O começo do fim
Os barulhos de tiros altos sendo lançados contra eles eram quase ensurdecedores, Victor só pensou em empurrar Laura para o chão, naquele momento não importava que Laura estivesse brava, ou que nunca fosse perdoar Victor por sua traição.
Ele a amava mais do que tudo naquele mundo e sem ela ele preferia morrer.
Victor trocaria sua vida toda pela vida de Laura, ele trocaria todo o dinheiro, todo o império só pela chance de vê-la outra vez. Só para vê-la sorrir enquanto ele observa os seus olhos castanhos.
Victor finalmente sacou a sua arma, mas era tarde demais.
Marina ficou paralisada por um segundo – e esse segundo foi o suficiente para o destino agir com a sua crueldade habitual.
- MARINA! – Gritou Laura, mas a voz já vinha distante demais.
Uma bala atravessou o peito da jovem com uma precisão cirúrgica, jogando-a alguns passos para trás, antes que o corpo dela caísse em câmera lenta, como uma pétala despencando de uma flor da condenada.
Os olhos de Victor se fecharam por um segundo, talvez, tentando evitar o que finalmente ele veria depois.
O mundo parecia ter congelado em volta deles por alguns segundos, e Victor que já havia presenciado muitas mortes, se chocou ao ver o que havia acontecido.
Victor correu até ela, se ajoelhou ao lado do corpo ensanguentado da filha que ele nunca criou. A filha que ele m*l conhecia, a filha que tinha os olhos dele.
- Fica comigo... Marina... olha para mim! – Disse ele com a voz embargada, ele sabia em seu íntimo que ele não conseguiria prolongar a vida dela, ele estava desesperado, qualquer resquício de sua maldade mafiosa se dissipou ali diante de Marina e de seus últimos suspiros soltos pelo ar gelado.
- P-pai... – Disse marina sussurrando em seu leito de morte, ela já estava tossindo sangue e seus olhos pareciam buscar algo que ela nunca teve: Tempo.
- Eu estou aqui filha, eu estou aqui para você agora!
Era tarde demais.
Ele a segurou com força, como se os braços dele pudessem impedir a vida de escapar por aquele buraco no peito. Laura chorava em silêncio, impotente, sem conseguir se mover.
Assistir um filho morrer era o golpe mais duro que Victor levaria da vida e naquele momento, não importava quantos anos fossem se passar, qual era a verdade sobre a concepção de Marina, ela era sangue do seu sangue e estava estirada no chão como um cão.
Ele queria ter mais tempo, queria ter feito mais por ela, queria ter contornado toda aquela situação como sempre fez por seus outros dois filhos com Laura.
Mas para Marina, aquele era o seu momento final.
- Me desculpa – Sussurrou Victor, encostando a testa na dela – Eu deveria ter te protegido, falhei com todas as pessoas á minha volta.
Marina tentou sorrir, mas a dor venceu primeiro. O brilho dos olhos apagou-se devagar e o último suspiro veio com um lamento arrancado de sua alma jovem demais para morrer.
Mas o que está escrito no destino não pode ser reescrito. A caneta do destino escreve com brasa e não pode ser apagada.
Ela morreu nos braços de Victor, o pai que sempre desejou encontrar...
Mas que o destino não permitiu que amasse em vida.
Ela partiu sem rodeios ou grandes discursos e até mesmo sem paz, não concluiu o único objetivo que havia criado para si: Ela era uma Grecco afinal e nenhum Grecco poderia morrer daquela forma.
... Tão jovem e tão injusto!
Laura engoliu o choro, mas o nó em sua garganta era inevitável. Ela explodiu em soluços baixos, ela sentia como se o peito estivesse sido arrancado de dentro para fora.
Marina não era sua filha, ela nunca havia conhecido aquela garota. Era o fruto amargo da traição de Victor, a lembrança de que ele havia traído o pacto que lealdade entre os dois.
Mas ela não merecia aquele fim.
E ainda assim... naquele chão sujo e atingido de sangue, tudo parecia tão pequeno e insignificante.
Marina era parte de Victor e Laura o amava com sua própria vida.
E agora uma parte de Victor estava morta.
Nem toda a raiva do mundo poderia traduzir em palavras o que Laura estava sentindo. O medo da perda definitiva de seus filhos e o silêncio pesado daquele fim.
Victor tremia. Os braços envolviam o corpo sem vida como uma fragilidade que Laura jamais havia visto naquele homem. O mafioso que todos temiam estava ali, despido, desarmado, quebrado por dentro.
- Ela me chamou de pai – ele disse, a voz rouca era irreconhecível – pela primeira vez. E foi a última! Eu...eu não tive nem tempo de dizer que eu realmente sentia muito! Que ela não merecia carregar a culpa por meus pecados.
Laura, com os olhos marejados e os dedos manchados de vermelho, tocou o ombro dele.
- Marina... era inocente, Victor. E por mais que tenha doído em mim, por mais que eu tenha odiado o que ela representava... Ela não teve culpa de nada! Ela só queria pertencer.
Ele virou o rosto para ela, devastado e assombrado por seus fantasmas passados e soltou o corpo da filha pela primeira vez.
Laura abriu os braços e sem resistência, Victor desabou neles, como uma criança ferida. Ela o abraçou com força, como se pudesse segurar os dois mundos em colapso ao mesmo tempo: O mundo dela e o mundo dele.
- Me perdoa – Ele sussurrou contra o ombro dela – Por tudo. Por tudo isso... por nós e por eles.
- Eu não sei o que estou sentindo agora Victor – disse Laura entre lágrimas – Mas nesse momento eu só quero que você sinta que não está sozinho. Quero que você saiba que eu te amo, mais do que eu consigo expressar.
- O que vamos fazer agora? – disse ele ainda envolto por seu luto.
- Nós vamos enterrar Marina e vamos trazer nossos outros dois filhos vivos para casa. É isso o que vamos fazer.
Victor chorou amargamente em cima do corpo de sua filha, as suas lágrimas caiam sobre o rosto ensanguentado da jovem.
E então ele se lembrou de algo que diante de tragédias seria muito fácil esquecer:
Aquilo não ficaria empune.
ELE ERA UM GRECCO, p***a!
Recado do autor: Olá gente, tudo bem? Um montanha de fãs do livro me pediram um final e então aqui está! Vamos juntos entender a empreitada de amor, justiça, redenção e vingança da família Grecco.
Eu m*l posso esperar, e vocês?
Obrigada por me fazer resgatar essa história que amamos.
- Pris