Coiote narrando Dois dias. Já se passaram dois dias desde que invadimos o Vidigal com sangue nos olhos e dedo no gatilho. Eu e o VN távamos com tudo no esquema. Fuzil, tropa, mira nos alvos. Esperando o contra-ataque do Rei, esperando o Vespa vir com aquela carinha de deboche tentar devolver o troco. Mas até agora… silêncio. Nem um estalo de radinho, nem uma movimentação no Morro da Babilônia, nem na Parada de Lucas. Isso não é normal. Rei sempre devolve. Ele nunca deixa barato. Isso aqui não é jogo de criança. Tava encostado na varanda da laje, fuzil no colo, cigarro queimando nos dedos, o pensamento fritando mais que o asfalto no sol do meio-dia. VN encostou do meu lado, calado também, só olhando o horizonte sujo da cidade. — Tu não acha que devíamos falar com as minas que tu colocou

