Sombras e Espelhos

1044 Words

As noites haviam se tornado um fardo. Dormir já não era algo natural, mas um exercício de resistência. Cada vez que fechava os olhos, a cena voltava: Isadora caída nua na cama, apagada, vulnerável; o homem ao lado, debochando, cuspindo palavras que ainda ecoavam como marteladas dentro do meu crânio. A humilhação que senti naquela noite era algo que nenhuma cicatriz física poderia superar. Mas, aos poucos, a raiva contra Isadora começava a perder força diante de outra sensação mais perigosa: a desconfiança. E, como uma sombra que se alonga ao pôr do sol, essa desconfiança não se afastava mais de mim. Ela tinha nome. Ela tinha rosto. E esse rosto era o do meu pai. Desde que descobri aquele recibo de pagamento — aquela transferência volumosa para uma empresa de “segurança e investigações

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