Havia um boato delicioso correndo entre os mais jovens que ouvindo dos mais velhos constataram ser a mais pura verdade.
Damas da Noite visitavam a Montanha Ao no qual era proibida a passagem devido a deslizamentos fatais que ocorriam ali, mas para jovens aquilo não passava de baboseiras inúteis então dois jovens corajosos decidiram visitá-la em segredo.
-Você tem certeza? – Perguntou um deles pela quarta vez desde que haviam se afastado da aldeia.
-Ha-jun cale a boca e se abaixe não estamos passeando e sim em uma missão – Rosnou o outro agachado em frente a montanha em estado de alerta.
O rapaz repreendido resmungou algo que não foi compreendido, não que o outro se importasse de qualquer maneira. Ambos estavam ali a espreita para saberem se realmente Damas da Noite estariam visitando a caverna. Afinal, não era necessária saber o que faziam Damas da Noite.
-Kim eu sei que não quer me ouvir... – Sussurrou Ha-jun apertando as folhas do arbusto em que se escondiam.
-Exatamente então feche a maldita boca antes que nos vejam – Interrompeu Kim enfurecido apertando os olhos por causa da claridade do sol para ver melhor quando um vulto foi visto passando por cima de uma pedra – eu vi alguém.
Kim nem esperou e já se levantou seguindo em direção a pedra. Tinha que ter certeza do que viu e não esperaria o irmão para ver, se ele não queria então que não visse, pensou Kim ao começar a subir a pedra. Ha-jun balançou a cabeça com o pequeno detalhe que passou desapercebido pelo irmão.
-Elas são chamadas de ‘Damas da Noite’ por uma razão – Murmurou Ha-jun nervoso ainda parado ao ver o irmão escalar a pedra – só aparecem a noite e não durante o dia.
Do alto da pedra ele pode ver o vasto território de Seong em todo seu esplendor com o grande e majestoso Astro Solar acima de suas cabeças ditando as horas sem cessar. Os longínquos campos e pradarias em tons de verde Oliva e verde Musgo. Capins balançando ao vendo morno e o jovem com um sentimento de liberdade no peito vibrando seu coração, este não percebeu que a vibração na verdade era de onde estava posicionado admirando a paisagem.
As pedras seculares que nunca haviam se mexido começaram a deslizar lentamente sem dar tempo de o jovem sonhador perceber até que bruscamente a pedra caiu e o levou junto. Por reflexo de ser jovem ele saltou e conseguiu se salvar antes da pedra atingir o chão e se resumir a miniaturas do que um dia foi sua grandeza.
-Kim – Gritou Ha-jun desesperado pelo irmão que tremia pela adrenalina.
Kim saltou da pedra que havia salvado sua vida e correu em direção ao irmão ainda com o coração errando as batidas. Quase havia caído e se houvesse e tivesse sobrevivido possivelmente estaria em péssimo estado. Ha-jun e o irmão se abraçaram no calor do momento e juntos voltaram rapidamente para casa fingindo que a quase morte não havia ocorrido.
Porém na pedra onde Kim havia estado surgiu o vulto que o atrairá. Era branco como a neve dos pés a cabeça. Estatura pequena e face infantil, mas olhos de um n***o profundo e desconhecido. Ele sorriu mostrando as presas afiadas e se agachou na pedra olhando para dentro da grande rachadura que ocorrera na estrutura da Montanha. Lá dentro ele pode ver o que ela escondia por tantos séculos.
Levantou-se se e limpou as mãos nas roupas brancas. Ainda com um sorriso macabro, mas que inspirava certa alegria verdadeira a criatura desceu da pedra e sumiu por entre os verdejantes arbustos desaparecendo, literalmente, daquele mundo.
Ninguém poderia imaginar o que aquela Grandiosa Montanha escondia, mas logo saberiam que não deveriam ter tentando esconder a verdade, pois assim como ela, a Lua sempre se mostra.