Rei narrando
Acordei com os vapores me chamando, no Radio p***a eu fico bolado pra c*****o nessa p***a.
— Ai patrão, tem um cuzão do asfalto querendo subir o morro, tá atrás da moradora nova.
Na hora já me intriguei. Que p***a era essa? m*l chegou na quebrada e já tem boy metendo as cara?
Botei o tênis, joguei a camisa por cima e subi devagar, na moral, só observando. Quando cheguei lá no beco, da entrada da contenção tava lá o filha da p**a. Camisa de marca, sapatênis, jeitinho de quem nunca pisou num chão batido na vida. Tava cheio de graça, falando manso com os vapores, como se não soubesse onde tava se enfiado.
— Ta perdido na minha quebrado irmão?
— Perdido não. Só vim trocar uma ideia com a Rafaela…
“Rafaela”, ele falou, como se fosse íntimo.
— Neguinho sobe la e chama a mina.
Neguinho nem penso e saio vazado, cinco minutos depois e muita merda saindo da boca desse comedia, eu vir ela descendo com o neguinho.
Mas o que me pegou mesmo foi a cena seguinte.
A mina desceu as escadas com o olhar afiado.
O cuzão ainda abriu um sorriso.
Ela nem pensou.
Deu foi um Tapa seco na cara dele. Sem aviso, sem conversa, sem dó. O morro inteiro ouviu. E eu? Só cruzei os braços e fiquei olhando.
Ali não precisava ninguém resolver nada.
Ela já tinha resolvido.
Depois que Rafaela desceu a mão na cara do playboy e saiu sem nem olhar pra trás, o clima peso. Os vapores já tavam tudo se olhando, esperando só um sinal. O maluco ainda fico ali parado, com cara de o****o, como se tivesse sido injustiçado.
Eu me aproximei devagar, só pra ver até onde ia a ousadia.
— E aí, irmão… tu acha que aqui é o quê? Shopping? Tu sobe o morro achando que pode bota moral?
Ele ainda tentou bancar o valentão.
— Ela e comprometida é minha noiva. Eu só queria conversar, resolver…
— Resolver o c*****o, — cortei ele. — Eu ouvi bem a conversa, então vaza p***a.
Antes mesmo de eu terminar, os vapores avançaram. Meteram ele no canto da parede, e o couro comeu. Soco no estômago, chute nas pernas, tapa na cara pra aprender a respeitar onde pisa. Ninguém quis matar, mas era pra ele entender que ali não era terra sem dono.
O maluco caiu de joelhos, cuspindo sangue. Mas ainda teve a ousadia de levantar o queixo e soltar:
— Isso não vai ficar assim. Eu vou voltar. Eu juro que vou voltar.
Eu dei uma risada seca, andando na direção dele.
— Tu volta, mas não volta inteiro. E se pisar aqui de novo, vai sair direto no saco preto, entendeu, o****o?
Ele não responde. Só cuspiu pro lado e foi mancando até o fim da viela, sumindo morro abaixo.
Depois de botar ordem nessa p***a que teve a ousadia de subir o morro, voltei pra boca com a mente ainda fervendo. O movimento tava frenético vapores indo e vindo, Os noia descendo pelas vielas, o som dos rádios chiando nos becos. A Favela tava viva.
Passei direto pelos moleques, cumprimentando só com o olhar. Quando o clima tá corrido, ninguém enrola.
Subi pro alto da casa e entrei na minha sala. Lugar fechado, com Ar condicionado. Me joguei na cadeira de couro e puxei o livro da contabilidade.
Comecei a conferir linha por linha.
Peso vendido, entrada, saída, quanto vai pro caixa, quanto vai pra mão dos vapores. Tudo batendo. Como tem que ser.
Tava ali no foco quando a porta se abriu devagar.
— Rei, — a voz era do Zoio, sempre ligeiro, sempre no tempo certo. — Tá tudo no esquema pro baile, pai. Som já tá chegando, segurança no ponto, os fogos prontos. Hoje a favela vai tremer.
Levantei os olhos e dei um leve sorriso de canto.
— É isso que eu gosto de ouvir. — fechei o livro e bati a mão em cima. — Hoje o morro vai cantar alto. Quem é de verdade vai colar… quem não for, nem tenta subir.
Zoio assentiu com a cabeça e sumiu porta afora.
Ali, só restava uma certeza, a minha noite vai ser regada de Droga, mulher, e sexo. E o Rei? O Rei vai reinar.
A noite caiu no morro e o movimento começo com as Pati do asfalto subindo para senta para Bandido, os playboy, atras das Drogas hoje é so comer essas putas e ganhar Dinheiro nessa p***a. Os Fogos explodirão no céu, o batidão ecoando pelos becos, o cheiro de churrasquinho e lança-perfume misturado no ar. O baile tinha começado.
Depois de uma tarde resolvendo pendências nessa p***a voltei pra casa passo pelos vapores da contenção do meu barraco e cumprimento com um aceno de cabeça. O meu corpo ta pesado. Deixo o celular em cima da mesa da sala, tiro a camisa suada e vou direto pro chuveiro.
A água gelada caiu sobre meus ombros como um alívio, ta ligado fecho os olhos por um instante, deixando a tensão escorrer pelo ralo. Hoje era noite de baile, e eu sabia que onde eu passava, os olhares vinham junto.
Saiu do banho, enxugo o rosto e vou até o closet e pego uma roupa camisa preta justa, jeans escuro rasgado no joelho e um sapato da Nike reluzente, aquele que só usava em noite especial. Passo a corrente grossa no pescoço, encaixo o relógio no pulso e, com calma, abriu a gaveta da cômoda.
Ali estava ela: Minha Glock, ganhei do Meu Avo coringa. Pego a peça confiro o pente, travo com cuidado e coloco na cintura, por dentro da camisa.
Antes de sair, passo o meu perfume. Não era qualquer um era aquele com cheiro que dizia as putas que eu era problema.
Desci para a garagem, onde minha moto mim esperava. Coloco o capacete, giro a chave, e o motor rugiu.
O baile já estava pegando fogo, mas a festa de verdade começava agora porque Rei dessa p***a chego. Desci da moto e encontro Zoio na entrada cumprimento meu mano e a gente ergue as p***a dos fuzis para cima e vamos para o camarote as mina fica tudo com a b****a piscado jogando a raba para meu lado. Quando eu chego cumprimentos uns aliado vou na direção da grade.
aqui de cima, eu observavo tudo. Com copo de whisky na mão.
O meu olhar era firme eu tava vendo as minas so se oferecendo pro patrão.
— O próximo passo é o centro do Rio, — eu murmuro pro Zoio, que tava do meu lado. — Esse salto vai mudar tudo. Se der certo, ninguém segura mais.
O som subiu, as luzes piscavam, e a favela fervia. Era o tipo de noite que o morro respeita.
Mas toda paz tem prazo.
Do canto da escada, a movimentação chamou atenção. Dois vultos subindo, seguidos por vapor.
— Ih, olha lá quem chegou, — Zoio avisou, rindo de leve.
Eu viro o rosto devagar, já sentindo o incômodo no peito antes de ver de verdade.
Era o meu irmão Lucas, meu sangue, meu mano… e ao lado dele, Luna a minha dor de cabeça diária nossa irmazinha.
Ela subiu com aquele jeito debochado de sempre, vestido colado no corpo, olhar direto nos meus olhos como se estivesse desafiando.
Lucas veio com o sorriso aberto, Os braço já se esticando pra me cumprimentar.
— Fala, Rei! O baile tá fervendo, irmão. Tu é brabo demais!
Eu bato de leve a mão no peito do meu irmão, mas não respondo de cara. Os meus olhos estavam em Luna.
— Não sabia que tu vinha, — eu digo, com a voz baixa. Os mane fica tudo disfaçando mais eu sei que eles estão olhando para ela, mais seu cuzão tiver peito chega perto que eu mato.
— Nem eu, — ela respondeu, sem abaixar o olhar. — Mas o Lucas insistiu. Disse que seria divertido.
Eu riu de canto, mas o sorriso não alcanço os meus olhos.
— Divertido, né? Vamos ver até onde vai essa diversão.
Eu Olho Luna de cima a baixo, com e ja fecho a cara:
— Tu não tinha uma roupa mais decente não, Luna?
Ela revira os olhos, já com deboche na voz:
— Ah, pronto… começo o show de ciúmes. Vai me dizer agora o que eu posso ou não vestir?
Eu passo a língua nos dentes, cruzando os braços:
— Não é questão de deixar ou não. É questão de respeito. Tu tá no meu baile, no meu camarote… cheia de peito e b***a pra fora. E eu que fico com os cuzão tudo te secando. Cade pai que Deixo tu vestir essa p***a de roupa.
— Relaxa, pô. Lá em casa o pai já tava surtando com a princesinha dele saindo assim. Agora é tu.
— Eu vou curtir o baile, tá? E se alguém olhar, problema de quem tá olhando. Quem me conhece sabe que eu não dou moral pra qualquer um.
— Curte o baile à vontade, mas eu vou ficar de olho. E se algum filho da p**a encostar em tu… eu mato. Sem conversa.
— Sempre exagerado, né, Rei?
— Não é exagero… é aviso.
Eu acendendo um cigarro, olhando pro baile lá embaixo:
— E aí, Lucas… como é que tá lá na Rocinha? Tá dando conta ou tá me queimando?
Lucas encosta na grade do camarote, dando um gole na bebida:
— Tá suave, pô. Tô mantendo tudo no esquema. O movimento tá firme.
— O problema sou eu mesmo… tô fudido com uma mina que tá virando minha cabeça, véi.
Eu viro de lado, soltando fumaça pelo canto da boca e rindo:
— Ihhhh… olha ele! Tá emocionado!
— Papo reto, irmão. A mina é diferente. Fala na minha cara, não abaixa cabeça, e quando some parece que leva minha paz junto.
— Já era, tu tá na coleira. Mais dois rolê com essa aí e tu vai tá pedindo benção pra sogra.
— Só cuidado, menor. Essas mina que mexe com a mente da gente… é as que mais derruba.
— Já tô derrubado, então. Só falta ela pisar em cima.
— o****o. Vai aprender na marra igual todo mundo
Nos dois rimos, e o som do baile cresce no fundo. Mas por trás da zoeira, eu sabia que quando o coração começa a bater torto… o jogo muda. Uma hora depois uma movimentação chama minha atenção era a Rafaela, o quer essa mina ta fazendo aqui pora.