Karina narrando
O dia hoje não foi fácil, papo reto.
Fiquei no mercado até mais tarde porque a p***a do caminhão de entrega atrasou, e adivinha quem teve que ficar pra ajudar a descarregar tudo? Eu mesma. A chefe meteu logo um “Karina, só você tem braço forte pra isso”. Ah, vá tomar no cu. Se eu sou homem tavam pagando extra, mas como é mina, o que rola é exploração disfarçada de elogio.
E como se não bastasse, ainda tem o Afonso, um pé no saco que acha que me jogar cantada barata vai me amolecer.
— Cê devia sorrir mais, Karina. Tem um sorriso bonito...
Ah, vai se f***r, Afonso! Esses homem do asfalto acham que só porque a gente mora em favela a gente não tem dignidade, que vai aceitar qualquer migalha ou gracinha nojenta. Mas eu não sou qualquer uma não. Comigo, o papo é reto e o re
