Chacal narrando A mina que prometeu entregar a cabeça do Rei chegou no Alemão de madrugada. Toda na encolha, jurando que tinha ouro nas mãos. Fui avisado no rádio enquanto ainda tava na boca. — Joga ela num barraco — mandei. — E bota uns vapor na porta. Se for armadilha, é ali que ela morre. Aqui ninguém vacila. Pra cima de mim, só se for com garantia. E mesmo assim, com o pé atrás. De manhã, chamei o Sombra. — Vamos ver qual é dessa doida — falei. Descemos juntos até o barraco. Quando abri a porta, tive que segurar a cara de nojo. A mina tava um bagaço. Roxa. Corpo cheio de marca. Braço com hematoma fundo. Provavelmente comeu madeira até chorar sangue. A cabeça tava raspada, igual castigo de cadeia. e um olhar que misturava dor, raiva e vergonha. Mas eu? Eu não dei ousadia. Fiqu

