Prólogo
DA
SÉRIE
MENTES PERTURBADORAS
Sejam todos bem-vindos ao quinto livro:
PECADO VICIOSO
***
CINCO MESES DEPOIS...
Meu jogo iria dar início, eu iria chamar atenção, mas não queria que fosse de qualquer pessoa.
— Agora pronto. _Revirei os olhos, grudando as minhas costas no encosto da cadeira. Não havia melhor momento que não fosse aquele. — Falou os caras perfeitos. Olha Deus, os exemplos de vida. _Soltei um riso esganiçado e juntei as mãos sobre a boca como se estivesse rezando, indignada.
— Rachel...
Encarei meu pai, unindo quase as sobrancelhas, aflita e não orgulhosa com o que estava dando início.
— Rachel é o c*****o. _O interrompi e passei o olhar em cada rosto sobre a mesa. Foi impossível, eu ri com que via. — Faça-me favor, olha as vidas perfeitas e o engraçado é que eu que me fodo por não ser igual a meus primos Stark e companhia. _Gesticulei para as crianças catarrentas no colo de ambos. — Papai, por Deus eu não quero passar por isso e piorou agora que sei que serão gêmeos.
— Fora de cogitação esse aborto. _Declarou o Heitor.
Rapidamente, desviei o olhar para seu rosto cínico. Como ele tinha essa coragem?
Simplesmente eu não sabia.
— Vai tomar no seu cu seu filho da p**a. O corpo é meu e eu atiro no lixo quantos fetos eu quiser. _Me amaldiçoei mentalmente por dizer algo tão c***l.
— Já chega! Rachel. _Papai levantou, explodindo. — Você terá a criança, quer queira quer não. _Dito as palavras de forma dura jogou o guardanapo sobre a mesa, deixando claro uma última coisa antes de sair. — E irá mandar o desgraçado dar as caras e vir falar conosco já pensando seriamente no pedido de casamento.
Como eu queria aquilo.
Mas era impossível.
— Pronto. Voltamos para os tempos das cavernas. _Ironizei, rindo. — Como se eu fizesse ou seguisse ao pé da letra o que vocês ditam. Povinho escroto, bizarro e nojento. Se fosse assim, não teria trepado com meio mundo e colocado essa peste na barriga quando tinha a outra metade para desfrutar.
Mentira. Tudo uma mentira. Nunca houve meio mundo além dele.
— Menina, está me tirando do sério. _Maximiliano se pronunciou.
Também me tiraria se eu fosse ele ouvindo o que falo.
— Ora Ora! o rei da pátria resolveu interferir o que é, em? Está incomodado com o que exatamente? Se não tem um útero não pode opinar. Então, quietinho. _Pisquei um olho para ele.
— Não é possível que tenha se rebelado uma mulher rebelde. Qual foi prima, não teve infância? _Heitor retrucou.
Meu coração doeu de raiva.
— Agora deu. _Inclinei para frente, eu queria profundamente mata-lo. — Seu merdinha, eu não vou fazer o que vocês querem.
Eu não podia ter essas crianças. Duas. Meus Deus.
— Por que? Por que não quer? Por que abomina tanto casar ou construir uma família? _O Allan por fim questionou.
Eu não abominava.
Respirei, antes de começar a contar os porquês usando os deles.
— Olha para vocês, gente. Allan, você um b***a mole, p*u mandado de mulher. Lian, um i****a que se encantou pela vagaba da amiga da sua esposa. O Maximiliano, um o****o tapa buraco da songa monga da Siena. O único que eu tiraria o chapéu seria para o Hugo, mas infelizmente vai ficar para a próxima já que o b***a abandonou o Matteo por uma italiana i****a. _Gargalhei sem querer. Eu precisava lembra-los das coisas que eles suportavam por amor para que quando chegasse a minha vez de contar o que fui capaz de fazer, eles ao menos entendessem um pouquinho. — A vida perfeita de vocês é uma penca de filhos do c*****o. Se as mulheres te deixaram cegos, um homem me controlando está certamente morto ou inexistente. Será que só eu que vejo a merda que vocês se enfiaram?
Eu havia entrado numa maior, centésima vez maior.
— Vai retirar agora o que disse. _Era a esposa do Allan, a Cibely levantando.
Levantei também.
— Quero ver se você é isso tudo mesmo e vai me fazer retirar. _Ela vinha ao meu encontro e eu também seguia ao seu. Estava prontinha para dar uns bons tapas nessa vaca com cara de atriz pornô. E eu faria se não me segurassem pela cintura e me impedissem. — Me larga. _Tentei empurrar quem me segurava. — Eu quero ver do que ela é capaz. _Gritei.
— Me solte, Allan. Eu vou dar a ela a alegria de ter esses filhos antes do tempo e pela boca.
— Você se acha a dona da p***a toda só porque deu dois filhos ao meu primo, não é?
Eu queria rir por meu teatro está indo tão longe. Rir de vergonha e nervoso. Odiava ter que ofender os outros para conseguir o que queria. No entanto, não posso dizer que gostava da Cibely, no fundo nosso sangue nunca bateu mesmo.
— Qual é o seu problema? _Pisquei confusa e ela continuou. — Quer seus primos só para você? não me diga que ainda não se acostumou que eles te abandonaram? está fazendo esse showzinho todo para chamar atenção? Quer atenção ovelhinha n***a dos infernos?
Engoli em seco, desordenada.
— Você não sabe o que está dizendo. _Balancei a cabeça, em negação.
— Querida. Acorda, já passou da época em que eles se importariam com você ou com o que faz. Vai viver sua vida. Se quer tirar a dádiva que Deus te presenteou para colocar juízo nessa sua cabecinha de vento, faça. Não fique fazendo esse teatro para ver eles interferindo. Vá e faça. Mulher que é mulher não fica entre a cruz e a espada, ela pega a espada e corta os pés da cruz quando milagres acontecem, porque gente amarga é covarde também. Vai lá t*****r com o resto do mundo, assim não tem tempo para encher o saco. Goze, mas goze tanto ao ponto de ficar inconsciente por anos. Quem goza é mais feliz.
Olhando para quem me segurava, cravei a unha com força em seu braço e encarei com toda a minha fúria o fundo dos seus olhos, então me desprendi dos braços do Heitor sem esforços.
Miserável.
Dando a volta na mesa, recolhi minha bolsa do chão e voltei a olhar para todos de pé.
Ah se soubessem da verdade, aquela família choraria lágrimas de sangue.
— Vão todos se fuder. _Segurei firmemente a alça da bolsa em meu ombro e antes de os dar as costas, cuspi no chão. Deixando ali meu último rastro, quando o cuspi secasse eu já não estaria mais ali. Por fim, dei movimentos aos meus pés e andei de costas uns quatro passos até me virar e seguir destino a porta.
— Rachel.
Congelei com o som da voz e fechei meus olhos que ardiam.
— Deixe ela ir.
E não ouvindo mais impedimento depois dessas últimas três palavras, realmente fui. Eu parti para longe de todos.
Eu estava tão enfurecida porque agora havia chegado a minha vez de repetir tudo o que eles passaram para ter a sonhada felicidade e eu não podia fazer.
Eu não podia.
Só me restava tocar meu ventre ao entrar no elevador e cair aos prantos.
Ter as crianças significava a minha morte.