Natalia narrando Quando meu filho me ligou de madrugada, a voz dele já me disse tudo. Ele nunca tinha me implorado por nada. O “Rei” sempre foi durão, direto, calado. Mas do outro lado da linha, eu ouvi um menino. Um filho desesperado. — Mãe... é a Rafaela... ela tá mal... sangrando muito. Mãe, por favor... me ajuda. Eu já ia largar tudo e correr. Mas aí ele completou com a voz falhando, como se o mundo tivesse despencando em cima dele: — Ela tá grávida... eu não posso perder meu filho. Fiquei muda. Um baque no peito. Grávida. Meu bebê ia ser pai. E eu... eu ia ser avó. Na mesma hora, sem nem pensar duas vezes, dei ordem direta pro Vespa. — Prepara o helicóptero. Agora. Não vou deixar nem a Rafaela e nem meu neto morrer. Minutos depois, a gente decolou. O som da hélice batendo

