Nero estava sentado na poltrona de couro, uma dose de uísque na mão. A piscina sendo limpa por um dos presos...
Um dos homens que servia a ele — um guarda se ajoelhou ao lado dele.
— Tem o que eu pedi, Zeno?
— Tenho. Dos três homens presos por est.upro, apenas um é realmente inocente. A mulher armou para ele…
Houve um sorriso debochado.. O guarda fechou os olhos,
Nero apoiou o copo, deixou o líquido escorrer devagar pela borda. Um sorriso frio surgiu, sem alegria.
— Joga os outros dois na cela. — ordenou, sem perder a calma. — Vamos nos divertir.
O aviso caiu no ar como sentença. O guarda levantou-se, e saiu para cumprir a ordem. Nero ficou ali, imóvel, observando o copo vazio com o olhar, depois sorriu.
Zeno havia sido, um dia, apenas um guarda.
Mas isso foi antes da irmã dele adoecer, antes do diagnóstico e da conta absurda que ele jamais conseguiria pagar em toda a vida. Quando Nero soube, pagou o tratamento — cada centavo. Em troca, pediu apenas uma coisa: lealdade.
Desde então, Zeno era o braço direito de Nero dentro do presídio — o homem de confiança, os olhos e os ouvidos do rei entre as celas. Nada acontecia ali sem que Nero soubesse.
Nero se levantou, caminhou pelo corredor principal e foi para uma das celas comuns.
Minutos depois, o som dos portões se abrindo ecoou pelo bloco. Os dois homens foram empurrados para dentro da cela — Um a.busou de uma menina de doze anos. O outro, de uma de quinze.
A justiça dele não precisava de juízes.
Todos ali já sabiam: o julgamento de Venal. Nero se sentou em sua cadeira — tinha uma em cada canto daquele presídio, até a fachada do lugar era escolha dele.. . Acendeu um cigarro e ligou a música que sempre usava nesses momentos: um violino lento, quase melancólico, que contrastava com o que estava prestes a acontecer.
No submundo, havia crimes que podiam ser negociados, mas outros eram imperdoáveis. Para Nero, tocar em crianças ou adolescentes era o limite que ninguém ultrapassava. Ali dentro, ele era a lei, e a lei tinha um preço alto. A ordem foi dada em silêncio, um gesto de cabeça, e os outros presos entenderam o recado sem que fosse preciso uma palavra sequer. Foram despidos, dez presos e foram obrigados a fazer s£xo or@l em todos.. A bagunça só acabou quando a troca de turno acabou..
Os dois homens foram levados para as celas que eram realmente deles, ali não se m@tava estupr@dores, não, o que se fazia era atormentar a vida deles, não suportando se mat@vam.
Nero apagou o cigarro e voltou para a sua cela-mestre.
O telefone..
— Fale.
Do outro lado, a voz do advogado soou hesitante, mas animada:
— Senhor,... Está livre. A decisão saiu. Estou chegando em meia hora.
Nero se recostou na cadeira, um sorriso discreto surgindo no canto da boca.
— Não precisa vir. Ligue e mande trazer um dos meus carros.
O advogado hesitou, tentando amenizar o nervosismo.
— Ainda se lembra como dirige?
— Claro — respondeu Nero. — Quem você acha que ganhou as últimas corridas da rua?
Do outro lado da linha, o silêncio foi imediato. O advogado percebeu que seu cliente possuía mais privilégios e poder do que qualquer um imaginava, as corridas de ruas eram famosas, e a estrela principal usava uma máscara no rosto, era Nero que saia da cadeira para correr...
O advogado esligou e fez exatamente o que lhe foi ordenado.Desligou o telefone com a mesma pergunta fervendo em sua mente: quem, de fato, era aquele homem?
Ninguém sabia o que realmente tinha acontecido no passado de Venal. O que se comentava era o suficiente para alimentar lendas — que fora condenado por m***r a própria mulher, que o crime fora brutal. Dionísio dizia que o irmão era inocente, mas como acreditar? Como um monstro grego poderia ser inocente?
Só o tempo — e o sangue que ele traria de volta às ruas — mostraria a verdade.
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A Chegada
Dafne estava deitada quando ouviu a movimentação. O som de vozes, o ruído dos carros no portão, os passos apressados pelo corredor. Sabia o que era. Sabia que ele tinha chegado.
O coração bateu mais rápido, mas ela permaneceu imóvel. A respiração curta, o olhar fixo no teto, tentando se convencer de que o p.ior ainda podia ser evitado.
A porta,Dionísio apareceu à beira do quarto, apoiado no batente, o olhar pesado.
— Vem jantar.
— Estou sem fome.
— Dafne. — Ele deu um passo à frente, a voz firme, mas sem paciência. — Por favor, me obedeça.
Ela se virou um pouco, o rosto pálido à meia-luz.
— Me deixe aqui. Não estou bem.
Ele a observou em silêncio por alguns segundos.
— Tem certeza de que não está bem? Ou está fingindo pra me manter longe?
— Não estou bem, Dionísio. — A voz dela m.al saiu.
Ele suspirou, passou a mão pelos cabelos e deixou o quarto sem dizer mais nada. A porta bateu leve.
Dafne permaneceu imóvel. Ouvia ao longe as conversas dos homens, o som dos passos no piso de mármore, uma música tocando baixo — e depois, o silêncio absoluto.
Ela se encolheu, sentindo o corpo pesado, a mente confusa.Rezou baixinho, pedindo que tudo ficasse bem, que o inferno não começasse naquela noite.
Mas quando fechou os olhos, uma sensação fria atravessou o corpo.Sabia que o rei já estava em casa, e não sabia porque tinha tanto medo dele, tanto.
Ficou ali até o sono vencê-la, o corpo cansado e a mente em desordem.Quando acordou, horas depois, uma dor incômoda latejava na região da barriga. Sentou-se devagar, respirando fundo, e tomou um comprimido para dor.
Foi até a janela.
Lá fora, sob a luz fria da madrugada, viu um carro preto enorme estacionado diante da casa.O coração dela falhou por um instante. Era o carro de Nero.
Ficou parada, observando o reflexo das luzes sobre a lataria escura, sentindo o medo se espalhar feito febre. Voltou para a cama, mas não conseguiu dormir. A corpo todo doia ..
Tomou mais dois comprimidos, sem pensar, buscando apenas silenciar o que sentia.Deitou-se de novo. O quarto girava devagar, e o som distante da noite se misturava ao peso das lembranças.
Logo, tudo ficou quieto.
E Dafne apagou, sozinha, cercada pelo mesmo silêncio que antecede a tempestade.