Na manhã seguinte, o clima na mansão estava denso como fumaça que não dissipava. Não havia barulho de talheres na cozinha, nem o tilintar de copos. O silêncio parecia ter se instalado como um hóspede indesejado, e eu sabia que ele só sairia quando o próximo confronto acontecesse — o que, conhecendo Lorenzo, não demoraria. Desci para a cozinha ainda com a pasta de couro na mão, cheia de documentos que o advogado tinha me enviado. Ia comer rápido e sair para meu encontro com o ex-diretor financeiro, mas o destino, como sempre, achou graça de atrasar meus planos. Isadora estava na bancada, mexendo distraidamente no café. Vestia um robe de seda cinza, o cabelo preso de qualquer jeito. Ao me ver, ergueu o olhar e tentou um sorriso. — Bom dia. — Se você acha que vai puxar assunto como se nad

