Rafaela narrando Trabalhar no bar não é fácil, não. Ainda mais sendo mulher, bonita e com cara de poucos amigos. Os cara acha que é só porque a gente tá servindo uma cerveja gelada que tamo ali pra ouvir gracinha, aguentar cantada barata e risadinha de macho bêbado que acha que tem chance. Hoje foi osso. Teve um que tentou até me puxar pelo braço. Quase enfiou a unha no meu pulso. Sorte dele que Tadeu viu e botou o cara pra correr antes que eu mesma fizesse isso com a garrafa que tava na minha mão. Não sou de levar desaforo, mas também não sou burra de fazer merda no meu local de trampo. Fechei o bar com a cabeça latejando e o corpo pedindo arrego. As pernas doíam mais do que depois de um baile, e tudo que eu queria era um banho quente, uma cama e silêncio. A rua tava quase vazia, só

