Jacob Howard
Desembarco no aeroporto de Northlake e fico observando como está mais bonito e moderno desde a última vez em que estive aqui, a uns três anos atrás, me entretenho admirando as mulheres bonitas que desfilam de um lado pra outro me fazendo suspirar. Texas está sempre cheio de mulheres bonitas, é algo que não se pode negar. Northlake no Condado de Denton, é um lugar que pode ser chamado de... cidade conforto.
Fico perdido nos meus pensamentos até que avisto o James, um dos funcionários da fazenda e alguém que conheço desde criança. Ando em sua direção, ele só me vê quando estou bem perto, James e eu temos quase a mesma idade, sempre que venho a fazenda nós conversamos muito e às vezes saímos para ver as meninas e dançar! No único bar da Salth que fica a uns trinta quilômetros da fazenda Howard Ranch.
James é um cara alto, tem mais de um metro e oitenta de altura, tem olhos negros e a pele preta e é careca, ele é um cara muito forte e tem uma cara de mau, mas é somente a cara mesmo. Ele é um homem bom aos seus e um amigo que se importa.
— Oi, patrão! Como você está? Como foi a viagem até aqui? Preparado para uma hora de estrada? — James pergunta como se estivesse me fazendo um questionário e ao mesmo tempo me dando um abraço de lado.
— Oi James! — respondo sorrindo e retribuindo o abraço. — Só uma! Então as estradas estão bem melhores hoje em dia. — Comento demonstrando que fiquei feliz pelo restante da viagem durar somente uma hora, acho que eu realmente estou desacostumado com estrada de terra — Como vão as coisas por aqui? — Pergunto com bastante interesse. Preciso me atualizar das coisas.
─ Seu pai nunca mandou pavimentar a estrada da fazenda. Dizendo ele que é para preservar as raízes de seus antepassados. — diz James, com um largo sorriso.
— Meu pai e seus costumes — sorrio de volta.
— Mas algumas coisas mudaram sim, principalmente na minha vida. Me casei e já tenho uma linda filha — James diz todo orgulhoso, já caminhando para a caminhonete levando a minha pequena bagagem.
— Quer dizer então que o peão mais escorregadio foi lançado. — Digo sorrindo e tirando onda com a cara do meu amigo.
— O próximo é você! — James pressagiou rindo.
— Serei sempre um solteirão convicto. Porque ficar com uma mulher só se posso ter a que eu quiser? — Digo cheio de certeza e James gargalha alto.
— Quando menos esperar vai ser laçado por uma morena que vai te colocar um cabresto e te puxar na rédea curta. — James diz, mas parece mais como se estivesse me jogando praga e eu faço o sinal da cruz.
Chegamos no veículo que vai nos levar para a fazenda e guardamos a mala. James senta no banco do motorista e eu no do passageiro e pegamos até sair de Northlake e alcançar a estrada para a fazenda Howard Ranch.
— Que você já estava casado, o meu pai havia dito, mas que já era pai de uma menina, fico surpreso, pois se casou a menos de seis meses. — Comento retomando o assunto e James gargalha muito e eu o acompanho.
— Nós começamos a praticar fazer filhos antes de casar — Ele responde divertido e respira fundo para não rir — Mas eu estou feliz casado e sendo pai.
— Fico feliz por você e sua família. — Digo com sinceridade.
Mudo o foco da conversa para a fazenda, quero saber em que pé estão as coisas por lá, vistas pelos olhos de outra pessoa, que não seja meu pai. James é um excelente funcionário e é um bom amigo, confio em sua opinião.
Fico observando a estrada, as pastagens, vejo como tudo está tão diferente de vinte anos atrás, quando fui morar no Londres. Lembro que toda vez que passei por aqui constatei melhorias, essa é uma região que está evoluindo a passos largos.
— A fazenda Howard Ranch é sinônimo de qualidade e confiança e está entre as maiores em criação de gado de corte e a maior em criação de cavalos puro sangue árabe, apesar de que o forte por aqui seja a agricultura. Também temos melhorado muito o fator genético desses animais, deixando-os mais fortes e ágeis. A comercialização de seus sêmens está com um alcance cada vez mais longe e muito valorizado. — James comenta muito empolgado.
— Meu pai sempre trabalhou duro para que a fazenda Howard Ranch fosse referência na região e principalmente no exterior — eu comento com um tom de orgulho na voz. Admiro muito a dedicação do meu pai.
— O senhor Howard é um excelente patrão, é muito respeitado por todos, muitos dos funcionários estão receosos com sua chegada— diz James com um tom respeitoso na voz.
— Por que? — Pergunto, indignado com o que ouvi. Eles ainda não me conheciam realmente.
— Muitos acham que você pode ser um patrão arrogante e soberba, por você ter nascido em berço de ouro, ter morado em cidade grande e em outro país. Diferente do seu pai que já trabalhou duro de sol a sol como nós e por isso nos entende bem. — James explica, muito sem graça. No fundo acho que ele também tá um pouco receoso porque por mais que tenhamos uma relação de amizade, eu nunca fui o chefe.
Fico olhando pela janela da Caminhonete, vendo a paisagem passar e analisando o que o James acabou de falar sobre o que pensam a meu respeito.
— Você sabe que não sou assim — Digo por fim e o James assente com a cabeça sem tirar o olho da estrada — Mas eu entendo o receio deles, e espero que quando eu estiver lá possa mostrar que não sou diferente do meu pai.
— Você será um bom chefe — Ele diz e sorri um pouco — Estamos todos contando com isso.
— Eu quero ser um bom chefe, mas só vou poder ser quando estiver lá — digo e ele concorda comigo e caímos em um pequeno silêncio, até que eu vejo James sorrindo largo.
— Falando de um assunto mais leve e melhor, a fazenda tá cheia de beldades — James diz com cara de safado e eu dou uma gargalhada.
— James… — começo a falar rindo, olhando para o meu amigo, algumas coisas sempre são iguais — Deixa a sua esposa ouvir você falando assim.
— Se ela pensar, é capaz de cortar meus bagos — Ele diz fazendo caretas e eu dou uma estridente gargalhada.
— Mas diz mais das beldades, fiquei interessado! — Peço com um sorriso malicioso brincando nos lábios.
— Tem a Kimberly, a professorinha, mas essa o esperto do Amos já carregou pra ele — James começa e eu presto bastante atenção — Tem a Naomy, que é uma gatinha como diz a rapaziada. Mas ela é muito metida e está à procura de um marido rico para se tornar madame como ela mesma diz. E tem a Sam. que além de muito bonita e esforçada, trabalha muito e gosta do que faz.
— Me diz mais dessa Sam — Incentivo ele a continuar falando, porque acho que fiquei interessado nessa, mas preciso de mais informações.
— Ela é meiga, mas muito brava, ela é veterinária também, das boas. Seu pai tomou a decisão acertada de contratar ela, pois ela conhece a fazenda como ninguém. Nasceu e cresceu lá. — Ele diz quase como se tivesse um certo orgulho da garota – Só saio, quando veio pra Northlake cursar veterinária na universidade federal. Ela e o Amos estão se saindo muito bem nos cuidados médicos com os animais, e agora com você lá não tem pra ninguém.
— E ela é bonita? Gostosa? — Indago com a maior cara de safado.
— A Sam é uma moça de família, é dessas pra casar, sabe? Uma moça respeitosa e carismática com todos, decente — Me responde com rispidez e me olhando com cara de poucos amigos.
James me olha de cara feia como se eu estivesse agredindo alguém da sua família. Fico me perguntando se ele é apaixonado por ela, pois fica calado como se tivesse cometido um crime.
— Qual é James? O que eu disse de errado? Por acaso está traindo sua esposa com ela? ou está apaixonado por ela? — Pergunto alto e com rispidez, da mesma forma que ele disse comigo.
— Não diz besteiras Jacob, eu amo minha mulher, tenho muito respeito por ela, e nossa filha. Minha família é tudo pra mim, Sam é minha irmãzinha do coração, a irmã que a vida me deu — Ele rebate com semblante furioso.
Sam deve ser muito importante para ele, pois ele nunca tinha dito alto comigo. Fico meio cabreiro, coloco o chapéu tampando meu rosto e resolvo dormir até chegar à fazenda.
Quando passamos pela Salth fico meio melancólico sentido falta de algo que não sei explicar.
Fico observando as casinhas, as crianças brincando livres e despreocupadas no meio da rua tudo muito pacato, sorrio ao ver o Bar do seu Anthony tudo continua igual quando era criança até as casas parece ter as mesmas cores.
James só me olha de canto de olho e não diz nada. Será que ainda está estressado? Foi ele quem começou o assunto!
James para em frente à loja de ração para pegar uns sacos de sal que o meu pai pediu. Quem vem nos atender é um moço pouco mais novo que eu, não lembro dele, ele chega abraça James meio de lado e me cumprimenta com um mover de cabeça faço o mesmo.
— Este estabelecimento não é mais do seu Marcos? — Pergunto observando o lugar.
— Seu Marcos faleceu há cerca de dois anos e agora é o filho dele, o Phillip, que segue com os negócios — James me diz com pesar.
O Phillip volta assim que confere o pedido.
— Lembra de mim? — Pergunto a Phillip.
— Tenho uma leve lembrança, se não me engano estudamos na mesma sala e você sempre caçava confusão comigo pois eu era muito tímido e um molenga. — Diz Phillip sorrindo.
Caio na gargalhada quando as lembranças se fazem presentes
conversamos um pouco mais sobre o passado até nossa carga ficar pronta. Despeço me dele e James faz o mesmo e seguimos para fazenda ao som de Anthony e Mateus
Chegamos na fazenda Howard Ranch, pouco tempo depois.