dele – Falou Jae calmamente afastando a mão do agressor e arrumando com a outra o robe de Chen Ren que piscou ainda perdido antes de voltar para o outro – agradeço o bom senso. Ele soltou o pulso alheio que se encolheu com um grito de dor. Seria coisa de sua mente, mas Chen Ren ouviu um estalar muito suspeito. Deveria ser as árvores, pensou Ren olhando para Jae de cima a baixo. Ele não parecia ter tanta força. Porém para a tristeza de Chen Ren e tedio do outro os irmãos que viram o mais velho machucado partiram para cima. Aqueles que saíram da casa para ajudar deram um passo para trás diante da animalesca briga que ameaçava começar. Suspirando Jae desviou de um soco e ainda olhando as unhas ele chutou aquele que tentava acertá-lo antes de dar uma rasteira em outro. Aqueles que sobraram, dois, pegaram pedaços de madeira e atacaram. Chen Ren sentiu o medo de ver sangue escorrer e já pulou na frente de Jae que se virou levando o golpe nas costas, mas nem piscou, na verdade o pedaço de madeira se partiu e ele ao se virar sorriu com deboche. -Ren - Chamou a Senhora Akira sendo socorrida pelo rapaz, mas ela tinha um olhar que não era de medo e sim animação – esse é o Jae? -Sim – Respondeu Chen Ren sem notar que Jae se virou para a conversa e acabou levando um soco. Sua face se virou, mas lentamente ele voltou. O queixo deslocado voltou ao lugar e seu punho acertou o nariz alheio o afundado. O último saiu correndo desesperado em direção as colinas e montanhas, mas Jae assobiou para o pássaro que voou na mesma direção. -Jae é perfeito – Murmurou a Senhora Akira orgulhosa do rapaz que franziu o cenho – abençoo o casamento com toda certeza. -Minha senhora – Exclamou a dona do estabelecimento chocada – os docinhos são por minha conta. Chen Ren estava novamente sem palavras. Aquelas mulheres estavam cogitando a possibilidade de casamento? Eles nem se conheciam direito... se afastou em direção a Yanar Jae que limpava o queixo, assim que ele se virou Chen Ren sentiu o coração falhar. -Está bem? – Perguntou Chen Ren preocupado com o homem que não demonstrava nenhuma reação – está ferido? -Não – Respondeu Jae calmamente limpando o sangue de suas mãos na calça – deveria perguntar para eles e não para mim. -Eles são maiores que você – Murmurou Chen Ren olhando de soslaio o outro grupo que estava caído no chão inconsciente. -Mas não sou i****a como eles que se apoiam apenas nisso e não sabem se defender de um soco simples – Retrucou Jae olhando para a mão e para Chen Ren – mas minha mão está dolorida, a cabeça deles era dura. Dito isso Chen Ren se voltou para ele e agarrou sua mão com cuidado avaliando os machucados nos nós dos dedos. Sem o sangue por cima era capaz de ver que o machucado estava muito melhor do que esperava. Mas se Jae dizia que sentia dores então precisava ajudá-lo. Levou a mão até a cesta onde carregava o emplasto que havia feito e transformado em uma pasta branca. Com a ponta dos dedos ele passou delicadamente sobre os machucados deixando que a pasta fizesse seu trabalho. -Não mexa a mão por alguns minutos, até a pasta secar – Pediu Chen Ren soltando a mão e vendo Jae flexionar os dedos o obrigando a agarrar a mão alheia desesperadamente – terei que segurar sua mão até que seque? A expressão de Já dizia claramente ‘Sim’ e Chen Ren a segurou. Em nenhum momento lhe foi chato, na verdade lhe deu tempo de sobra para analisar a bela mão que ele tinha. Palma macia e dedos longos e finos. Elegantes e que davam a quem os via a vontade de segurá-los. Jae permaneceu em silencio sob a minuciosa vistoria que era feita em sua mão. Algumas exclamações e risadinhas eram ouvidas do grupo de mulheres que eram a Senhora Akira, a dona da estalagem e a mulher que havia levados a família da dona da mansão para dentro. -Quer ver a outra? Está um pouco dolorida também – Murmurou Jae mostrando a outra mão que foi segurada com igualdade em delicadeza – acho que bati em algum lugar. -Me parece boa – Falou Chen Ren avaliando a mão saudável – se está doendo deve ser porque a usa demais, qual é sua mão dominante. -Sou bom com as duas – Respondeu Jae com um sorrisinho de canto – com a aquela que precisar. -Então suas duas mãos estão doendo por motivos diferentes, mas precisam descansar – Entendeu Chen Ren soltando as mãos que foram colocadas a sua frente enquanto pegava outro potinho – eu fiz isso para dores nas articulações, deve ajudar. Ele passou lentamente na mão alheia. Na palma macia e entre os dedos. Sem nem notar como era observado até pelo pássaro vermelho e azul que não emitia qualquer som. Assim que acabou massageou a pele dizendo que isso ajudava o remédio a agir mais rapidamente. -Já voltou ou vai ir embora ainda? – Perguntou Jae tendo suas mãos abandonadas a sua própria conta. -Eu... pretendo visitar o tumulo do meu melhor amigo, ele morreu a muitos anos, preciso prestar homenagem e pedir perdão – Contou Chen Ren guardando seus remedos na bolsa – mas não sei onde os moradores de Hiraki foram enterrados, principalmente a família em questão. -Qual? – Perguntou Jae em tom baixo – só por curiosidade, dependendo de quem forem, talvez eu conheça onde foram enterrados. -Tae, a Família Tae – Respondeu Chen Ren animado. Yanar Jae pressionou os lábios cheios e o pássaro vermelho e azul voou até seu ombro cantarolando uma melodia animada antes de encarar o outro que esticou a mão para acariciar o pássaro. Takuma eriçou as penas e voou novamente, mas dessa vez pousou no ombro de Chen Ren que sorriu largo. -Me sinto uma princesa de contos de fadas – Comentou Chen Ren com o indicador perto do pássaro que deitou a cabeça em cima apreciando o toque – Takuma é um belo pássaro e muito inteligente. -Argh – Grunhiu Jae revirando os olhos diante do pássaro a quem deu um passo em direção a Chen Ren e o animal voou assustado ou com deboche? – a família Tae? Bem, não sei muito dizer se estão enterrados ali, mas grandes famílias foram enterradas ali durante séculos. Séculos. Essa palavra lhe dava calafrios de nervoso. Se Si Woo estiver lá então ele prestaria as honras e homenagens para então conseguir seguir com a existência. Se desculpar pela demora e implorar perdão. Sua face se contorcia em tristeza até que Takuma pousou em seu ombro e cutucou sua bochecha com o bico levando apenas um segundo para Yanar Jae tentar afastá-lo e por acidente, ou não, acariciar a bochecha alheia que ficou levemente avermelhada. -Onde fica a cidade? Onde foram enterrados os mortos em Hiraki – Perguntou Chen Ren fingindo que sua bochecha não estava corada – gostaria de ir lá. -A Cidade de Aiko fica perto de Misora – Contou Yanar Jae olhando o pássaro agora em galho em silencio – posso levá-lo se quiser. -Mesmo? – Exclamou Chen Ren surpreso e sorrindo largo – eu agradeceria muito, mas o que deseja em troca? Dinheiro? -Quando chegarmos lá e você ver o tumulo então poderá me dar alguma coisa – Sugeriu Jae colocando as mãos atrás das costas e se inclinando em direção ao outro que arregalou os olhos com a proximidade – mas quando chegar a hora não vou aceitar uma negativa. Ren engoliu em seco sentindo que aquelas palavras tinham um peso maior do que mero aviso sobre uma promessa, parecia mais um contrato firmado com sangue. Aquilo era ridículo, o que Jae gostaria de ter dele? Ele só tinha moedas de prata e remédios caseiros... Jae arqueou uma sobrancelha em desafio, mas Chen Ren não deu para trás, na verdade inclinou o rosto na direção do outro e arqueou uma sobrancelha também. A pouquíssimos centímetros antes dos narizes se tocarem. -Eu aceito – Murmurou Chen Ren vendo o sorriso de canto do outro antes de ambos se afastarem lentamente. Que calor, pensou Chen Ren sentindo o corpo quente. A brisa veio para salvá-lo do suor, mas trouxe o aroma de algo adocicado, mas quente como se chamasse sua atenção em meio a tudo, mais forte que o jasmim e mais suave que damas da noite. Era o inconfundível cheiro de lírio do vale. Quem estava com tal cheiro? Um aroma que o trazia boas lembranças do antigo menino de 500 anos... o cheiro desapareceu quando a brisa ficou mais fraca assim como Jae que em nenhum lugar se encontrava assim como seu belo pássaro. De novo, pensou Chen Ren. -Chen Ren – Chamou a Senhora Akira parando ao seu lado – sei que vai partir, mas primeiro descanse, chame o seu “amigo”, será feito uma bolsa com comida para levarem até onde seu coração deseja ir. -Tudo bem – Concordou Chen Ren sendo solto. A Senhora Akira voltou se para dentro da casa assim como os outros, depois Chen Ren antes de as portas se fecharem. Porém ele pode ver o pássaro vermelho e azul no muro cantarolando baixo e mexendo as penas da longa cauda curvada. Ele levantou a mão e a balançou em direção ao pássaro que eriçou as penas.
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